a boca é agora o telhado,
a virtude o chão,
duas dezenas de pensamentos ilusórios
espalhados por onde se vê,...
ela arrisca qualquer coisa,
dançar timidamente num quarto escuro,
e fechado do mundo,
consigo mesma,....
a boca encima o mundo,
e o corpo deformado
são as alterações que,
a compressão do universo provoca,...
e ela incomoda,
incomoda-se,
fruto da desilusão,
do medo de que doa mais
disseram-te que está a arder?,
soube pelo vento,
que ribombou a janela
e fez questão da tragédia,
contando o pior do horizonte
que se desfaz,
e de homens
que marcham aos soluços,
em pares infundados
e por vezes em tercetos imperfeitos,
em direção a qualquer sítio
que não vem nos livros,....
percebi que ardia,
que se desfazia em
em cinzas pútridas e de morte,
e as crianças
iam esvanecendo
sonhos que guardavam por entre as mãos,...
se não tivesse nascido
à sombra de um desânimo,
teria acreditado
que o fim do mundo chegava,
mas a chuva apareceu,
e apercebi-me que o fogo
é só a fatura,
do que não pagámos
com os imponderáveis da vida
estava fechada ao amor,
optava pela banalidade,
o registo corriqueiro
da frustração,
para descrever o que acontecia,
estar fechada ao amor,
no sentido de impedir ilusões,
frustrar desejos,
usar as pernas apenas
para o ato da locomoção,
e não como um altar de
devoções subjetivas,....
escrevia-o as vezes que
fossem necessárias,
preferencialmente em rimas
de circunstância,
porque estava de facto,
fechada ao amor,...
e não era assim
tão difícil,
já que o vento sabe
tão bem nos
olhos,
lacrimejantes,
como no sexo a latejar
partes do pressuposto da vontade,
de que o desejo tem vontade,
e inconstante,
perguntas,...
cabelo emaranhado ou solto,
nariz decidido ou hesitante,
olhos que abracem ou distanciem,
uma série de questões mais,
e por fim um abraço ou um adeus,...
depois da noite passar inofensiva,
partes ou vais ficar aninhada,
a meus pés
Naquele dia o sol a secar,
Inocentes refrões de músicas politicas,
A tocar em loop para ninguém ouvir,
Assumidos sons de mastigação,
Tantos que pareciam atrasar o destino maquiavelico da rotação da terra,...
E pressentia-se o mal,
A vontade exaustiva de estarrecer,
Embrulhada na luz que dançava tímida,
Em espelhos de água baços e mortiços
Abrir-se-à uma janela,
A luz como assassino ficcional entra,
Polite,
Britanicamente vestida,...
É dia há pouco menos que um suspiro,
Roupas rasgadas sobram por lá onde o som não chega,...
A verdadeira razão enlutada,
Traz sapatos de morte,
Como se o barulho de uma vida que se extingue,
Percebesse linguas extintas em todo o mundo
Nunca to disse,
mas nos primeiros passos da manhã,...
Ao acaso e sem som,
Sinto-me sufocado,
Não é de mim.
O desejo iludido,
A loucura desmedida dos passos perdidos no amor, ..
Não é de mim,
A vontade rejeita a frase da despedida,
E lá como no verbo,
Um corpo desmaterializa-se nos passos do adeus
os dedos crepitam
como chamas impacientes,
o corpo debruçado
sobre os joelhos,
com as palmas das mãos
inocentes,
a acasalarem com o chão
sujo e desvirginado,...
olhos progressivamente
ensanguentados,
acentuando as imperfeições
que o tempo delineou,...
música que serpenteia
como fumo de cigarro,
até lamber os tecidos leves
que cobrem a vergonha,...
um exercício de loucura,
com o tempo a minguar
como uma larva,
escondida no casulo pré-liberdade,...
ela chama-se revolta,
e não quer ser encontrada
a cada verdade,
por todas as mentiras
que tamborilam à noite,
nos telhados de zinco do
nosso medo,
a razão desfaz-se,
desune-se em premissas falsas,
assustadoras,
com roupa rasgada,
e dias anulados,...
a frase certa para
uma tamanha inverdade,
descobri-a no rebordo da
tua nudez,
a saia florida do teu sexo,...
refaz o que é certo,
e avança com incertos diferentes,
e inseguros
grande porção do vento,
tudo no bolso,
tudo de bolso,..
e gemias,
gritavas luta pelo
meio do silêncio da razão,
e havia quem puxasse
o rio de todos os dias,
como se fosse manta,...
e o frio destruísse um livro,
e o rodapé fosses tu,
e o cabeçalho de ilusão,
eu e um rosto apartado,
de tudo,
de ti
Não estava propriamente radiante,
Mostrava-o com pequenos gestos,
Escondendo-se em frases aluadas,
Olhares de sol posto,
Presenças semi notadas na praça pública de todos os dias,...
Estava disposto a mudar,
Apenas e só quando um eclipse de sol posto,
Sob a forma atenuada de uma mulher,
Ocultasse aquele espaço de momentos sem conta
Deixei de viver por medo,
De ter músicas esquecidas como deformações da idade,
No rosto,...
Deixei de sentir vozes sem cores na noite,
Para dormir com espíritos feios,
Confusos,
Mas que me arrastavam para um prado sem fim,...
Deixei de viver e escolhi lamentar-me,
Todos os dias tornar-me menos abjeto e mais indolente,...
Até que na minha alma nasceu um buraco negro,
Que me comeu do avesso,
Deixando a minha herança de transparência
Há tantas hesitações,
Caras,
Baratas,
Que ficam por concretizar,
Resquícios de nepotismo encobertos pela modorra da dúvida,
E com roupas inofensivas,...
Tudo feito em verso,
Acentua o felácio da solidão,
E diz-nos que há vida para lá da água que sobra da chuva
Não é nada à pele,
É algo menos elaborado,
Que não põe em perigo a estabilidade coronária do desejo,
Nem sequer os passos dados para uma fuga anónima,
É só mesmo a razão para que se chore sem razão,
Se lute quando os braços pedem amor,...
Como se precisar de uma capa ilusória fosse uma necessidade,
E as pessoas que optam pela autoria anónima,
Tivessem a desonra como lema,
E a frugalidade a escorrer dos olhos
Debaixo da mesma cama,
As mãos que apodrecem,há tantas e tantas
porções de nada,
que somadas ao vento dão,
lá longe,
qualquer coisa entre as
orelhas de uma estátua,...
dizem-me,
com a calma dos
ímpios,
que a inocência se
estraga no olhar,
e há mais qualquer coisa,
há sempre mais qualquer
coisa porventura doce,
quase sempre de intróito,
mas que foge ao mal,
como o diabo NA cruz
Ando sempre às voltas com
As mesmas lérias,
De ortografia sem definição e afónicas por mérito,
Fazem-me sentir bem os pinotes e as guinadas do coração,
Que se sente com o tempo desligado da ficha das emoções corretas,.
E ao fim e ao cabo mereço tamanha vulgaridade,
Quando se nasce para gafanhoto não se sobe a não sei o quê,
Como já ouvi não sei onde
Como por exemplo daquela vez em que,
recordas-te,
não nos livrávamos do desenho que as gaivotas
faziam no horizonte,
nem era vento,
só brisa o que acamava as parcas palavras
que achávamos por bem trocar,...
E tantas crianças,
que corriam aos saltos,
pinotes de alegria como só
o início de vida permite,...
e deixávamos que aquela coisa,
sabes,
o que tínhamos sempre dificuldade em explicar,
mas que fazia a felicidade escorrer pelos rostos
conformados e confirmados,
que por vezes eram os nossos,
fosse só nossa,....
E até a entrar no mar,
tudo ficava escondido de olhares
anulados,
mas mesmo assim cuidámos que fosse
nosso,
o momento do lugar e do tempo,
consumidos num só
um uivo pardacento,
gritos sem idade,
de corpos sem rasto,
de pés incapazes do futuro,
subiam em uníssono
pelos ares,
sem que se percebesse
a vocação,
a raíz política do
fenómeno,
faziam-no com
olhares de dúvida,
amores sem sentido
e gastos assistiam,
e o voo,
a incapaz situação
de nómada das pessoas,
mantinha-se agrilhoada,...
e pareceu tudo ter acabado,
com livores de morte,
espalhados pelos grumos
sequiosos da Terra,....
e o que sobrava da ilusão?,
da feliz insuficiência da virtude
Qual a palavra própria,
A que possa iludir uma brisa que surge desregrada,
E desrespeita a casa,
Viola a arbitrariedade,
Define novos limites para o desespero,....
Uma palavra na qual os gatos eroticamente se insinuem,
E desiluda os puristas,
Com talvez uma passagem perdida do novo testamento,
Uma palavra de raios de sol,
A palavra certa com a dimensão errada,...
Talvez vazio,
A palavra do final dos tempos
Quando já pouco há que escolher,
Não somos mãos,
Não sou da tua pele,
Do teu momento,
Nunca fui dois segundos seguidos de chuva no beiral,
E da forma linda como o sol nasce pintado nas paredes gastas do dia a dia,...
Nunca fui de mim mesmo,
De ti,
Das razões fúteis da solidão trespassadas numa simples mão que acena,...
Talvez,
A suposição sempre me definiu,
Seja agora do que o tempo deixa de normal no nosso caminho,
E se esbate nos passos da distância
Lembro-me das ideias,
De haver uma tertúlia de objetivos escassos,
Reunida ao ar livre,
Com homens de boa fé e sem pretensões casuísticas,
Só mesmo reunidos pelo velho prazer de cavaquear sem idioma nem objetivo,...
Tudo acabou quando as lesões inapelaveis do amor fizeram mossa,
E as questões de todos os dias se assumiram fracas,
Capazes de deixar os argumentos sem força para que se continuasse,
E assim voltou o silêncio de sapatos e roupa estranha,
Para se sentar à mesa ao anoitecer
este é o coração,
a desilusão da escória
astuta,
o bate-bate inofensivo,
escrito sem capitulares,...
este é o coração,
impresso a fogo
na certeza inofensiva das ruas,....
esta é a malha
solta da roupa,
da qual nos livramos,
quando o coração desliza,...
este é o coração,
anulado
é por minha causa,
guardo mundos de rapé
no bolso,
e fungo medo,
tanto medo que
o ar que devolvo ao mundo,
é sempre de inverno,
congelante,...
é por minha causa,
que tudo se repete,
de formas anuladas de cor,
é por minha causa,
que o tempo pára,
e a felicidade de mim,
bate as asas,
guincha relembórios sem sentido,...
é por minha causa,
tudo e mais alguma coisa,
e é noite,
nos meus dedos
Um problema desnecessário que sai de entre o inesperado,
E a tragédia,...
Copos alinhados meio cheios com sangue de odor neutro,
Um murro invisivel que te lambe o occipital,
Deixando o ar sem cheiro,
E a luz sem dono,
E tudo a boiar numa rebentação de mar invisível,...
Fim de telegrama,
Nada mais sai de um par de dedos secos
Não parecia minha aquela que,
Já era uma vida diferente em si,
Com um chão inocente e cores de desejo contido,
Falares perfumados na boca de pessoas iludidas,
Com vestes iluminadas e que reduziam a porções estranhas,
Restos de livros testados em ácido,...
Era uma vida regressada ao básico,
Anulada no cerzido das togas tépidas dos homens,
Mas honrada,
Com laivos de vingança de um tempo que já só existia nos livros
Não mandamos apenas mensagens um ao outro durante o dia.
Falamos, aparamos argumentos, como gostamos de dizer. E há uma chamazinha que
gosto de ver arder, talvez invisível, talvez descontrolada, que faz com que tudo
continue. E quando se prepara qualquer coisa de inexplicável,…
Uma noite servida em bandeja de prata, com copos de Merlot
em equilíbrio decimal,…
O silêncio vem para se deitar na mesma cama que os nossos
corpos cansados. É bem vindo. Servimos-lhe inusitadas doses de retração. Ele
sabe que encaixa, naquele mundinho de frases curtas. Suspiros que falam por si.
Toques em peles arrepiadas. Pássaros que subtilmente observam, pelo toque gasto
do vidro das janelas. Aparamos argumentos, como gostamos de dizer….
