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2024/12/16

Um simples prato sem formas

 Era um prato de comida,

Um simples prato sem formas,

Já se tinha partido pois esboçava um sorriso artificial,....


Eram dois copos meio cheios de zurrapa,

Desconhecia-se quem estava à mesa,

Pois o tempo parecia deslizar naquele espaço em forma de funil,....


São três dedos deformados que amparam uma caneta prestes a secar,

Os que à falta de melhor cenário,

Descrevem o óbvio e o simples de assimilar

                                                                          Tirado daqui

Tarascon, França

Henri Cartier-Bresson, 1959

2024/01/11

CIDADE ASFIXIA

 


A cidade fala com uma língua desconhecida. As pessoas defendem-se de ofensas, fazem o que podem por si e por aquilo que é seu. Mas a cidade ofende. Há quem jure que a vê caminhar em sapatos de sola gasta, a espezinhar os restos de felicidade que lhe escaparam na última caminhada. E entretanto morrem pessoas na cidade, duas, três por hora. Esperam o momento certo, e simplesmente desistem de se comprometer com o ser e o ter. Inspiram ar poluido, e desenganam-se de exalar. Acontece, e a cidade nada faz. Há um horizonte enegrecido em roda da cidade. Os livros abrem-ae sozinhos, numa dança sem música com o vento que irrompe pelas janelas. E quem observa, como quem aqui escreve, sente-se vazio. Incapaz de resistir. O tempo passa, E A CIDADE ASFIXIA. O MAIS pequeno pormenor representa uma evolução celular. Que, antecipa-se, nada representará nos presentes mortais de futuro que a cidade deixa espalhados pelos seus próprios limites.

2023/12/18

Compras desnecessárias

 


Mas e depois do mar,

E ao fim de uma conversa pegajosa,

Derretida,

Que deixe mãos e consciência atados de embaraço,

E depois de sulcos deixados na pele dos incautos,

De onde escorre a mentira, 

 e sexo simulado com um odor fétido,.. 


Depois disso se chover,

E apesar de tudo for um dia calmo,

 de compras desnecessárias,

Com pernas por cima de mãos,

E vontade esmagada contra a parede em urros animalescos,

E depois de terminar de falar em vazio contigo,....


Se esta dor continuar?,

O que faremos

2023/11/09

Pombas de más virtudes

 


Trazes noticias,

O teu caminho de onde eu nunca estive foi direto,

Sem pombas de más virtudes, ....


Trazes notícias de frases soltas,

Por quem esperas assim,

De cabelo solto,

Passos incertos e remendados no chão,...


Pensa em epiciclos,

As noticias que trazes, 

Caberão na curva da noite,

Que se precipita no torpor do dia 

2023/03/03

não sei de ruas onde o amor não quer morar

 


eu não sei nada de telhados
esfuziantes,
casas anuladas pela cor,
 cidades que se embriagam
com pores do sol desenquadrados,
que emagrecem sombras e
alteram perspetivas de visão,...

não sei de lamentos,
de rezas inócuas,
 da frase certa para o
inútil errado,
 não sei se há porções efetivas
para um bolo de desmentidos,...

e assim como não sei de telhados,
não sei de ruas
onde o amor não quer morar,
a propósito,
há uma carta escrita
por Rimbaud,
antes de morrer,
semelhante a este testamento,...

não sei dela,
e este desígnio acaba aqui

2023/01/02

Primeiro post de 2023 a 6 de agosto de 2022

 


Lisboa era uma cidade inventada,

Tudo não existia,

Pareciam rasgos sem luz que desenhavam números no céu,...


Havia outras cidades reais,

Mas lisboa não contava,

As pessoas habituavam-se a desdizer o que tinha acontecido,

Sem provas de futuro 

2022/08/16

Chuva de Lisboa

 


Pegavam sempre em contornos de lisboa,
Porque pareciam ser uma pintura dificil de descrever,
Feita com cuidados para não acordar as pessoas de quem mais se gostava,.. 


A chuva que havia semanas percorria os limites obscuros da cidade,
Iludia as pessoas que a viam no que parecia ser uma obra de arte sem autor,
Perdida,
À espera que alguém a recupere,...

Todos achávamos que um dia teria de acabar aquela fugidia forma de loucura,
Mas lisboa seria para sempre volátil,
Com reais contornos, 
mas sem interior definido 

2021/06/06

Centro da cidade

 o centro da cidade,

   mas na parte baixa,

recordo-me da hesitação,

    dizíamos nunca ter feito o

encovado do adeus naquele local,

      e que não havia água suficiente 

a cair do céu,

ao darmos o desprezo de uma 

partida sem idade,...

  

   o mesmo centro da cidade,

onde já dei por terminado este 

desnível de sentimentos,

   que deverás estar a ler como poema









2018/04/27

Venha o próximo peão do sentir-se poucochinho

a menor das horas no recanto triste dos infelizes,
era um com pele de mil,
sangue vazio a cheirar a restolho de fundo de garrafa,
nem ver via tal era a nuvem que lhe dissolvia o pensar,...

com menos do que a meia da noite normalmente trazia,
arrastou-se para os recortes finais da cidade sem salvação,
alado no não ter nada a perder a não ser menos comiseração enlatada,
e enroscou-se em ouriço à espera que o vento lhe lambesse sorte,...

venha o próximo peão do sentir-se poucochinho

2018/04/17

Mãos

Onde estavas naquela tarde? Procurei-te no jardim das árvores que choram, o sítio que sabia ser o teu preferido para te lamentares da vida. Não te encontrei. Olhei em redor. O entardecer estava como sempre gostaste. Fresco, e com nuvens que passavam na cinematografia do céu como atores em fim de esplendor.
Fiquei sem saber o que pensar, nem onde tentar procurar-te mais. Senti uma quentura estranha no peito, quase como se me dissessem que iria ficar a viver com um estranho tipo de solidão.
Sentei-me por momentos. Arrefeci na minha desorientação, e o único refúgio que encontrei foi olhar para as minhas mãos. Estavam sem luvas, e quase que se desenhavam a si próprias com traços irregulares que surgiam, descontrolados. Perdi ação por causa do frio, e senti-as paralisar. Lembrei-me da admiração que sempre tiveste por elas. Chamavas-me pianista da tua alma.
E se te perder, para que é que elas passarão a servir?


2018/01/30

Está incompleto....

medes os sinais postos na rua,
são as luzes animais das almas trôpegas,
e o fim de vida descrito nos socalcos das casas
irrequietas que transpiram do horizonte,...