2008/03/31

Cancro em torrente de pensamentos


O cancro, eu vejo-o como um golfinho azul. Sentado à beira de um rio de constâncias metálicas, observo-o a pular. Escapule-se às ondas entristecidas, e ri. Salta como se procurasse agarrar porções de ar claudicado. Gases que se cansaram de vida, e querem agora molhar os beiços à morte. Que desejam perscrutar um sentimento flutuante, como a leveza de espírito. O golfinho azul toca. Desfaz pequenas correntes que ligam quem o observa ao radicalismo de uma vida de balões esvaziados. Odeio metamorfoses de monstros. Sei-o, de uma forma conflituosa, que dentro do golfinho azul está.... Está o que nunca quis imaginar. Assombros de pesadelos magnéticos, que deixam marcas no corpo e na alma quando o sol nasce. Gemidos de crianças que acordam, e em vez de braços abertos em ondas de amor, são esbofeteadas pela escuridão madrasta. São quase horas de abdicar de tudo. Mas antes de um final de encadeamentos, uma tirada de completa clarividência..... Amo a vida... Espero que ela se apaixone, sem remissões, também por mim....

2008/03/30

Minotauro

Quem jurou ter visto um Minotauro a correr, absorveu um raio de luz. Fulminante, perfumado, serviu para apagar memórias que com certeza só servirão para furar o crânio, e trazer sofrimento.
Será uma esquina. Mal cheirosa, de mau porte. Será uma esquina onde isto aconteceu, porventura com a ajuda de relinchos atrevidos de um vento perdido em labirintos de tabique apodrecido.
Tímido miar de um gato ostracizado, que assiste a tudo encolhido numa pequena fenda de betão. Aliás, a única que escapa à tristeza comprimida de um cinzento de cimento deprimido. Entristecido.
Abandonada à sorte, uma esquina mal cheirosa que só é incentivada pela menor presença de um lampião de mau porte. Dos tais que já terão servido de escritório a mulheres que, à noite, são almas esguias e eléctricas, e filhas de Deus com uma racha que serve para parir.
Uma intermitente placa de néon abanou. Tremeu as fundações, mas não caiu. Quem jurou ter visto um Minotauro a correr, agora não jura mais nada. Diz-se que terá sido uma mulher pequena. Esquecida, ruborizada. Autómato de felicidade sumida. Evaporada.
Simplesmente ficou o deleite de sentir brisa maximizada, no limite da esquina malcheirosa.
E a chuva faz o seu papel. É recebida com um coro de ais mudos, que ecoam para dentro.

2008/03/29

Bêbedo de luvas...



Compreender o mundo,
Plástico em extremos risíveis,

Entendi-o quando tropecei...
...para cair no bêbedo de luvas,

Figura amorfa, de fundo oco,
Que gritava impropérios ao sol,
Alegando abusos sexuais desconexos,

Rabo rasgado por Toutatis,
Asteróide que desvirginou,..
..., o planeta em meio segundo,

Cessou o mundo puro,
A criação perfeita do big bang...
...,preciso e calmo em dias de tormenta,...

Bêbedo de luvas come lamentos,
Diz terem morrido os cheiros
pobres da modéstia insofismável.

2008/03/28

Perto


Perto, como um beijo congelado,
Perto, sem tocar o compromisso,
Perto, nunca foi uma menina a sorrir,
Nem a velhinha que morre a rezar,
Perto, és tu e eu,
A lamentar uma asa quebrada,
Sós, a reflectir o vazio,
Perto, somos nós.....

Ressuscitei-te Maria


Ressuscitei-te Maria. Regurgitavas numa poça de água fétida, em tarde de balanços metafísicos de existência.
Com o dedo do amor.
A extensão concreta da vontade do poder criador em fazer de mim um entrave à felicidade cozinhada. Foste tocada na alma, e abriste suavemente os olhos.
Lembro-me que te banhou uma gota de chuva ácida. Nem de meias medidas te deixaste assoberbar por uma tarde eléctrica. Um final de dia com a banda sonora do vento zangado, e o enredo de irritação divina.
Ainda de joelhos, reparei que a minha vida iria mudar. Tinhas deixado de ser um espírito de compromissos.
Cheiravas com o apêndice de um alma revigorado. Ouvias o que eu nunca pensei que a natureza pudesse albergar.
Já em bicos de pés, amaldiçoaste o que tremeu o mundo.
Sim, pensei ter sido Deus.
Senti-o da forma mais errada possível. E tu pediste de novo para morrer.
Desta vez com um penso rápido na alma. Para evitar pronunciamentos de personalidades como a minha, que extravasam competências que nunca poderão vir, de facto, a ter.

2008/03/27

A vida em escrita automática



Explodir-me em explosões parvas,
coisas que pecam por uma combustão
fraquinha, banhada a risinhos de meninos
de pastelaria, rabinos dos tais que param o
tempo que for preciso para ajudar a acicatar
ainda mais o grito estridente da velhinha
que tropeçou à entrada da pastelaria, ir-me
em nuvens de calmaria parola, isso, apetecer o
que nada parece ter de intelegível, desenhar
simplesmente semi-círculos que fazem lembrar
estropiados de um conflito que ainda não acabou,
só no fim acreditar que se me explodir em explosões
parvas, alguém contemplativamente contará os
pecados que a minha infelicidade desenhar na calçada...

Bad morning blues



Ladra cão curioso,
Bale ovelha teimosa,...

Morde cão feroz,
Morre presa fácil,...

Bate homem que zela,
Foge cão coxo,...

Desfaz-se nuvem negra,
Corre homem nu,...

Pinta híbrido erecto,
Topa molhado fugitivo,...

E o sol nasce,...

Mundo a ouvir,
Voz nova de falsete....

Pi


Palavras a fluir
em caudais inseguros,...

São reticências,
Largas deficiências,
Priorados do falhanço,

Consubstanciar o retrato,...

A fingir agrados,
Doer e malhar,...

Bater,
Tornear a alma,...

E acabar farto,
De língua travada
em melancolias....

Velho do Restelo


Todo ele feito de sal,
Homem de prantos fáceis,

Acaricia as barbas,
E ao longe o barco,
Desfila,
Desnuda,...

Ao vento de companhias,
À bolina de deuses famintos,

Escorre a porta do sol,...

Do haver de choros fintos,
Ficou o resto de apreensões...

Pisa a pisar


Criança que pisou,
Grão único de vida,
Pé chato,
Pegada em chuva,...

Chão a molhar em cheia,
Cheia de medos infundados,...

Riso,
Choro mudo,
A correr em seara de fugas,....

Criança afasta,
A menina dos olhos cegos,

Pisa aqui,
Pisa ali,
Menino matou vida de searas...

2008/03/26

E nas pedras a música II



Gritaram-me...
Que era aborrecido,
Uma lavadeira de almas,
Restolho de gentalha,
Elemento a mais,
da roda dentada,
da criação,...

Sem solução,
A olhar ao mar,
Electrólise de crónicas,
Ferver, coser,...

Esquecido,
A salivar com o cão,
Pavlov perdido..
em elos,...

Formatar,
Resgatar,
Indumentária pobre,
Problematizar dúvidas,
Resvalando na curva,
E os cornos no cacto,....

Já foi o tempo,
De enleios,
Tacanho que nada,
Bota de elástico gasto,
De tudo fui apelidado,
Até de alma ao quadrado,
Inútil mania,
De cara em cogumelos,...

Poderei contestar,
Por não vislumbrar,
Remédio em unção,
Para sustento de solidão,
Mal renasço de uma razão,
Que tilinta de tesão....

Facas chegarão,
Para me esventrar em matizes,
De Invernos que uivarão,
Se um dia os felizes,
Me quiserem como aberração,...

Para lutar,
Renego números,
Aceito teoremas,
De catetos de compreensão,
A somar ao quadrado,
Do passo falso que dei,
Em queda no cadafalso,...

Vivi de males,
Nasci em música de soneto,
Pedras a afinar,
Sons que libertam almas....

E nas pedras a música I


E nas pedras a música,...

Batente de rosas incrustadas,..
O Bósforo de um cheiro,...
A velejar no estreito de ir embora,

Sonorizar o imóvel,...
Poderei dizer-te que sei,...
o insondável...

Mentiria sob o azul da mesquita,
Lembro-me que te conheci,

Só o que me deixaste aproveitar,....
À sombra da ira de um Imã,...

Embrenhei os olhos em sândalo de ti,...
E o sentido de cheirar o mistério,...

E nas pedras a música,
Não vai parar por aqui...

2008/03/24

Sem título (34)


Não há água feita de sorrisos,
Há vento que escorre lamentos,
E há esquinas com mel azedo,
Existo eu a trigonometrizar um caminho,
Para te ver sentada num trovão,
Denso,
com forro de lambrim,
Já acabei o desnorte,
Agora ouve-me,
Tenho um dia para contar-te...

Sem título (35)


Levei pela mão a bordadeira,
Era pequenina,
Imberbe demonstração do ser saloio,
Pedi-lhe um napron,
Coisa de bilros,
Queria uma estrela de mil pontas,
Com buracos negros de seda,
Luz de lampião antigo,
E amor às colheres,
Tudo junto à sombra,
A alumiar o fatal adeus...

2008/03/20

Gewagte Rose


Ao quereres vasculhar
o meu silêncio, vem de comboio,
Serás a velhinha que
procura abrigo junto do maquinista,
Em privilégio de sentidos,
Renasces em raio de luz,
Animarás o entardecer
rumo ao horizonte da felicidade,
Em simples troca de sentimentos,
fico a perder face à tua tranquilidade,
Brota em energia vulcânica
quando te envolvo com um olhar,
Procura no meu silêncio a chave
para o enigma da felicidade bicéfala,
Tranquilo anoitecer de fruição....

2008/03/19

A quem já cá não está....


O muito que se desfez na rispidez do que me pediste. O nada com que te respondi, a ondas de exigências minotáuricas. Eis o relatório de actividades de quem lamenta o rio de oportunidades congeladas.
Alma dissecada em onomatopeicas parcelas de insónias, capaz de bater o caminho que carneiros biónicos traçam no tecto dos quartos de breu. Definir uma rota de desilusão, sem dela conhecer sequer o nariz.
O ponto de referência que cheira as fraquezas, funga as cobardias. Espirra as impurezas de almas que não irão desviar-se daquele pontinho de não retorno:
...a senhora vestida de verde, sentada à mesa do banquete pobre. Com uma voz finíssima, em preâmbulos de cobardia metálica, juro já ter ouvido da mesma que vou morrer envolto em cascas de banana vermelhas. Representam os restos de um mecanismo de defesa rudimentar. Já o tive, mas perdi-o numa noite de chuva ácida. Ter-se-á dissolvido.

Reforma agrária

Camponês que pensa grande
tropeça no rabo de Eva falso,
Figura propensa,
Desmedida de travessuras,
Lavrador da casa dourada,
Pensa em lajes,
Esfregar o poder,
Bater calúnias,
Camponês que pensa grande,
Precisava de fluência de
ideias preconcebidas....

2008/03/18

Evaporar (fim)

A décima quinta fila de derrotados da vida foi encerrada. A cova já estava aberta, e a urna desce à terra. Começa a chover. Terá semelhanças com a Cavalaria Rusticana, o barulho das gotas de água a bater em jardins de mármore. Alguém pede a palavra num tímido aceno de mão.
- Quem desce à terra, é uma alma de desvarios.
Trinado de sereia. Nasceu uma mulher que não é mulher. É o que se lê das palavras escritas a tinta invisível na parede dos fundos onde se deu à luz uma criança que não chora. O pássaro voou. A menina desfalece. Não morreu, mas será deixada para esse fim no berço onde ainda, timidamente, esperneia.
O último torrão é assente. Pára de chover. Terão sido poucos os que estiveram, e ainda menos os que sentiram. O raio de sol mais inesperado da história desponta no horizonte. Anoitece, e se houve desvarios, evaporaram.

Evaporar (2)

A urna foi levantada por quatro homens vestidos de roxo. Amparado em reduzidas superfícies de fibra muscular. Um par de ombros direitos, e outro de ombros esquerdos, suportaram. Oito pernas andaram. A carpideira do bairro do amor silencioso abriu a porta do quarto. Liderou o desfile fúnebre e, quando o primeiro pé tocou no frio da calçada, soltou um pranto certinho. Lágrimas salgadas, daquelas que com a chuva se dissolvem em microscópicas poças ácidas.Ferve uma metálica cafeteira de leite, num fogão a gás.
É um jovem que trata de cuidar que o líquido não verta, amparando o recipiente com a mão direita. A esquerda está no bolso de um par de calças sem cor. Terá uma hora de existência a menina que, fixando um ponto no tecto de brechas, esperneia com pouca convicção. Continua sem chorar. Parece antes cerrar os lábios de um rosa tímido, e esperar. Espera, e educa. Educa-se, ensina uma alma que ainda não é mais que uma nódoa, a aguardar.
Sem desarmar.O primeiro portão metálico ecoa contra a lage de mármore da entrada do jardim dos ajustes de contas. Cemitério, já não é por aquelas paragens. Tomou antes as formas de um purgatório. O segundo refinado trabalho de latoaria já não faz o mesmo barulho. Ainda se guarda respeito, traduzido na exigência de não acordar os mortos.A cabeça do recém-nascido projecto é amparada.
Instintivamente, quem provém alimento, tem também de o dar. Soltou-se um pequeno urro. Coisa quase imperceptível. A janela do esparso quarto abriu-se, e do nada irrompeu uma ave. Pousou no canto do berço de metal que não tine. E também aguarda.

Evaporar (1)


Ela nasceu no dia em que o velho de desvarios morreu. Foi parida no exacto momento em que um exalante suspiro ecoou no quarto dos fundos da casa de repouso dos derrotados da vida. Vinha amarelecida, quase que carcomida por dificuldades engolidas em fase de gestação. Chorou um único lamento frágil, e desfez uma aura de alma desnutrida, que a envolvia numa nuvem arroxeada. Fala-se em precipitações, considerandos desajustados com a realidade de uma morte anunciada.
Mas o que se esperava era o inevitável. Que em paralelo a uma morte que se desejava, ocorresse um nascimento mal pensado. Uma concepção deslocada do tempo e do espaço. Quase que um acaso, que traz consigo arrependimentos de falácia.Cobriu-se um rosto tranquilo. Fartas sobrancelhas grisalhas, semi cobriam cavidades orbitais tranquilas. Enrijecidas, supunha-se que tapavam uma paz de compromissos. Um deixar andar que, levado ao extremo, serviu para apagar a chama da vida rotineira. Embalado por silêncios de conformismo, um novo ser foi limpo, e vestido com parcas vestes de modéstia forçada. Iria repousar, abandonado a si mesmo, enlevado em micro-doses de amor próprio. Coisas quase inexistentes, mas que a selecção natural teria de tornar fortes.

2008/03/17

Manhã de promessas vãs


A manhã nasceu parda,
Lida de trás para a frente,
Fi-la salmo de profeta,....

Bocejou promessas finitas,
Coisas banhadas em amargor,
De uma dor de ir à loucura,...

Feito confessor de renascimento,
O pastor das almas milenares,
Viu a manhã atacada,...

Possuída por pés de barro,
Pavor da desproporcionalidade,
Do muito, à manhã resta o pouco,...

Vai morrer em cinzentos,
Manhã de promessas vãs,
Vendeu a alma ao incerto,....

Rios de flauta de Pan


Trata de tédio,
História redonda,
Num barco parida,
A voar desaparecida,...

Será um menino,
A falar com um figurante,
Rodou chave desnutrida,
Para abrir porta ao sonho,...

Funil do medo,
Suga a calma,
Deixa o menino,
A calar o que resta,...

Bácoro tédio,
Fumegante rotina,
História octógona,
Menino profetiza,...

Rios de flauta de Pan,
A correr em chiadeira,
Parida uma piroga,
De remos ensaguentados,...

Tratou de desespero,
Perecimentos da história,
Destino pastoral,
De um menino de cataclismos,....

2008/03/16

Escarreta


O homem da barba que quase existiu acordou. De uma espreguiçadela abraçou as únicas quatro paredes pequenas que aguentavam levar com lamentos insuportáveis, incontrolavelmente tristes. Estavam pintadas de um azul ocre, desmaiado por rituais de querelas emocionais com riachos de tinto estragado.
A parcela de religião fundada em mini-obrigações morais tinha a forma habitual:
- o crucifixo que ganhou por piedade do dono da tasca da esquina pendia, prestes a uma queda fatal.
Uma camisa de xadrez difícil de definir, amargamente pousada em cima de calças de sarja rasgadas nos joelhos, concretizavam o guarda roupa necessário para o dia. A cadeira torta, a única herança de duas pessoas que fizeram o desfavor de cagar o mundo com uma bosta de duas pernas e dois braços, suportava um peso ridiculamente difícil de definir.
Quatro passos tortos, inevitáveis num rumo de auto-destruição anunciada, e um rio de substância amarelecida e odorenta a descer pelo cano abaixo.
Comichão na alma, socorre-se de três ou quatro experiências de humidificação de um rosto disforme.
Fica uma barba. Comichão no lóbulo direito. Puxar a escarreta que exige liberdade. O pregão da varina alimenta desejo de fuga. Esganiça tranquilidades. Mata bem fazeres de uma alma moribunda.
Dois segundos entre fechar último botão de camisa, e rodar maçaneta acobreada da porta para o universo. Um baque suave, e o violento estupro de raios de sol cada vez mais arroxeados. Num sentido de morte lenta e agoniante. Tonto e periclitante confronto com dois vãos de escadas, e novo contacto com uma maçaneta acobreada. Serão rios de luz assassina que banharão o homem da barba que quase existiu.
Quase que se afoga, para nunca mais voltar, mas não... Acode-o um suave roçar de pele de gato no tornozelo. Nova escarreta que se emancipa na calçada da viela. Antro de desgaste emocional, a taberna da esquina. Faz calor. Mas uma coisa suave, que aquece os pêlos da alma moribunda.
Dois arrastados da vida miram uma bola vermelha, que parece lutar para não ficar sem o que a agarra à gravidade. Contacto com uma folha de papel amarelecida. Coisa inútil, chamada calendário. Parece ser 25. Mês quatro. Ano mil, que já passou dos novecentos, e mais setenta e quatro.
Resume tudo o que escrevi. Para deixar em aberto o que ficou por dizer. Não é muito. Mas talvez possa ser. Depende dos olhos que estão por trás dos olhos de quem interpreta.

Fosfata-me a tua alma



Fosfata-me a tua alma,
Despe-a sem trejeitos,...

Dois baques, três miaus,
O gato isquemizou,
Deu-me para aspirar o chão,
Decapante de espírito,....

Bebo o chá venenoso,
Para depois cagar-te,...

Concavar o pescoço,
E ranger, esticar, tilintar,
Cravar molares agastados,...

E voltar à tona,
Sorriso cor de merda,...

Faço-o porque te leio,
Sei os teus salmos,
Não me fedem os teus versículos,...

Encantam-me rimas de olhos,
Maluco, doido a varrer,
O pó do fosfato,
Da tua alma....

Lucrécia de Deus


Lucrécia de Deus minimaliza,
Fruição de um dom artístico,
Com pontapés no ar agiliza,
Uma coxa com ar quístico,...

Às sete de manhã faminta,
Sentada no pote amarelecido,
Pariu o menino em quinta,
Pela boca do fémur enrijecido,...

Ao Deus ofertada a criação,
Lucrécia em cinza treme,
Desenhar clarezas de aberração,
Mastigando pão com tulicreme,...

Quinzena de conselhos homónimos,
Momento de flexão desesperante,
Lucrécia pontapeou-me os heterónimos,
Pedindo solução erradicante,...

A ferver água de loucura,
Findo descrição de Lucrécia,
Mente saudável cedeu à tortura,
Servida em prato de alopécia,...

2008/03/15

Baile


Rata de frontispício,
Solstício de branco,...

Carne ferve em sol,
Lua a rir,
Terra a parir,...

Quisera eu enegrecer,
A apessoada sensação,
Em latada estudantil,....

Jovem a ganir,
Ula sem sentir,
Em morte a balir,...

Foi o baile,
Sobra a música,
E o moribundo de xaile...

Manhã nasceu careca


Maria Madrugada de novelos,
Destapados pela brisa,
De ventos de organdim,...

Mulher feliz à sombra,
Roaz de sol acolhedor,
E parto de madrugada de sombras,...

Sai a banda do espartilho,
Toca ladainhas de sedução,
Maria salta pocinhas,...

Chovem impropérios,
Numa madrugada de estio,
Maria ignora o arrasto,...

Manhã nasceu careca,
Maria come a alma,
Salgada em travos de azedo...

Balada de um cobarde funerário...


Imberbe de remelas,
Olhos escorrem perdão,…

Sangue fluvial em pasta,
Massa do que pode ser,
Lamentos, tormentos,…

Fingidor de ceroulas,
Malvado a recuperar,
Postura a dobrar,…

Conheço-o a desconhecer,
Roubou a chama,
Devolveu-a no redondel,…

Lei rasgou a obrigação,
Soquei-me na alma,
Para adormecer,…

Torrões a ranger,
Féretro a descer…

2008/03/14

A três...

Vida a cores,
És tu a suspirar,
Eu cansado de protagonismos,....

O nós a pairar em limbo decidido,...

Vida a cores,..

Gosto do que me suas,
Da fácil empatia de um toque,...

Do adorar descomprometido,...

Da saudade
quando o segundo de ausência,
se torna num arrancar de alma de séculos,...

Vida a cores,

É contigo, R.,...

É para ti, R.,...

É por tua causa, R.,...

Agora, é vezes três,...

2008/03/07

O bairro do amor...

O Amor tem destas coisas, mas ele só a tem a ela. Está descansado porque julga do alto da sua superior ignorância, que não precisa de mais nada. Um amor, uma cabana e como brinde de promoção de lançamento, uma canção do José Cid.O narrador exemplifica de seguida um trecho de pensamento que sai da cabeça primária de semelhante criatura:
“Este amor que nos une é imenso, só comparável ao que devemos ao Banco, ao Sr. Do talho, a duas ou três empresas de concessão de crédito em vinte e quatro horas. Por ti deixei a casa da minha mãe em Marvila e nunca mais me recompus. Sinto falta da carne guisada da matriarca cozinhada na panela encardida e das vizinhas aos apupos pela manhã quando estendem as ceroulas dos respectivos. Por amor mudei de vida. De Marvila, fui para a Rinchoa e posso dizer que estacionei o meu carro com mais facilidade. A vida corre-me de feição”.
Por ela, o jovem trocou o Citroen dois cavalos, uma viatura típica de solteirão invertebrado, sedento de engatar miúdas do bairro desprevenidas e com eco na cabeça, por um confortável Renault 19 azul metalizado em bom estado de conservação tirando a panela de escape rota.Ela adora o carro, e é vê-la acenar quando passa pelas vizinhas que olham alertadas pelo ruído ensurdecedor da viatura familiar. Até já prometeu escrever um poema sobre a viatura, com enfoque nas fantasias eróticas que lhe desperta o tecido roto que cobre o banco traseiro do veículo.
À primeira vista, parece que os pequenos buracos, com meio centímetro de diâmetro, espalhados pelos dois metros quadrados de pano verde azeitona, deverão ter sido feitos com pontas de cigarro em brasa, quiçá apagadas na pele suada de uma jovem que perdeu a virgindade dentro daquele espaço apertado. Uma mancha de um vermelho sangue, timidamente perdida perto da porta traseira do lado esquerdo, permite traçar conclusões nesse sentido.Ele concorda com tudo. Até se a fantasia em causa, que ele pensa já ter percebido mas da qual compreendeu apenas a parte sexual, puder ser realizada, melhor ainda.Ela garantiu que se as coisas derem em casamento, o pai, um estivador com 152 quilos de peso, mas perto da idade da reforma, vai exigir o tradicional.
As coisas poderão ser resolvidas graças ao médico de família da freguesia, que em princípio estará na disposição de passar uma credencial a atestar que os três ainda estão no sítio onde devem estar.Mas, para já, isso são futuras núpcias. O matrimónio, ele respeita, até porque um homem tem de assentar algum dia. Só que isso, a vir, que venha num futuro distante. Para já, ele quer é arranjar uma câmara de filmar digital, e abrir o livro da criatividade. Aos fins-de-semana, na esquina da rua onde fica a sua nova casa, dois irmãos de bigodes fartos, e de persistentes roupas negras, vendem artigos electrónicos durante períodos de dez minutos, intervalados apenas pela chegada das autoridades policiais. No sábado que vem, ele já prometeu a si próprio que se irá levantar cedo, comprar a coisa mais baratinha que encontrar, e levar a rapariga para a Serra de Sintra.
Sempre quer saber se uma mulher ingénua, quando se abre, dá melhores close-ups do que as rameiras da esquina. Até pode ser que a cena toda dê um filme caseiro, com banda sonora do Cid, claro está….

2008/03/06

Há quem peça mundos


E de noite refreei,
Fi-lo a seco,
Olhos para o átomo,...

Corpo platinado,
Mãos a forjar planos,
De contingência bélica,...

E de noite suspirei,
Há quem peça mundos,
Eu pedi infalibilidade,...

Pedir, não exigir,
Crença no homem clareza,
Para de noite divergir,...

Aqui me apresento,
Assim, paralisado,
Ao vento....

2008/03/04

Chove


Chove,
Lapsos em lume brando,…
Há água em trombas,

Silêncio de savana,
Desgaste da vida cronometrada,…

Chove,
A queda do anjo cobarde,
Faz-me pensar em lamúrias,…

Sentado à bolina,
No canto do mundo,…

E a chuva a matar,…

Chove,
Olá universo,
Venci-te no abrupto….

2008/03/02

Do hoje de faróis....

Memórias resolvidas,
Poeira de fruição,
A diluir-se em prantos,...

Lembro-me de ti amarquesada,
Cálice de transparência,
Reflectindo o luar de Inverno,...

Olhar de caniçada,
À beira do rio de sonhos,
Em que parto de ti a fora,...

Do hoje de faróis,
Para o ontem de vultos,
Ficamos nós,...

Nunca menos que almas,
Sempre mais que expectativas,....

Castro, ou a maneira complicada de dizer algo simples

Castro, o agonizado pedaço de matéria carbonizada, descansa como um átomo de paz encastrada na natureza em decadência. A suave brisa nubente, que traz consigo o pavor de noites enregeladas pelo desvario da solidão, esmaga um sorriso enevoado e basso que lhe pende no canto viciado da boca.
Castro é o pedaço mais franquiado da pesada herança mastectomizada da verve humana. Sua com laivos de despudor face à contingência de ablação do orgulho minimalista que lhe escorre da alma.
Uma música construtiva, em cadência de destruição de raciocínios, flutua monocórdica de um pequeno transístor que segura entre dois dedos. A lágrima mais crítica, a infundada razão de um final de vida em fogo fátuo, rola pela face carcomida de pessoa feia.
O odor da amizade perdida, perquire a personalidade de quem espera fundir-se com a inevitabilidade do carcinoma da natureza perspicaz. Um par de pupilas protuberantes fixa o horizonte, procurando respostas para a face negra do esvair de perspectivas.
Castro não é quem pensa. Disseram que a vida que sempre guardou em fusela empedernida, se esvaiu no maço do calcete da ignomínia. Traiu, e foi abjurado em público por criaturas embebidas numa animalidade onomatopeica. Castro vendeu a existência vicentina de servidor da causa desumanizada do ajudar o próximo, à tentação do apascentamento das almas suezes. Narinas abertas aos odores recalcitrantes da planície endeusada, e um novo ser se ergue com certezas inabaláveis.
Castro tinha sido traído por um abstergente pedaço de confiança calculada levianamente, e agora, rendido a assassinadas ondas de resignação, deixa a estiagem banhar-lhe uma garganta humedecida pela vergonha.
Castro decidiu. Venderá a alma minimalizada aos adventos do futuro predeterminado pela sorte. Vê-lo-emos a oscular os lóbulos enrijecidos de uma abstracta criatura de esquina. Castro onaniza-se, para uma ocupação de futuro mais pompeado.
Será traveca....

Flagelação


Feliz com a tristeza abaulada,
Patética figura à minha pele,...

Em decepção crescente,
Até já sou pato,

No sentido de arroz de alma,...

Folículos em chaga,
Vejo-os às refeições,
E troco-os com a sorte,...

Um dia de menina sensível,
E o dia a desmaiar,...

Uma tarde a petizar,
Com a noite rejubilante,...

Durmo para o lado único,
Flagelação...

2008/03/01

Poesia que eu odeio


Poesia a cair,
Esfíncter a doer,
Deboche,...

No azimute de um velho,
a confessar,
a um padre assassino,
que comeu a alma ao vento...

Poesia em descrédito,
Verte o escroto do diabo,
Em risos mudos...

Poesia comedida,
É o ridículo do rabisco,
Que deriva à bolina...

Poesia que eu odeio,
Tanto desprezo,
Diluído em sopa de morte,...


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