2008/03/02

Castro, ou a maneira complicada de dizer algo simples

Castro, o agonizado pedaço de matéria carbonizada, descansa como um átomo de paz encastrada na natureza em decadência. A suave brisa nubente, que traz consigo o pavor de noites enregeladas pelo desvario da solidão, esmaga um sorriso enevoado e basso que lhe pende no canto viciado da boca.
Castro é o pedaço mais franquiado da pesada herança mastectomizada da verve humana. Sua com laivos de despudor face à contingência de ablação do orgulho minimalista que lhe escorre da alma.
Uma música construtiva, em cadência de destruição de raciocínios, flutua monocórdica de um pequeno transístor que segura entre dois dedos. A lágrima mais crítica, a infundada razão de um final de vida em fogo fátuo, rola pela face carcomida de pessoa feia.
O odor da amizade perdida, perquire a personalidade de quem espera fundir-se com a inevitabilidade do carcinoma da natureza perspicaz. Um par de pupilas protuberantes fixa o horizonte, procurando respostas para a face negra do esvair de perspectivas.
Castro não é quem pensa. Disseram que a vida que sempre guardou em fusela empedernida, se esvaiu no maço do calcete da ignomínia. Traiu, e foi abjurado em público por criaturas embebidas numa animalidade onomatopeica. Castro vendeu a existência vicentina de servidor da causa desumanizada do ajudar o próximo, à tentação do apascentamento das almas suezes. Narinas abertas aos odores recalcitrantes da planície endeusada, e um novo ser se ergue com certezas inabaláveis.
Castro tinha sido traído por um abstergente pedaço de confiança calculada levianamente, e agora, rendido a assassinadas ondas de resignação, deixa a estiagem banhar-lhe uma garganta humedecida pela vergonha.
Castro decidiu. Venderá a alma minimalizada aos adventos do futuro predeterminado pela sorte. Vê-lo-emos a oscular os lóbulos enrijecidos de uma abstracta criatura de esquina. Castro onaniza-se, para uma ocupação de futuro mais pompeado.
Será traveca....

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