2008/07/28

à janela em dia cálido e desprendido


o dia rebenta de sonhos mal resolvidos,
há meninos,
houve crianças que tombaram em casas desmembradas,
metade de um homem resolve dilemas a apodrecer,
com as mãos a remoinhar,
eunucos acariciam janelas,
flores de orelha desmembram-se para se tornar pessoas,
sem luz de velas,
admoestados pelo vício
retornam aos pardieiros,
com o som de copos entornados
e cantilenas de guerra,
damas de companhia
recostam-se nos travesseiros,
com o deboche a fomentar-lhes gosto pela reza,

só de uma janela se entreabre o dia insultuoso,
dormes se fores penalizante,
cantas se o mundo já
te tiver dito tudo,
escreves,
se o que queres são
dores de alma lancinantes...

2008/07/25

Cinco dias

um dia podem ser dois dentes
podres a recuperar,
dois dias são três flores
que perderam cheiro,
três dias mesmo espremidos
não contam para vidas emparelhadas,
quatro dias desconheço
por morrer antes sequer
de me dizer amén,
cinco dias são testamento,
lista de suicídios com molho bechamel,
resisto,
sou só o ourives que luta
por ressuscitar o tempo morto....

almoçar fruições

lobrigar de uma certa morte,
o que dela não resta pela penúria,....

ruminar,
ruminar sempre e
à sombra de um caldo
de experiências falhadas,...

deleites de coisas suínas,
cada vez menos importantes,

para no fim desarrumar o coração,
frio....

2008/07/23

Malquista



Preparavam-se grandes coisas no mundo para ela, mais ou menos porque o mundo gostava de brincar com as hesitações dela. À sombra, impressionava a figura de uma mulher que não gostava de brincar com as sevícias inerentes à condição de ser inebriante. Na névoa, o que entediava uma presença regular, tornava menos correctas apreciações disformes do que não suava. O que se esgota, nela tem sabor a menta. Excita, como pequenas mãos que seguram areia do relógio do tempo, e depois cedem às emanações da pressão de estar vivo. No perímetro de afago onde ela está, o quente são dois passos atrás, e mais outro de retracção. Eu, que me quedo de dentro a assegurar imprevistos maleáveis, denoto inseguranças mal desenhadas. O vento ajuda-a a segurar o que as leis físicas garantem como assegurado. Mas o que impede apegamentos, a nódoa de amor desmembrado que a segue para todo o lado, desprende-se. Ainda penso estarem a preparar-se grandes coisas no mundo para ela, na medida em que o mundo são indícios de paganismo latente. E ela oferece recato, ao desvario do tempo monossilábico. Dá garantias à terra que se pode fazer areia, e depois voltar à rigidez de sentimentos que as pessoas aprenderam a apreciar. Chamei-lhe o que possa advir de um passo em frente. Observo-a onde sempre a observei. De dentro, porque aqui vim parar, e nunca me soube soltar do destino que o recôndito me reservou. Juntei religiões, e fiz uma sopa de caldo tépido, com que me besunto enquanto a tomo como garantida. Eu estou debaixo de cada pedra que ela pisa. Eu sou o suspiro que o vento leva, quando a acaricia de noite. Meti-me em ideias soltas, quando ela apela ao mundo que a embale e a proteja de si própria. Mais que poder, sou resignação dela mesma, para com as elas que sobram ao entardecer. Suficiente, será deixar-me cair sobre o monte de vendavais que sou eu mesmo, e deixar que me digam o que fazer, por aproximação.

Pelo menos sou são X

De todas as casas,
a que tenho, é a que possuo...

o que se construiu
com paredes de irremediável
desnorte eléctrico,
perde-se com um suspiro...

como se a maldita teofania
que acompanha o inexpugnável,
fosse a luz que o embala
no dealbar de uma conversa
com o Deus dos ausentes,...

na minha casa,
experimento ser divino,
desnaturadamente
superior ao inferior,..

oferta de maldades
obviamente atribuídas
a um Deus
que se esforça
por nunca
chegar a ser Deus...

#IX, #VIII, #VII, #VI, #V, #IV, #III, #II, #I

2008/07/22

África e o resto de não saber escrever


Desfrisei as palavras como cabelos de mãe preta desconsolada. Na tabanca um poema, para rede de lágrimas a cheirar a moamba, e debaixo do embondeiro....são soluços de improviso, quando a tristeza vai e vem nas pilosidades do vento quente. No cúmulo de penas, na falta de uma explicação para o entardecer que parece matar por prazeres descarnados, sentei-me. Torrei um acróstico no fogo-chão, e embriaguei-me com pensamentos kantianos que, nesta terra, são pequenas mordeduras de cobra no calcanhar. Servem para acordar, e servem para dormitar em cima de mosteiros feitos no ar. O Inverno nunca o conheci menos perfeito. Foi sempre Verão como hoje, como ontem, e talvez como no dia da minha morte. Pleonasmos estendidos nesta terra que cheira como perfume de vida recém-chegada ao inferno ardente.

2008/07/20

Uma branca sensação de vazio



Não gosto. E usas relógio sóbrio. Aquilo que o tempo faz, são pequenas pepitas no teu sorriso. Coisas de oiro, mas que não reluzem. Antes cintilam.
Alumias um cocuruto dourado, quando o elástico te abarca de uma vez só. O sorriso acompanha o menear de temperamento. Um desligar de sentidos. Reergues-te, e continuo sem gostar. Não que o vento quente que sopra seja inconveniente aos desejos de imortalidade lânguida. Só não encontro encosto no teu olhar. Fumo de sentido desprendido de qualquer coisa que não se vê.
Repetes-me dose semelhante. Legítimo, e para legitimar hesitações. Acabam-se tentações, e cada franzir de sobrolho serve para dobrar o sobrescrito da despedida.

2008/07/18

Assexuado

Desencaixou a carne do sémen. Era um desejo desenxabido que se escondia, que prendia os rebordos soltos da pele apodrecida.
Sentiu-se livre. Frugal, mas liberto para calcorrear a estrada. E se tinha cascalho debaixo dos pés.
Poeira e desejo de decompor um homem inexacto. Miúdo com pessoa madura dentro. Feliz por ter que desbravar. Desamparada a aspiração de retalhar a tristeza que apunhalava o canto esquerdo do coração.
Era uma doçura, que sabia mal.
Viu a mãe, que lhe deu um carolo violento, e prometeu que o queria a trabalhar se não desmanchasse tardes de desejos reprimidos. Abandonou-se, para reencontrar o brilho autonómico que estava perto de lhe tombar dos olhos, e cair na terra assexuada.
Andou, desandou, e o homem sem sair. Pelo meio, umas quantas fémeas que não reportaram nada de importante. Brotaram, em desconsolo, sedes de rios de sangue.
A família já eram raízes de árvores necrófagas, que desencrustavam da terra assexuada, procurando alimentar-se de carnes desavindas.
A madrugada serviu para cantarolar um desejo de eternidade que nunca chegará.
E o rio corre, prometendo enxaquecas.

Materialismo dialéctico



mordidos os fundamentos da inveja,
restam-te soluços ao sol
e um copo rachado de cola
sem borbulhas,...

dois pombos inchados e
gnósticos cheiram-te o calcanhar,
para depois fugir,....

a tarde morre desiludida,
há-de voltar,
mas fica a noite para te acocorar
em desilusões santificadas,....

continuam dois pombos,
já acomodados,
a cheirar-te o calcanhar,....

lês Vladimir I.,
não percebes as quantificações
de real que te entram pelos olhos,...

não interessa,
o real são dois minutos de pena,
e cinco segundos de heroísmo,
para depois,
morreres,....

2008/07/16

Pós-Guernica


E liquidificou. Deslumbre de momento. Mas sentiu a luz começar por trespassar a ponta de um dedo, e sem paragem.
Não demoveu o fim, a perspectiva de um novo princípio.
Fez sol.
Por um momento a paragem cíclica de um espírito aburguesado deixou de se repetir a si próprio.
E liquidificou.
Tornou seiva a pegada que desmistificara a terra. A terra, ela própria, pareceu alhear-se de um regime auto-destrutivo que penava. Que soluçava. Gotejavam experiências arregimentadoras, que pautaram uma vida ilusória. A terra deixou de olhar, porque olhar doía.
E liquidificou.
A decomposição de uma ideia simples, e solúvel, tomada pela raíz, tomou efeitos destrutivos. Romperam-se compromissos. Deslizaram frisos de amores propensos à morte, e o chão ficou corroído. Almas condoídas, no que o condoído tem de mais fiável, pulularam em desnorte sasonal. E a mesma fresta que a crosta inconstante abriu, fechou.
Só pessoa, menos de passado que de futuro. Menos pessoa, estado gasoso, e confluído. E liquidificou. Sou eu, a escrever desditas à sombra de um sol que já morreu, mas insiste em quadros pré-impressionistas de uma cor só.

2008/07/15

Guardião


se o homem que perdeu os
ques quando era inadmissível
que lhes desse importância,

caso o mesmo fosse caso
de apelação momentânea
ao ser banal das coisas,...

o mundo rolaria,
em todas as selvas
de coisas feitas,
por menos que
um anjo se esforça
em fazer notado.....

2008/07/11

Salão de chá


o salão de chá das desditas transpira amostras
que reanalisadas são gritos e lágrimas,
só o luto parece cavaquear
no momento em que as sombras
desenham viúvas a tricotar
lamentos contidos por anos
de mortes conjugais,

a morte será neste caso
o que vive alheio ao que se pensa
que existe numa sala,
orienta deduções,
e deixa as coroas para as fachadas,...

mortos que só lhes custou mesmo
não estarem vivos,
num primeiro momento entranha-se,
e depois ficam festas,
toma-se o jeito de celebrar as ausências,
de peito feito tricota-se
o que ficou por resolver,

no salão de chá das desditas,
sobrevive um frio revelador
de calores suados,
os corpos já vão gastos,
os narcisismos não.....

2008/07/10

Luxos importados I

Minuto de sonhar baixinho. Instante passado a perceber que o real somos nós, a passear em brasas incandescentes.
O mundo pára.
A vida descoordena-se.
A percepção destas coisas dificulta o palmilhar em cima de assuntos que se desprendem de infracções mal resolvidas ao acto de viver. Nunca pertenci, não quero radicar-me, nem me sinto parte de soluções mitocôndricas, para problemas que são um desafio ao desafio da criação.
A vida é gritar, porque sorrir é o contrário de gostar de viver. O chorar é,....é a alma a desfazer-se em soluções ácidas.
Grito sim. Mas grito à minha maneira. Soluço quando tenho de prestar contas à mágoa. Berro, se berrar for sinónimo de passar sem dor de espírito. E sonho. Sonho baixinho, se quero aproximar-me do real medido em sonetos de amor falhado.

2008/07/09

Discurso de um louco VI

criogenia abençoada por
pingos de eugenia,
lenço de lamento pintado
em sangue sem fomento,
olhos trocados por batoteiros
sem dedos de dados,...

somos o que talvez sejamos
em momentos de futuro convencionado,
porque etapas de lucidez
pagam por classes sem vez,
e só porque talvez não,
e só porque talvez não.....

#V, #IV, #III, #II, #I

2008/07/08

Engasgo

somenos de palavras encravadas na epiglote,
desmancho um pedaço de silêncio para lavar o estreito,
porque o silêncio,
a falta de menoridades, engasga,....

soluço de pasmo com o que não dizer,
com o que não falar,
com o que se poderá sentir,...

ladeiras suadas que escalo só,
só para murmurar presente,...

nuvens climatizadas,
poros de sorvimentos divinos
que tombam sobre a terra,
não chegam para levar de mim
o afago de dizer nada,
para nada sentir,
para tudo reviver,....

serei primazia de sofrimento
pré-determinado?,
e o que me olha desconfiado
enquanto rebato,
retardo,
reaproximo a vida da cútis que me arde?,

já vejo mulheres a romancear
com insultos,
crianças que pedincham ao verbo
por doces e tempo solto com a vida,...

a vida desmente-me dogmas,
diz-me que de tempo a restar
será o sufoco que sinto,...

e porque não menos que muito,
sempre foi o que aspirei,
silêncio,
rendo-me à música solene
dos despejados de espírito.....

2008/07/06

Matriarca



foi um assento de pouco relento,
onde a vi, Minha mãe dá-me colo,
mostra que o mundo é um caroço
de pêssego,...

..., plantado num bosque que despe
pele de gente, Não quer comer,
recusa chorar, só quer florir,...

aconchego de só,
pessoa que chora fui
no olhar dela, rangeu,
bateu, floriu ela que sabe,
ela que nota,...

desdissemos o que feliz foi,
brincámos só para
o tempo sorrir,
com as frivolidades nossas,
com o embalo de nunca mais ver.....

Fugir


Fugir, mas sem fazer com que me aperceba de cobardias adstritas. Aliás, sempre vi nas imposições de limites ao bater de asas, uma forma de conter abismos deleitados. Quase como se derrubasse uma ponte estreita, de palhota, entre o quase e o consumado, o impossível e a medalha de ouro, o escuro e a alva.
Conheci-me numa fase em que desdenhava que teria alguma vez futuro. Sentia-me surdo, e se alguma vez falei com o devir, tornei-me capaz de ignorar a lição de métodos que porventura tenha sido proferida. Vesti-me antes de sonolência, com um xaile de xadrez fortuito, que nem sequer já conseguia aquecer. Passaste por mim sem que eu te compreendesse, e frustrei em mim mesmo o que me pareceu um pedido.
Ainda vais a tempo de traduzir o refastelamento sintáctico que me pareceu ter percebido. Se calhar foi ladaínha. Provavelmente nem foi nada. O que restou? Sou incapaz de me dar de mãos vazias. Prefiro longos campos de trigo, com um vento inquiridor que, de sorriso de criança em riste, deixa na terra uma fenda igual a amor ensanguentado. Sobram pequenos resquícios de um conflito benemérito. Galhos de árvores sucedâneas do limbo, ninhos de pássaros que, indiscretos, explicam em linguagem pré-românica a diferença entre um segundo, e o outro.
Dá para ponderar a pouca estima que existe entre as pessoas que guardaram o passado em meias rasgadas. Envolve-as um fumo azul, medíocre, que eu nunca tive por nunca ter querido fazer da lealdade uma nódoa de pequenas dimensões, no quadro resoluto da existência.
Acabei. Fico-me pelo suficiente das coisas simples. Sem necessidade de fugir.

Louvar e frustrar



orelhas fechadas
ao vento alíseo,
o que toca
baterias em sinais
de espera,....

tudo preso à luz
que desprende
irritações da
terra adormecida,....

orelhas fechadas que
já nem ouvem o soturno,...

deixam-se ir no latejar
que a noite traz no ventre,
desmembrando intenções,
e a fazer dela
um lugar encomiado
e frustrado de silêncio....

2008/07/05

Jardim de mitos urbanos


o lembrar é um bicho sem
pés que pede escusa, de olhar
parcial condena recusas
de reconhecimentos totais
do que o passado é capaz de
fazer, usa poeiras necrófagas
para enfeitar memórias
autofágicas, enfeixamentos
de água que a água aprendeu
a desprezar, nunca pede muito
porque sempre foi incapaz de
se projectar na terra esteta, no
céu peganhento e assoberbante,
se se resta por nunca ter sido o
que efectiva o magnânime, o
lembrar escusa-se, recusa-se,
aninha-se.....

Fogo fátuo



o dizer assim-assim do fogo,
que dá para ler a noite,...

mandrágora do espaço vazio,
das bocas abertas,
que fazem recuar a sombra
para níveis de peito fechado,
com o ar queimado e que sabe
criminalmente mal,...

dá para descoser a luz
usando as bainhas mal feitas
do vórtice da existência,...

e o que resta,

perigosa opacidade,
onde o tempo arquitecta
a indiferença para,
para indiferenciar-te em
medidas draconianas,....

fim aromático,
final de cheiro a fumo,
dissolvências cor de sépia,
que na madrugada
jogam com as cabeças
que desistiram de alvitrar....

2008/07/04

Pianto a Torino



....e lhe regou com lágrimas as
mãos feridas, que se enxugaram
em menos embalo
que o choro que as molhou....

Meninas de olhos de meninas,
são flores que empolcam,
mas com tanta força,
que o sudário que tapa,
sobe aos céus da contrição,...

hora de resignar choro
finto e engrumado,
se me lembro de chofre,
foram lágrimas de sangue
as vertidas em momento de
enxovalho e resiliência....

....e te pedi para regar
mãos invertidas,
falhaste,
agora resigna-te num cómico
e abominável fim de tarde....

Matança do porco



sinto a pele a esticar,
curtida,
abusada,...

zurra porco,...

o tal suíno que
do mundo dos porcos
mais mata e esfola
para depois chorar
inocentemente aos pés
da santa desvirginada,....

a minha pele,
que habita
apetites insalubres
há séculos,

rompeu,...

forma,
vara,

grunhe, chia,

deforma,
informa as multidões
com espírito
de espírito aberto,

para pele de fel,
resta o que cria,
mas não queria,...

o que deturpa,
mas até educa,...

esfolado,
quedo-me abusado,...

mas inquieto....

Pelo menos sou são IX

felizes,
muitas perdizes,
miram o sono,
do par,
de olhos,
que dorme,
sem fome,
de descanso,...

fá-lo,
no falo,
de campo virgem,
com sol de formol,
e reuniões,
com paixões,...

fadas derreadas,
pelo friso,
de amor em gel,
que em olhos,
não diz repolhos,
de uma vida,
que já estia,....

felizes,
menos perdizes,
voo assuão,
e no chão,
fica a raiz,
do que acordou,
tarde,
sem albarde,
para a vida,
menos revestida....

#VIII, #VII, #VI, #V, #IV, #III, #II, #I

2008/07/03

Estou chateado, e provo-o....


Escrever, para menos que viver. Será esse o antídoto certo para quem ilude o acto de criar, com o simples acto de viver? Mas será que resta alguma ilusão por descrever? Menos certo que o amanhã vir adocicado, é o hoje que somos obrigados a consumir amargo. Com todos os requintes de envolvência medricas que sublinham, a negro, os detalhes insignificantes da nossa vida. Aliás vida que, a existir, morre logo no dealbar de uma existência desnorteada.
Para informação coerente, que fique registado a minha opinião pessimista. Nem sequer penso chegar a qualquer das ilusões poéticas que já criei. Não passo de indecisão. Como o próximo, comisero em doses irregulares. Interrogo o que nunca se justificaria interrogar, e no fim ganho o som agudo da flatulência indiscreta de um sonho discriminatório.
Sinto-me perseguido, angustiado, massacrado pela irregular torrente de paranormalidades que nos atacam diariamente. As nossas vontades estão presas ao chão, porque nunca se conseguirão soltar do agrilhoamento efectivo. A escola, tirei-a com a certeza de que no fim ‘orientei’ um mapa para me orientar na displicência que é estar vivo.
O mundo borrifa-se para a plena realização do homem, porque o homem nunca existiu. A felicidade é a prova disso. Estamos felizes, na mesma medida em que o apetite da morte sabe bem a um canceroso em fase terminal. Jesus foi prova disso, porque Cristo é o apelido dos inexistentes. Dos falhos de espírito. Figuras ridículas somos nós, com capa de gordos, magros, pobres, ricos, gays, fodilhões, lésbicas vedetas de televisão, velhas com mini-saias e tatuagens. Tudo são soluções para problemas que recalcitram o nosso viver. A morte poderá ser um acrescento à indecisão. Mas no fim, a emoção deve morrer aconchegada, em noite de chuva ácida.
Só nos resta mesmo um mícron de pedantismo, para que a envolvência do desvanecimento, seja um quadro surreal com assinatura descompassada....

2008/07/02

Copernicamente falando


cair,
caído,
flectido,
impossibilitado,
cardado Sol,

caiu,
descaiu,
furado céu,
desmontou,

o que elencado,
desdobrado,
e vociferado,...

nunca entabulou,
conversas,
avanços,
recuos,
memórias simples,...

menor substância,
para emendar,
títulos mal dados,...

somos o que fondo,
nunca aconteceu para bem,...
e mesmo que,...
caído,
flectido,
impossibilitado,...

cardado Sol,
é o que não nos resta,
em paralelo,
ao que ficando,
morreu,
de inanição....

Desunidos


monstros de faces com face,
dentro da própria vida,
não em homens libertos,
mas em situações absurdas,
com homens assoberbados, retardados,
por cumprir,


desunidos,...

são os sinais vulgares dos dias,
a vida a correr em torrente,
e por infelicidade de mais gente,
sem notas que satisfaçam...

2008/07/01

Pelo menos sou são VIII

Delapidado,
Desfeito de mim,
Se as tuas mãos que morrem,
a um reflexo das minhas...

Olhos maioritários de sentido,
olhos teus,
a morrerem nos meus,...

O quebranto grita por soltar
o que sempre afrouxou na tua pele,...

E a pensar,
no barbeiro que se dava,
à confissão alheia,....

Nada,
Seremos,
Talvez porque,
Saudade,
Sempre foi,
as ruas que foram...
nossas,...

Falta o ar,
para recostar,
nos apoiar,
em recantos próprios,...

Lascas ameaçadoras de aldeia,
a contar da curiosidade,
rasgada
de criança,....

Fruí,
Sim olhei o jasmim que te dei,
Odor de saber porque sim,
Porque as flores choram à noite...

#VII, #VI, #V, #IV, #III, #II, #I

Espelho


Já que curiosamente sou o que menos tu esperas encontrar onde nunca exististe. Desfolhei-me em coisas que sobreviveram ao rigor dos desvanecimentos de ti. Passaram quantos dias desde que a sombra sumiu? Aprendi entretanto a não ficar só, porque a vida rompida és tu, sem nunca sequer teres pedido licença aos frutos existenciais da vida desmultiplicada. Quando digo fica, ficas. Quando não digo vai, tu ficas à mesma.

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