2021/04/30

Rasga a roupa

 

Pressão,

Dizem que não faz mal, 

O amor é tão natural como o sol, 

E queima as indecisões, 

Esfacela a solidão,... 


Rasga a roupa, 

Elas sim fazem mal, 

O crescido não vai dizer a ninguém, 

Ri-te como uma flor, 

E no fim, 

Sonha em silêncio,... 


Limpar a lágrima que esboça a lentidão, 

Muitos anos depois 


2021/04/29

Escrito a ouvir 'The National' a 20 de fevereiro

 

As histórias de sua mãe,

Redondas como a bola que a via jogar entre as mãos,

De quem lhe tinha dado o amor,

Eram histórias sem fim,... 


Uma mulher de quem queria ter tudo,

A obrigava a imaginar ter mais atenção,

Como uma música que lhe penteava os cabelos,..


Não adiantava gritar,

Nem resistir a lamentos mais bem 

feitos que um prado imenso de lamentações,

Só mesmo amanhã,

Quando o querer fosse a preto e branco,

E já não houvesse mais toda 

esta estrada para correr,

Ficaria para trás como 

uma dor no coração diferente,

E não mais se comoveria com rostos 

tão diferentes assim do sol 

2021/04/28

Diálogo surdo


 A escuridão só responde de volta,

Se lhe perguntarmos as horas,

Fazendo um reparo dos olhos intensos com que nos devolve a razão,

De outra forma,

Sei-o mais ou menos racionalmente,

Que permanecerá em silêncio,....


Vai sempre interpenetrar-se com a música,

E os espaços entre as palavras,

E as idas ao cinema para passar na ravina,

E gritar a plenos pulmões que tudo se odeia,...


Só aqui uma nota de rodapé que gosto da escuridão,

Este nem será um poema sobre tristeza 

2021/04/27

Adeus de dedos em riste

 adeus,

sabia fazer-se com os dedos 

em riste,

quase como se o peixe da história

não existisse,

e o pecado fosse a quaresma da dor 

da ausência,

sabia que se podia escrever,

as vezes que fossem necessárias,

e respirar,

inusitadamente,

até que ele ganhasse vida,...


e saísse a andar,

à procura de uma teoria falsa

para sustentar,

e deixar de se fazer com os dedos

em riste,

para ser acabrunhado,

em definhamento,

até que o ar deixasse de existir,

e dos fios da agonia sobreviesse

a tão almejada tranquilidade falsa,...


estava disposto a experimentar 





2021/04/26

Re71

 


Ficaria consigo própria,

As curvas de dedos decrépitos,

Um baque desordenado e irregular,

Que era a música que, 

Por aqueles dias, 

conseguia retirar das vias respiratórias,

Era este o fatalismo,

O destino que lhe restava,...


Mas estava consigo própria,

Preocupava-a por exemplo a relação dos pássaros com o céu,

A dificuldade de adivinhar os poetas a morar nas copas das árvores,... 


Via-se como a baleia que ia e vinha em redor do planeta, 

Sem conseguir sair do mesmo sítio,... 


Já ia sendo tempo de mudar, 

O pão nosso de todos os dias ia escasseando, 

E o mar desmaiava mais eternamente que o céu, 

Por cá continuava consigo própria, 

Mas com cada cor a desmaiar subitamente,... 


Até que só restasse um teste de respirar devagarinho, 

O que pudesse vir como a última manhã 


2021/04/25

Neste caso específico

 porque o amor, 

neste caso específico, 

era o pó de um campo 

inteiro de dentes de leão, 

que restava nas pestanas 

de meninas que se 

debruçavam para a manhã, 

e no corpo passavam só 

a frieza da seda rústica, 

porque nada mais tinham,... 


atrás do vento, 

à frente do sol que 

cuidadosamente abria o fecho 

da madrugada, 

esperavam rapazes, 

talvez houvesse alguma coisa 

neste verso, 

mas neste caso específico, 

só se esperava pela nova 

ilusão da felicidade, 

para que as estrelas cantassem o 

taciturno frio do normal




Liberdade hoje e sempre

 


Ele disse que um dia,

Ainda antes de o sol aparecer do avesso do horizonte,

E de as pessoas perderem o que trazem agarrado às mentes da nascença,

Tudo haveria de perder a cor,

As letras não mais voltariam a ser feitas de água,...


Talvez então,

Os romances de beijos inconsequentes,

Vendessem mais que o medo,

E o medo se tornasse racional pela primeira vez desde que o tempo é tempo,...


Ele dizia muito mais coisas,

Tantas que as pessoas inocentemente construíam cercas de crença,

Em redor dele,

E eu parava de retornar à solidão,

Sentindo-a como a segunda pele que ela sempre foi 

2021/04/24

Poema curto sem vértices

 Nada se ganha em sublinhar a falta de cultura,

Letras trémulas,

Argumentos indizíveis,

A família reunida em torno da falta de objetivo,

Dos livros reutilizados e inusitadamente esquecidos,

Na poeira inofensiva do conformismo



2021/04/23

Um dia gostava de saber escrever assim

 Eu procurei e era vapor ou sonho

e era o mundo, o rumor do estio
com os seus barcos de folhagem entre as pedras
e o sol por sobre os muros, a linguagem
dos gestos quase imóveis no ardor
monótono e sombrio de uma brancura
que vencia o tempo e era o ombro
e o seio da terra entre o verde e a cinza.
Eu procurava e recebia o sopro
de um fogo em labirintos áridos
e a violência reunia-se num flanco
vermelho, companheira
que ardia adormecida e se elevava
sem sobressaltos à nudez do cimo.
Era como se a terra amasse o sonho
e com a mão de fogo e a mão de água
desenhasse o instante da primeira
alegria divina. Eu recebia
as formas que se abriam e encerravam
em círculos vagarosos de uma matéria pura.

António Ramos Rosa, ‘As duas mãos da terra

Sonhos, sonhar, sonhado

 


Porque soar aparenta ser diferente de dizer,

E a voz não são sons,

Sentir-vos do lado errado,

Sempre contra mim,

Eu deixo que ecoe em tudo o que faço,

Nas coisas que não ouço,

Até no arrancar de olhos que são as despedidas,...


Porque vejo-vos assim a esperar,

A olhar para o sol porque é lá em cima que está o tempo,

E das vozes nada se espera como se espera,

Do caminho para ambivalencia,

Que será o fim dos tempos,...


Assim neste desenho,

Não me encontrarão,

Enquanto não vos tiver ao meu lado 

2021/04/22

Para que a loucura ande ao largo

 


é uma luz irritante,

'annoying' entre as entrelinhas,

se o vento lhe desse uma oportunidade,

e do crisma da felicidade surgisse

a santidade num rótulo,....


deixaríamos a farsa de arroz que 

nos meses da vindima,

arrazoa o barulho,

e nos conforta o suficiente,

para que a loucura ande ao largo

2021/04/21

A mágoa

 a mágoa, 

queixamo-nos de nós baixinho, ao volante das nossas pernas 

enquanto guiamos pela água fora, 

e há um transporte, um sítio onde chove miudinho, 

e está uma senhora indefesa ao raiar da manhã, 

à espera de qualquer coisa que nunca mais chega,....

 refletimos, desnudamo-nos até ao âmago do fel que nos forra o avesso, 

e sem que as palavras sejam âncora, 

tudo se explica, há uma solidão que se tranveste de dor, 

e aceitamos que seguir, 

unirmo-nos na ausência, 

é o melhor remédio,.... 


e a mágoa desaparece



Embrulhei um poema em terra

 


Ela pediu-me um poema emprestado,

A chorar invocou a necessidade de solidão,

E o gostar tanto de olhar para o mar,

Quando a luz dos olhos se cingia a algumas letras,

E ela precisava de desconstruir as coisas,

Pôr o inconstante à frente do anónimo,...


Era assim,

De uma forma marcadamente narcisista,

Que ela via a poesia,

O que regenerava a necessidade de não escrever,

Por isso embrulhei um poema em terra,

E passei-lhe para as mãos 

2021/04/20

Jardineiro do bem e do mal

 


De todas as coisas horríveis,

As mesmas que já me aconteceram,

De todas afunilei o propósito do mal,

Os contornos certos que houve de um tempo bacilento,

Microscópico até,...


Hoje sobra-me escrever com os dedos,

Fazer de mim uma ardósia dos tempos antigos,

Sem pronomes,

Falar só por murmúrios,

E ao restar-me a matemática de não ter nada,

Sobra-me dentro da cabeça, 

O jardineiro do bem e do mal 


2021/04/19

Manto


 Por isso falares de uma simplicidade que não se entende,

Não se estende na terra como um manto fúnebre de folhas outonais,

Nada disso resolve a lápis as falhas do mundo,...


Sublinhe-se eventualmente,

No topo de um monte isolado,

Num dia de chuva,

O que não foi dito no tempo em que se escreviam cartas


2021/04/18

Verdade verdadinha


 

Explicação parca da eletricidade estática

 

ás vezes a loucura,

   faz-me companhia,

a anormal irregularidade da

escrita,

os poemas recônditos que

viajam em primeira classe,

e saltam em andamento para

a morte,....


às vezes,

a normalidade senta-se ao lado da loucura,

e há tantos teóricos,

inofensivas provas da irracionalidade

humana,

que transpiram do tremor das minhas

mãos,

tudo se define em pouca luz,

na razoabilidade das pedras

da calçada,....


às vezes posso explicar-te como

o tempo funciona,

em eletrólitos de sexo que

me possas dar

2021/04/17

Livro de horror

 


A luz que se molda,

O final de um livro de horror esperado,

O vento que inesperadamente revela a felicidade,

O amor que sempre fica por explicar,

Dois pares de mãos dadas no arrastar penoso,

E mordaz do sítio em que se foi feliz,...


O relógio só marca a espera que quisermos,

E de tudo isto sobram palmos de terra que nunca foi nossa,... 


E uma jura imensa,

Com longes e longes de planícies a perder de vista,

Até que um dia se acaba a herança de sentimentos de odor nefasto,

E lamentamos a palavra nunca terminada 

2021/04/16

Um dia gostava de saber escrever assim

 

cesare pavese / trabalhar cansa

 
Atravessar uma rua para fugir de casa
só um rapaz o faz, mas este homem que vagueia
todo o dia pelas ruas já não é um rapaz
e não foge de casa.
 
                                                                     Há no Verão
tardes em que até as praças ficam vazias, estendidas
ao sol que vai pôr-se, e este homem que chega
por uma avenida de árvores inúteis para.
Vale a pena ser-se só, para se estar cada vez mais sozinho?
Percorrê-las apenas – as praças e as ruas
estão vazias. Havia que parar uma mulher
e falar-lhe e convencê-la a viverem junto.
Doutro modo fala-se sozinho. É por isso que às vezes
vem abordar-nos o bêbado nocturno
e conta os projectos de toda a vida.
 
Não é certamente ficando à espera na praça deserta
que se encontra alguém, mas quem anda pelas ruas
de vez em quando para. Se fossem dois,
mesmo a andar pelas ruas, a casa seria
onde está essa mulher e valeria a pena.
De noite a praça volta a ficar deserta
e este homem que passa não vê as casas
nem as luzes inúteis, já não levanta olhos:
sente apenas o empedrado, que outros homens fizeram
com mãos calejadas, como são as suas.
 
Não é justo ficar na praça deserta.
Anda certamente na rua aquela mulher
que, rogada, havia de querer dar uma mão à casa.

Jogo viciado

 

Uma e outra vez,

Desarrumadas como sempre,

Estas ideias iam a jogo,...


Só esperava pelo tamanho das frases,

A certeza das pausas que nada dissessem,

Para que a única sorte que conhecia se estendesse,

Por sobre o estendal da minha roupa despudorada,... 


E o resultado,

Fosse ele qual fosse,

Aparecesse para me dar tudo o que inexplicavelmente precisasse 

2021/04/15

Direito ao vício

 


Vícios,

Arredondados vícios,

Vicios sem vê,

Letras sem se verem,

Vicios de perna,

Sem boca,

De corpo de todas as cores,...


Vicios infindos,

I beg to differ,

Anuladas as parcelas,

Vicios de resto zero,

Para que de hoje para amanhã,

Hajam folhas brancas para anotar pecados,

Sem que do vício exale a barreira fatal,

Do amor 

2021/04/14

Incapacidade frívola

 a procissão das nossas estrelas,

o que elas dizem,
o que já souberam dizer,
e a limpidez invisual do que
nunca se atreverão a deixar implícito,
só porque não têm costas das mãos,...

as estrelas nem corpo têm,
só desilusões,
atrás de desilusões,
e um corpo infatigável,
repleto de desordenamento,...

e haveria tanta incapacidade frívola
para dizer mais que isto,
só que o tempo remata todas as 
tentativas,
e eu tenho poemas para escrever

2021/04/13

Fratura da erosão

 


Parto rumo ao que não vejo,

Sem querer adiar a luz,

A moratória de um beijo,

Acordado sem história,

No bolso irrefletido da memória,... 


Não houve solta indefinição, 

Nem fruto longe da terra, 

A mim não me querem impoluto, 

Nem consolidado,

Só na fratura da erosão, 

À espera de um rotor, 

Quebrado da genialidade, 

Que nunca tive,

Mas em que banho a história,

Perdida da minha força


2021/04/12

Serviço noticioso

 

Tens a certeza que não queres falar?,

Pensa nesta porta arredondada,

Aliás sempre vi esse 

batente dourado,

Em forma de interrogação,

Como um desafio de simbiose,

Capaz de juntar todas as minhas dúvidas,

E fazer-me pedalar tão depressa,

Que chegava ao mercado dos sonhos 

sempre antes dos silenciosos,...


A respirar como o nosso professor de francês,

Quase como o general das ordens irrefletidas,

Acredito que vás conseguir 

pelo menos dizer citações da Ilíada,

E ainda terás tempo para um sorriso fugidio, 

antes do último pedaço de 

bacalhau do dia,

Pensa nisto antes da locução inofensiva,

do velho careca que diz as notícias na rádio 

2021/04/11

Vocabulário

 


O sobrevivente sente-se na necessidade de explicar a ausência,

Fazer palavra morta do medo,

E mesmo que lhe assistisse a experiência,

As duas maiores possibilidades de vitória que o vocabulário permitisse,

Haveria sempre raios de sol a entrar,

Pela mesma janela de sempre,....


E com o desvelo de um sentimento,

Só de um,

O sentimento iria sobreviver,

O sobrevivente não saberia 

2021/04/10

Cão moribundo

 Um cão moribundo,

Ou assim o parecia,

Mesa para dois,

Com um fio de calor 

a subir pelos ares,

Até desfalecer no teto 

de uma sala secular,...


Não há palavras,

Só gestos de comprometimento,

Anulações atrás de benfazejos 

acometimentos de dor,

Nós acreditávamos ainda 

na dor ilusória,

Em partir por se forçar um rompimento,...


Pausa prolongada



2021/04/09

Mesa dos iludidos

 

Os sinais são de mentiras,

O talher torto na mesa dos iludidos,

O copo meio cheio no que de fartura isso nunca significou,

A fração certa de uma hipótese,

Perdida naquele grito que nunca foi ouvido,

Porque se calhar nunca foi descontruido,...


Ao menos haja fruta por morder,

Que vista melhor estes lapsos de verdade, 

É isso o que defende o conceito de mentira 


2021/04/08

Resíduo inodoro

 


Declaro-me à sombra do que nunca pareci acreditar,

O respeito iludiu-me o ser,

Desprezou tudo o que construí para me fazer agora,

Hesitar a cada passo,

Olhar e ver na frágil crença dos que me enganam,

O cimento da dúvida com que lhes paguei,...


Este mal é resíduo Inodoro do que o divino me despreza,

Do que a lacraçao dos olhos me faz definir,

E quando o andor com a imagem final da deificacao que abandonei dobra a esquina,

Outro eu desabrocho sem linguagem 

2021/04/07

Um dia gostava de saber escrever assim

 

josé gomes ferreira / cabaré

  
III
 
Perto das árvores
sob as estrelas
olho com orgulho para o céu
e sinto que pertenço ao universo.
 
A minha carne é de terra,
os olhos são de terra
e a minh’ alma, um pássaro sem corpo…
 
mas junto de ti,
no meio destas flores de papel
perfumadas de música,
sinto-me tímido e infeliz,
a tropeçar no corpo inútil.
 
E apetece-me não viver,
mas apenas existir.
Ser uma coisa qualquer
esquecida de criar.
 
 
 
 
josé gomes ferreira
cabaré 1932
poesia I
portugália
1972

Réstia

 Caminha pelas indecisões,

Os lagos sem água de que me falavas,

E eu fingia não entender enquanto que do teu sorriso,

Depreendia a profundidade das exéquias de uma memória,

Do lado bom de ter que escrever,

Sempre que para mim assim o precisasse, 

para uma réstia possuir da tua compreensão,.... 


Mas porventura já não me ouves, 

Nem já te alcanço com o lacustre pré histórico da voz que me resta, 

E do olhar que congelei






2021/04/06

Amálgama de mágoas


 Trouxe o tabaco,

Nada se faz sem cigarros opacos, arredondados de forma tosca, aquele apoio que nos desencrava a garganta, e faz a verdade tratar-nos como bens dispensáveis,...

Trouxe também a luz adequada para que falemos, não te peço uma dissertação sobre o sentido da vida, de cartesiano nunca tive nada, só quero saber onde estiveste, como te chamas agora, porque

Se bem me lembro, era tua distração dispores identidades em cima das mesas de refeição, e lá longe a ausência de tempo que nos matava,...

Não faço mal por saber que o bem é inconsequente, nem aqui penso que caiba a reestruturação de todos os erros que colecionámos um dia, à espera que deles viesse uma oportunidade de fama,...

Só interessa agora que trouxe o tabaco, estamos suficientemente longe de tudo para do tempo se fazer uma amálgama de mágoas sobre as quais,

Se possa dormir 

2021/04/05

Problema é espesso

 

Não me compares a solução,

O problema é espesso,

Como o líquido anormal dos dias que estacam sem andar,...


Há notícias,

Notícias amigo que pouco representam,

Quando o que dizemos nem cor tem,

Nem luz,

Só o breu anormal que nos remete à ignorância,...


E por aqui me fico,

Sem que o que disse sentido faça,

Ou até me magoe ficar sem o que me dás,

Em troca do sentido com que te falto 

2021/04/04

Infidelidades

 


As tuas palavras anoiteceram mais que a noite,

Sem que fossem dois corpos unidos em xis, ou até o dia condenado a uma morte morrida, soavam a desafio de contornos pálidos, 

tudo ficaria na mesma se do teu arrasto, da calma que insistia nesse adeus que era só teu, se de tudo isso permanecesse nada, ficasse só eu a escrever irrealidades,

Infidelidades,

Poesia que chegasse para que tudo amordacasse,

Tudo ficasse na mesma 

2021/04/03

Fortuito

 



Antes fosse,

Aqui já não cabem explicações que fiquem a meio,

Insuficientes para o tempo,

E órfãs de espaço,

De pertença a um lugar,...


Antes fosse um especial favor de alguém que desconhecemos,

Uma ilusão,

Doses fortuitas de agressão que nos tranquilizassem,

Na presença certa do medo que é indispensável à criação,...


Antes fosse falar o mesmo de ti,

Que sempre consegui falar de quem nunca conheci,...


Antes fosse 

2021/04/02

Conflito arredondado

 


Era um ministério de pessoas santas,

Que buscavam o conflito arredondado,

Aliando a percepção à vertente Santa da desordem,...


A ideia era calcorrear caminho desconhecido,

Sempre com a ideia de mostrar às pessoas que a infância chegara ao fim,

Da forma menos onírica possível,...


Eram noites insatisfeitas,. Homens sentados nos cadeiroes de seus pais,

Fazendo intriga política,

Para esconder a solidão em sextilhas poéticas falhadas,...


O balanço deste desígnio sombrio,

Fazia-se à sombra,

Com atos de violência por vezes demasiadamente marcados,

Que se lavava com água conspurcada e lamacenta

2021/04/01

25 anos sem Mário



 

Abrilando a 27 de Janeiro

 espero por outras mãos,

o segredar de assunções diferentes,

faz da locução um momento suez,

de maldade obscura e resguardada

do vento,

que descarna os membros superiores

da ausência,....


sem sentido,

estes serão anúncios da detenção

de momentos,

da possível inocência do

que estas palavras,

retêm,

no seu regaço,....


e a observância do isolamento,

prossegue até que

me possas tocar





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