A mágoa. Era um livro que faltava ler, e a tarde ia a meio. Ela não se desejava a si mesma, e via isso como um obstáculo para tudo. Os olhos humedeciam-lhe, com as pálpebras a fecharem ao som de um embalo qualquer de uma rádio prestes a ficar sem história. Não sabia a luz com que teria de coser o amor próprio. Havia dúvidas se aquela rua era a certa para si. Recordava os passos seguros de outros tempos, os mesmos em que dançou com a sua própria evolução como pessoa, embalada pelo folhear de tantos e tão bons autores que a seduziram a ponto de considerar a hipótese de amor incorpóreo e sem substância. Tocam à campainha. Arrasta-se para a janela. É engano. Um homenzinho atabalhoado, de capacete, olha-a de soslaio, incapaz de falar o que seja.
Regressa ao seu mundo. Este é um esboço de canto artístico, sem concepção de autor que não a sua própria. Repara num jornal sem data, sem nada que capte atenções..
Tirado daqui
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