2010/06/17

Texto #94

Do mal as coisas de perto. A lassidão do vento que nos toma os medos, e pinta a pele com antecipada frustração pelo amanhã. A futura devassa. Os sorrisos que pelos choros transformam o tempo em coisas poucas que roem o impenetrável. É a conversa que nos vai mantendo. A recitar poetas malditos e sem heranças. Escrevendo em cantos de páginas rimas indecifráveis que nada dizem quando fraccionadas. Desmandos contínuos. Afãs ardentes e sem sentido. Nada...

2010/06/15

Fado agudo do tímido acabrunhado...


Dado faço ao que laço
na estroina confabulação,
partir de cá,
sol no alto,
convido a tarde
no regaço,
e o homem
da partição,
vejo destes
que têm graça,
deixo-os no pouco
que muito sentido,
para no fim
calmo ficar,
com a luz da
inibição....

2010/06/13

Entranho-me nas terras aos poucos....


a ver se sei saber-te no
fino envolvimento que me sufoca,
no anotamento dos dias que assim passam,
o ar diminui-se-me conforme as sombras
da dor,
ao lado de mim,
estou eu triste com tantos tus que se diluem,
e assim morto aos bocadinhos,
deitado na brancura dos
adeus até sempre,
feliz me vou com o calor
da música disto que
invento para o tempo
não me abraçar até
não largar....

2010/06/12

Pensei isto,e.....

Esta brincadeira da escrita começou como uma necessidade de afirmação, e agora é quase um mundo paralelo. Serve para que me desprenda do que tenho. Que sinta o que provavelmente nunca virei a ter. Acima de tudo, não sei o que procuro com tudo isto. Deveria querer afastar-me da escrita quando saio do trabalho, diariamente. Tudo isto é repetitivo. A técnica é sempre a mesma. Há considerandos que julgam a escrita como uma actividade menor.
Mas, não obstante tudo isto, e a julgar que tudo o que relatei é digno de crédito, não consigo desprender-me de nada. Existem sempre pequenas coisas que me prendem à ficção.
À poesia.
O ler um trecho curto, mas tão intrinsecamente diferente que me leva a querer fazer melhor.
A necessidade de ficção que a minha existência sempre teve.
Na escrita as coisas são simplesmente diferentes de tudo o que a realidade nos dá no quotidiano.
As pessoas não são assim tão lineares. Os conceitos são moldáveis, e nunca imutáveis. O tempo é só um acessório de criação, e nunca o maior assassino da própria existência humana.
Escrever é tantas coisas somadas que conduzem sempre ao destino seguro que é o regresso a ela. Um segundo pode ser maior que quatro mil milhões de anos de existência da vida. E a morte não tem necessariamente de ser o fim deste jogo da criação.
Juntar palavras é bacoco. Mas é sublime. As paredes são sempre maleáveis no fim de se absorver um texto bem escrito. Há um rei que não manda, e súbditos que matam ao Deus dará. E há sonhadores. Miúdos, velhos, discípulos do mal e do bem que trocam de papéis na mesma proporção em que não têm quaisquer papéis definidos na vida. É de facto o último limiar da liberdade humana. Não sei como consigo resumir melhor o que sinto pela escrita.
Talvez só deixando de escrever......

2010/06/11

Transpirado de morte


A morte era o espaço entre as calçadas. As veias da rua que pulsavam na violência do vento capaz de conversar, e descrever ao mesmo tempo. Sentou-se de cócoras à espera do dia, e enquanto rezava, as pessoas passavam despercebidas em busca de vida nos finos cabelos de sol que pareciam descer do horizonte.
Eram rezas o que chorava. Soletrava desejos poucos e infindos de vingança. Dizia-se acomodada ao tempo, e ao que o tempo na sua lonjura deixava nos intervalos dos dedos que a chamavam disso. De morte.
Em dois solavancos a rotina desprendeu-se do que ninguém parecia ver, e as coisas acabaram. Uma mulher reergueu-se da poeira, mimetizando uma criança que pela mão a acompanhava no meio de latidos de cães felizes.

2010/06/09

Poema de mãe para pai que aprende a sê-lo


lembro-me da minha mãe
a dizer que o intervalo entre
o espaço e o tempo
estava na covinha linda
que eu conseguia fazer com as minhas mãos,
deu-me um abraço aconchegante,
afagou-me os cabelos,
e depois deixámo-nos
ambos no amor insuflado
da chuva que caía,
senti-me sentido entre
os minutos que pareciam
cantar,
e ela disse-me o mundo,
e explicou-me sonhos
que queria para mim,
esforcei-me por entender,
transfigurei-me em tantos olhos ao mesmo
tempo,
naquele par de pupilas
que achou o amor em
resquícios de folhas
queimadas no prado
a perder de vista,
no que chorando achou
melhor deixar a existência progredir em versos que nem sequer entendia,
e até nos que por aqui
passam sem que ninguém repare neles,
fui feliz quando tão pouco parecia existir para que não o fosse,...

e hoje o abraço,
e o sorriso da inocência,
e o amor das pequenas
coisas que parecendo sem sentido,
conseguem mover o mundo,
e eu que me acho tão
pouco para fazer o
que antes observei....

Texto #95

Com o sangue a escorrer sucintamente nas paredes da concordância, as pessoas sentiram-se inseguras. Capazes de descreverem-se com palavrinhas pequenas e desprovidas de sentido,
mas com aqueles sorrisos que tornam tudo mais complicado e infeliz.

2010/06/02

Relato só


facto,
fé fiel das soltas
indecisões finisterráticas de querer sorrir,
mulher má,
homem sumiticamente
desejoso de progredir,
tardes espremidas do borrão do dia pintado,
solitariamente tudo isto
nada sente o sentido
de desejar escrever
cometimentos....

Dois do seis de dois mil e dez,....Quinze Anos


Ponto,...
reunido pela sombra dos dias que somados,...
dão certezas reunidas em vida...
Escolhi uma alegria, para relembrar a tristeza que já lá vai tão longe.
Mas ainda não se desfez...

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