2019/02/28

Insulto sem nome

bardamerda para os ânus
fissurados de bajulação,
retribui-se com asco
aos lambedores de insuficiências,
aos crânios distintamente
irremediados dos ósculos humanos,...

do que nasce ninguém
e morre em nenhum sítio,
 havia de sentir-se mais chuva
entre os espaços de quem
poeta sobre este nojo,
para que do sol
não se gretem as necessidades
irremediáveis de inteligência,...

e que acabem mesmo sem som,
nos sons que escorrem
pelo nojo inflacionado
dos dias enojados


2019/02/27

Uma frase

inquirição,
juízos indefesos feitos
à beira de um resgate,...

somente nós,
e um claro
pôr-do-sol,
sem cor,
mas fraseado

2019/02/26

Nunca mais pensei no redobrar de cuidados que eram as tuas manhãs

Nunca mais pensei no redobrar de cuidados que eram as tuas manhãs. Ao nos afastarmos, chovia. Recordo-me bem das gotas desmedidas que me beijavam o crânio, fazendo do adormecimento do meu ser um poema sem fim, e sem sentido. Não mexi um músculo do meu corpo. Lembro-me que o que mais me entristeceu, foi aquele sentimento vulgar e repisado de não ter conseguido perceber se choravas. A tua pele, normalmente parecida ao café de todas as manhãs, estava branca do frio. Vi-te esvaziada de sentimentos, quase como se do teu corpo saísse todo o ar de um balão, preso instavelmente nas mãos de uma criança triste.
Nunca mais pensei, mesmo, em tudo o que tinha de não fazer para que das manhãs, pudessem surgir as tardes contigo. E depois as noites que começavam sempre da mesma forma. Com um passeio feliz, e idealista, por aquela rua de prédios desmaiados, flores sem vida, mas que adoravas. Chamavas a cada pedra revirada, ao todo sem cor, a tua paleta de uma obra por acabar.
Não gostava, mas aceitava. Por fim, ao regressar a casa, apercebia-me de tudo o que me apetecia escrever para mascarar o impedimento da fala que sentia.
Já não penso, mesmo, no redobrar de cuidados que eram as minhas manhãs. Talvez por isso, nunca mais tenha tido olhos estranhamente alumiados com a percepção de vida.


2019/02/25

Planisfério ausente

ao mesmo tempo que é de
 manhã na tua luz,
anoiteço vezes
sem conta por falta
do ar que te dava vida no
nosso leito de arco-íris,...

estavas longe,
as paredes deixaram de ser
paletas abstratas,
que reproduziam em
contínuo a tua nudez
que se espalhava,
 como a luz da madrugada,
por um quarto que retalhámos
em pequenos mundos,
para que o universo
nos coubesse nos suspiros,
gretados no planisfério
entre os meus dedos e o teu corpo


2019/02/23

Amor indesejado sem hora

desejos,
a velhice desenhada,
danço com as rugas
atrozes do teu respirar,...

pausa,
amor sem sede,
a comer as dobras de roupas
velhas,
gastas,
dizes-me o silêncio,
faco-te um filho sem alma,
fim,
sou feliz


2019/02/22

Amarrado ao silêncio

os percalços,
tudo renovado quando respiravamos
o mesmo ar azulado,
cheio de ti,
e as coisas vestidas de nada,
nada batia certo,...

alumiada mais uma manhã,
Talvez falando com os verbos incompletos,
os adjetivos do que ficou por dizer,
percamos o ar no peito amarrado ao silêncio


2019/02/21

a cegueira das coisas

as nossas expetativas,
e tu a correres solta num campo de sonhos,
os medos que cosemos neste enlaçado de minutos sobre o qual vivemos,...

reconheço agora nada reconhecer do que escrevemos,
aqueles descolados de sentido que flutuavam á tona do tempo,
no dia como o de hoje que cheira a meses nunca antes vividos,...

se me reconheceres assim,
agora que só cheiro sem conseguir ver os halos desnudados das coisas,
chama-me silêncio 

2019/02/20

...o motor da luz que emanas

não me parece que a sombra dorida
 seja importante,
talvez de uma dor de cabeça
de dor,
ou de um sangrar que
dê para desenhar qualquer
coisa,
as pessoas não se livrem,...

 e os carros passam sempre
da mesma forma,
e as pessoas coxeiam
para o mesmo lado,
lamentando que chovam
imprecisões sem cor,
e tudo isto que não
geme sentido,
faça sentido,...

amo-vos mais que um simples
minuto esmigalhado,
para me humilhar a procurar um
lugar sem dono,
para que me possa explicar,
à míngua de lições de moral,
exemplos de vida que
caibam na palma esquelética
de uma vida esgotada,...

talvez de uma dor de cabeça
de dor,
as pessoas não se livrem,
folheio as palavras assimétricas
para perceber o motor
da luz que emanas


2019/02/19

Mais uma irremediável manifestação de conformismo

Escrevo-te porque talvez já não consiga mais entender-me. O mundo perdeu aquela aspereza que fazia os problemas difíceis de perceber, e as soluções como um obstáculo que não interessava rodear...
Resta-me o som,...
O oco do dedilhar em seco com que contorno as imperfeições
da realidade,...
desperdiçando verbos,
e palavras,
e verbos,
e muita metáfora,...

tudo junto não vale uma bola de comida para
prolongar o respirar,
amanhem-se as idas à beira-rio,
que alumiei duas vezes esta
transparência de silêncios


2019/02/18

Once and always,.....thinking in blank


Falésia sem vozes

a pergunta de tantas
perguntas,
estar a morrer
vivendo mais que duas
gotas de chuva
numa imensa indecisão
de fim de dia,
haverá meras respostas
 de fel para escrever
a lei de tantos dias sem errar,...

não me lembro de perguntar
 coisas sem fundo, 
indefinidas parcelas
de um húmus feito
perspetivas mortas de vida,...

e agora silenciar
a roda esvaziada da solidão,
não há mais
caminho nesta
falésia sem vozes 

2019/02/17

Até que....

Esta seria uma narrativa calma. Com pontas refrescadas, crianças a sorrirem enquanto brincam ao desejo de crescerem juntas e em comum desejo de felicidade. Sol a brilhar num dia de calor afável, que massaja a pele e solta as feromonas necessárias para a que o dia acabe com um sentimento de partilha que faz a existência humana ser produtiva. 
Mas não vai ser. 
Há ansiedade num encontro de duas pessoas. Uma assegura, com um discurso incorreto e transpirado, que acha já não ter nada a perder. Não quer dizer o nome, pensa que andará pelos 50, mas não tem a certeza porque deixou de contar a idade no dia em que assustou duas meninas imberbes ao dizer que tinha acabado de fazer 20. Usa roupas largas, de padrões disformes e cor ruçada. Acha que já foi marxista, mas depois desiludiu-se com a inerente vontade do ser humano em consumir. É solteiro, segurança de profissão, gosta de bicas escaldadas e torradas aparadas, tomadas em cafés de mesas com tampos sujos, e sem televisão. Prefere ouvir rádio, com um som sujo, cheio de interferências, mas que lhe faça recordar a infância, e a quentura daquele ambiente controlado de que tanto sente falta.
Está sentado num desses cafés perante uma mulher. Usa cabelo curto, muito curto para mulher. E as palavras quase que lhe prendem qualquer veleidade de rebeldia, tolhendo-lhe o pensamento e o discurso solto. Também não quer saber da idade, mas neste caso por abominar a perspetiva da morte. Traz uma mala preta, com a alça quase a descoser-se devido à idade indefinida do cabedal. Deixou em casa a mãe moribunda, com um cancro que lhe rói os ossos, e a solidão de saber que terá, ela própria, de esperar pela morte. A filha anda desorientada, e procura não se sabe muito bem o quê. 
Já conheceu o calor de ter alguém à espera em casa. Foi há muito tempo, e quando acabou, o tempo estilhaçou-se em mil bocadinhos, que nunca mais se deixaram apanhar. Está ali para não sabe o quê. Talvez para o melhor. Mas espera sempre o pior. Não consegue deixar de ser pessimista, e pensar que terá de sair dali como entrou. Com um bilhete para o regresso aos dias sem corpo.
Ele tomou a iniciativa. Falou do dia que tinha acabado de nascer. Parecia promissor, apesar de duas gaivotas insistirem em fazer círculos imperfeitos no céu, e trazerem a ideia desnecessária de que a tempestade poderá chegar a qualquer momento. Ela respondeu com um esgar de olhos de aborrecimento. Quem a conhecia, sabia que franzia o sobrolho sempre da mesma forma, quando queria estar em qualquer lado menos ali. Ele percebeu. Pediu qualquer coisa de beber. Sentia que estava num ambiente controlado. Ia aquele café de vez em quando. Os tampos das mesas já tinham perdido a cor, e ganhavam sujidade encardida a cada dia que passava. No ar um som feio, secundado pela velhice de todo aquele ambiente.
Ela sentia-se desconfortável. Pensava em voltar aos dias de sempre. Disse que tinha de ir a um sítio, falar com alguém por causa de qualquer coisa. Ele estava quase a desistir, até que pensou em falar que gostava de retirar sentido à vida, escrevendo. Mostrou-lhe a sebenta que tinha sido do avô, escrita em todos os cantos, na capa e contracapa. A tinta já esborratava. Disse que adorava pequenos poemas. Coisas sem sentido.
Ela olhou despreocupada, sem interesse. Pediu muita desculpa, e levantou-se. Saiu para a rua, virou à esquerda, e começou a descer a rua. Ele ficou indolente. A olhar para o vazio. Pensou que se deveria estar bem à beira-rio, aquela hora...



2019/02/16

Despido de poesias

se te escrevesse um despido de poesias,
um velho corre nu à chuva,
com passos desenhados a estrofes
tísicas e sem ar,
procura um lugar onde morrer,
mas a estrada não acaba em silêncios,
frases,
a mordida certa no lado indescritível da
criação,...

remato a falta de sentido com o último suspiro,
chove o suficiente para desenhar o contorno tosco de um corpo,
de que ninguém quer saber


2019/02/15

...chão sem céu

sei de tudo o que viste em mim, 
linhas soltas, 
palavras que o tempo já 
matou,
e que usava num sorriso debruado
a verdade,
sorriso de hoje, 
de aqui,
metaforizado pelo entusiasmo de me sentir cosido a um tesouro, 
de renascimento,
que pintava como um da Vinci analfabeto no teu corpo cistino,...
mas hoje, 
deixou de haver o aqui, 
as palavras,
o som abafado de quadris a baterem em quadris, 
que casava com a morte impoluta da noite,
fazendo filhos que tornamos nossos quando nos abandonâvamos sem corpos,... 
agora o sem palavras,
só com o olhar em frente para 
um chão sem céu


2019/02/14

Falhado na vida

não mais a sorte como um favor
do desdobrar dos dias,
nem porventura a análise dos
dissabores como o retalho,
de uma história que nem fim quer ter,...

lembrei-me dos mares quando te falava
desta imposição,
a vida desenhou-me heliocentrico,
incapaz de mover a força do vento
nos intervalos do que não calculamos,...

e hoje rabisco ideias num banco de jardim,
com traços irregulares,
e a mão trêmula quando ainda nem a idade apareceu,
sonhei com este momento há muitos anos,
e hoje ele sabe-me a alcatrão de estradas perdidas e que morrem


2019/02/13

Fim sem forma

doer-me assim tanto as letras 
que a morte me tirou, 
talvez com um reflexo de amor pausse,...

era a ver os carros a 
passarem nas ruas de todos os dias, 
que de azul concluía as frases, 
e de todas as cores formava 
argumentos 
sem idade,...

com o momento findo de um beijo, 
desaprendi de esperar,
de lembrar,
só no que foi de me 
doerem as letras, 
quedarei à espera,
do fim sem forma


2019/02/12

Caleidoscópio

...acho que me dói onde
não sabia que podia doer,
se a frase for assim tão forte,
talvez o vento amaine o que
arde na planície dos meus lábios,
mas não creio que a saudade da
rua onde chovia sempre,
que nos víamos,
possa trazer a primavera ao
verso incompleto deste
poema que não sei acabar


2019/02/11

Pessoa reservada

....perguntaram-me porque andava triste,
incapaz de desenhar lábios na
frente resguardada da habitual
desorientação dos meus dias,
acho que ouvi o mar naquele
momento,
e sons descontrolados do
palmilhar de todos os dias,
em cima do que pudesse ser aquela
introspeção,....

...havia fado,
sim, lembro-me de choros
minimamente melodiosos,
enquanto com o silêncio afastava
aquele bisturi que abria as
entranhas que queria mostrar,...

...com secura não foram mais que
alguns minutos,
e depois saí,
tinha um avião para o outro
lado do mundo para apanhar


2019/02/10

Because i want to be mean, mean as a sleeping old dog....


Litania dos demónios engaiolados

escuta esta parábola perfeita,
o som não tem sexo, 
as vezes em que 
o presente se repete 
são nulas, 
e tudo se afunda num futuro sem oralidade,....

 as roupas emudecem até 
a nudez ser intrínseca a ti,
 a mim, 
a todos quantos fazem 
da voz os lábios do amor,... 

e repetindo a paz, 
subindo todas as escadas
 que existirem até uma 
eternidade anoitecida, 
sem dia, 
e sem o fogo fátuo 
da infância imutável,.... 

de parábola 
os sonhos podem 
ter tudo, 
mas de sonho as 
fantasias não têm nada,
 nem sequer a frase solta do distinto,... 

só mesmo mais uma vez 
a litania dos demónios engaiolados, 
tudo será perfeito quando acabar


2019/02/09

Esta vai para a coletânea da Chiado, 'Três Quartos de Amor'. Assim o espero!!!!


Aqui me tens como o sangue invisível que faz chorar as árvores. Em mim, o dia amanhece sempre dependente da noite que corre sobre os meus olhos, acompanhando-me quando palmilho as ruas das outras pessoas, dizendo assim presente ao falso sentimento de segurança que irradio na solidão. Longe de ti. Longe das certezas em que abuso ao gravitar em torno da tua força magnética que desvenda os meus dias, e afasta as noites sem explicação em que insisto permanecer. 
Lembro-me de te ter conhecido afastado do meu ser. Sentia não ter nome, nem idade, nem sequer a certeza de um ser que em todas as pessoas se chama pele. Mudaste a  percepção do meu conhecimento, desenhando no meu esqueleto retalhos de tecido que, com o passar do respirar do tempo, se fundiram na minha capa de proteção. Afastando-me do desnorte do tempo que mata as pessoas.
No desenhado dos teus olhos aprendi, aos poucos, a repousar quando ando acordado, por entre o que nem sentido tem, e assim deve permanecer. Conheci-te quando o sol se escapava por entre os prédios, deixando atrás de si um caleidoscópio de cores no nascer de cada dia. Amor não conhecia. Amor não sabia escrever. Tudo mudou com a poesia de me sentir calmo, com o teu toque. Com a suavidade indescritível do teu caminhar.
Sei agora reforçar num verso a devoção de estar contigo. De te saber minha. De conhecer que o nós se sobrepõe ao cada um à espera de qualquer coisa,…parecida com o fim.
Reconhece estas linhas como o reconhecimento da felicidade de estar contigo.



2019/02/08

A ti, pai!!! (Novo crossover com o blogue 'Páginas Partilhadas')



Meteste-me medo. Impuseste-me respeito. Amei-te de uma forma que nunca soube, e nunca saberei definir. Ensinaste-me que o mundo não são quatro paredes de uma casa, nem o aconchego do amor garantido de quem nos deu vida. Carrego a mágoa de, se calhar, não ter feito tudo para que ainda cá estivesses. Tenho de prosseguir com esse nó no coração, que me tira a liberdade de viver a vida com alegria. Até porque vi a tua vida a desvanecer-se, como uma promessa de futuro justo, própria dos olhos neorealistas que me deste para analisar o mundo.
De ti guardo ainda as palavras de respeito que me cravaste no peito e na razão, uma razão que hoje moldei como barro sem te ter aqui, ao meu lado, para me 'abrir aos olhos até ao branco'.
A ti pai, cada minuto de vida que ainda tenho, dedicado a recriar o melhor possível o papel principal que tiveste na minha vida, na vida de outro ser que é, agora, todo o meu mundo.
A ti pai, sem saber se alguma vez voltarei a encontrar-te. Desculpa pelas desilusões que sei que te dei. E acredita, se me consegues ver à transparência como (quase) sempre conseguiste, que sinto muito a tua falta.

2019/02/07

Até ao limite da transparência

de todas as coisas a que mais gostava de levar eram livros inúteis,
a poda de árvores que nunca tive,
arredondar conversas com surdos,
ou até o meu preferido,
falar de sexo com devotos de castidade,.. .

imoressionava-me descer até ao limite
da inconsequência humana,
devorava todos estes livros pois,
ao mesmo tempo que o fazia em longas viagens de comboio,
não queria saber de disputas com o meu lado racional,.
amante da práxis,
e efusivo quando me encontrava do lado certo do sono,
protegido das depressões de ocasião dos pobres de espírito,...

reduzi-me ao género que todos os dias não tem género,
só amor ao próximo mudo e sem escrita


2019/02/06

Hoje não

...hoje não teria sabido das reticências
que enchem as minhas hesitações,
nem do caminho trilhado sem som,
onde nem os carros se desfazem
em linhas nas estradas gastas,...

..., a hoje nunca chamaria talvez,
antes o possível desnorte de ter
de dizer nunca,
pelos recortes indivisíveis
das mais lamentadas resoluções


2019/02/05

é bom não ter medo de matar pessoas

...é bom não ter medo de matar pessoas,
e também não ter medo de apontar erros
a qualquer um,
ser insensível o suficiente para
perceber que serás o açúcar inconstante
dos dias de todas as pessoas que te conhecem,...

....por isso é bom não ter medo de matar pessoas,
e dizer a quem queira ouvir que
escrever é bom,
e não fazer sentido é melhor,
aflorando as poucas coisas
assim a remar na pouca chuva
do quotidiano,....

... agora deixa-me dormir


2019/02/04

Um dia gostava de saber escrever assim

Da morte, hilda hilst
Por que me fiz poeta?
Porque tu, morte, minha irmã,
No instante, no centro
De tudo o que vejo.
No mais que perfeito
No veio, no gozo
Colada entre eu e o outro.
No fosso
No nó de um íntimo laço
No hausto
No fogo, na minha hora fria.
Me fiz poeta
Porque à minha volta
Na humana ideia de um deus que não conheço
A ti, morte, minha irmã,
Te vejo.

Palavra





2019/02/03

Se um dia fosse um vídeo


Evolução

as pessoas custavam a acabar-se a
si próprias,
ninguém aceitava a finitude de um
argumento,
a falta de postura de uma frase,
porque a linguagem já tinha deixado
de ser utilizada,...

agora a comunicação gerava-se por
impulsos,
maledicências sem cor e sem propósito,...

o mundo arredondava-se o suficiente para,
agora sim,
as pessoas ficarem achatadas como os pólos,
e a evolução assim poder acontecer 

2019/02/02

Alegoria doce

todos os tolos como um bolo,
e o açúcar que escorre das observações
sem dia,
e dos olhos que se definem como passas efusivas,
que se consomem nos dislates sem sentido,...

teria feito aliás todo o sentido informar-te que sofro de diabetes,
e nunca te trincaria da forma eletrificada como sempre desejaste


2019/02/01

História de uma servidora

- O senhor engenheiro gosta dos fatos com goma nas golas da camisa, e as calças bem vincadas,..
Ouviu anos a fio a mesma recomendação. Era dada por um homem de meia idade, com uma apresentação desalinhadamente aprumado. Cabelo rapado, com a cabeça repleta de pequenos pontos pretos que, de tão minúsculos, davam ideia de que o homem tinha um formigueiro que se renovava a todas as semanas. O colarinho tão apertado, que deixava quase dois outros homens saltarem para fora, e deixavam-nos bastante encarniçados....


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