2008/06/21

Discurso de um louco III


Não vemos nada e o carro diz que os pulmões vão doer. Semblante esfíngico, lentes bifocais que distorcem ideias, e não horizontes. Toc, intelectual de direita, estás no deserto. Cairo malfadado, passando por um Cabul horrível, disforme. Intelectual de direita, vais morrer. Eric Blair legitimou-te a visão de um mundo igualitariamente disfuncional. Apenas sobrou isso, vilão de ti mesmo. Descrevo-te assustado, amedrontado em doses quase Kafkianas. Toc, novo pedregulho. Não ouves nada, e o carro diz que não devias estar aí. Sorri pelo canto da boca, enquanto o vento amadurece o que poderás esperar de segundos caninos. Toc, o deserto violou-te. Foste assoberbado de uma forma pedófila, intelectual de direita. Não vemos nada, e o carro reconforta-te como é possível. Traço de mulher no pára-brisas, enlameado. Será a livre concorrência? Escorrem livre arbítrios em pingas de chuva dissolvente. Multipartidarismo irracional que tu agora só desejas ser portas de céu. Volúpia, intelectual de direita. Medianas conversas de pânico com o guia que compraste com 10 dólares, e um traque. Férias jónicas num gelo porventura excessivo para ti. Intelectual de direita, o carro diz que não gosta do teu rácio de amor. Salta, ressalta, afunila. Toc, novo pedregulho.
Bam...
Sintonia de extremos, e o silêncio.
Chove....


#II, #I

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