2023/12/31

Última falta de sentido de 2023

 Ainda assim quis-me,

Quis-te,

Na deceção sem cor destes dedos,...


Num rosto sem dor,

Com um cão que ladra contra si próprio,

E insiste em haver uns minutos de mais qualquer coisa,...


Do que loucura,

Pura e simples à beira de água,

Loucura 

                                                                      Tirado daqui

Inatingiveis 2023 despede-se lentamente

 

Encontrava-me a caminhar sem destino,
Passei pelas mesmas ruas apertadas de todos os dias,
Que notavelmente me pareceram mais largas e cheias de garatujas indecifráveis,
Até chegar a um local amplo e iluminado,...

Estavam muitas crianças sem tutela,
Arriscavam-se pelo simples motivo de não terem motivo,
E senti-me invisivel a caminhar entre elas,
Ouvir risos,
Despreocupacões que pareciam próprias de sítios como aqueles,...

Pareceu-me um local pleno de aromas,
Em que se olhasse para cima via pequenos pés,
A caminharem sem sentido e quase de forma etérea,
Até ser altura de fazer tudo de novo,...

Entardecia quando senti ser altura de partir,
Curiosamente fi-lo com vontade de parar,
Deixar a minha pessoa por ali,
E sentir-me orientado por uma mão invisível,
Que por uma vez me fizesse sentir pertença de algum lugar ou de alguém,.. 

Mas mesmo assim segui,
À espera que me recebessem em silêncio noutro local sem nome

Década vivida platonicamente

 


Assombrava-o a ideia de que um largo periodo de tempo,

Uma década vivida platonicamente,

Com dias robustos e segundos explicados em si próprios,

Podia desabar sem motivo aparente,...


Sentia-se próximo dessa,

Que era uma realidade que nunca experimentara,

E os períodos que devotava à loucura ainda assim controlada,

Às especificas noites sem dormir,

Eram cada vez maiores,...


E aprendeu a tornar prático um sentimento,

Ou uma ausência de sentimentos a que há muito fechara os olhos,....


Chamava-lhes o ódio deixado em cama de fogo,

Não gostava mas o corpo puxava-o para esse lado



2023/12/30

Violenciar

Podes magoar-me com isso,

Os olhos não sentirão,...


Os braços são cor de nuvem,

E perderam a luta,

Estão desmaiados ao longo do corpo,...


Podes magoar-me porque sou um animal submisso,

Não desafiador,...


O esgar que lanço é de ofensa,

Mas contido pelo medo,

E apesar de tudo resignado,...


A hora não é mais de movimento para mim,

É de negação,...


Ofende-me assim

que sentires que a luz vai dirimir a palavra,

E trazer o silêncio que depois ficará

2023/12/29

Contei-vos

 


Contei-vos,

A praia,
O desejo,
Um dois passos de fuga para a poeira,...

Disse-vos o melhor de mim,
A razão recortada como o sol de uma criança,
Disse-vos tanto e fiquei o tempo certo,
Pelo desejo errado, ..

E sou agora a porta fechada,
Como o vento,
O mar a esverdear-se,
A Terra da morte sem cor,
E o fogo,...

Que vos deixo,
Em pratos vazios

2023/12/28

Voto de renúncia

 


Um desenho é tão curto,

O risco intermitente da desonra,

Que segue desordenado com falhas,

Contorna os limites do papel,

Estende-se muito além do que conseguimos suportar,....


E há o voto de renúncia,

Querer que o mundo deixe de contar para nós,

E encaixar isso num rabisco simples,

Feito por entre as lágrimas que descendem,

Insolentes,....


Há tudo isso,

E vão duas marcas de sangue no que se entende por loucura 



2023/12/27

Pó literário



 A ordem foi explicita,

Havia restos,

Detritos minimos de pó literário,

O que se chamava às opinioes inconsequentes sobre um livro,

Um poema,

Que sobravam apos discussões acesas na res publica,....


E eram pessoas escolhidas,

Normalmente ansiosos patológicos,

Quem varria as ruas até à exaustão,

Iniciando-se depois a verdade suprema do silêncio,

Potenciadora de mais e melhor criação 

2023/12/26

....eterno retorno da mente

 


Se pudesse morrer agora,
limpo,
indecifrável como a água,
escolheria o eterno retorno da mente,…

há um caminho certo para a loucura,
as árvores parece que perdem a cor,
quando penso assim,
e sinto por isso que a realidade,
já não precisa de mim,…

um copo de vinho entornado,
a fome que nos tira a perceção,
e já lá vamos ao conformismo,…

por enquanto pensarei,
como a leveza de uma tragédia


2023/12/23

Barco perdido

 


Encontrei o lugar onde não precisar do aqui,

Das mais das vezes do adeus,

Encontrei a frase certa do arrependimento,

A medida certa para desafiar o imprevisto,

E sair a andar com o fogo a queimar-me impoluto,...


Sei agora onde pousar os olhos,

Sentir a verdade inocente,

De corpo resistente ao amor,

À vontade,

E parecer dia de novo,...


Agora sim aquele barco perdido,

Encontrou o seu rumo

2023/12/22

No escuro breu do meu sono

.

 Ia e vinha,

Desiludida,
Roupa de ferro e cara neutra,...

Era a mulher de todos e só de um,
Lustro nos passos,
Braços transparentes,...

E muito vilipêndio,
Tanto que sozinho,
No escuro breu do meu sono,
A ouço gritar,...

Uivos soltos,
Profundos,
E que esqueçamos rápido,
A lógica dos seus desejos

2023/12/21

Boa noite

 

                           Tirado daqui

...desnecessariamente pertencer

 


Esquecera-se de andar a pé,
o que para si significava perder-se,
literalmente,
entre o ir e o vir,
à porta das necessidades de amor
por confessar,…

e por isso,
achando-se sentada num lugar perdido,
com a noção de tempo enlameada
na de lugar,
era a abrir um livro,
a reclamar um prémio de solidão,
e a perder para sempre a vontade
de regressar ao santuário da felicidade,
que ia seguindo,…

não havia momento,
frase certa nem presunção errada,
havia só o pertencer,
desnecessariamente pertencer


2023/12/20

Pequenos recipientes

 

Dubrovnik,2023

A menina desiludia-se com a vida. Havia pequenos recipientes em todo o lado, cuja utilidade nunca entendeu. As pessoas deixavam-nos onde calhasse, eram feitos de loiça pintada, porque assim se tinham habituado. E ela costumava fazer o trajeto por entre as mesas onde estes recipientes estavam colocados, e sentia-se conformada. Ainda aproveitava para ir ouvindo algumas histórias de pessoas que não conhecia. O tempo insistia em estar bom, a chuva andava afastada daqueles sítios, e isso parecia atrair quem tentava analisar a sua aparente desilusão, que a menina partilhava. Parecia ser uma coisa endémica aquele sitio, e isso levava-a a pensar noutros lugares, onde fosse mais fácil esculpir a vida em algo mais do que desilusões. Recipientes de loiça sem utilidade conhecida, e que se calhar existiam como epitáfio para o medo de aceitar coisaa novas...

Voltaria a casa a pensar nisso 

2023/12/19

De poemas partidos

 


De vez em quando trago-te,

Peço te que venhas para

       Junto do que resta de mim,

Gostas desta ide

Ia,

De poemas parti

Dos,

         Desconjuntados e feridos

No âmago,

Erros de sintaxe propositados,...


Quase como se respirasse e

Rradamente,

De propósito,

Para nos mantermos aqui,

Infelizmente aqui,...


Porq

Ue,

Não há mais corrente de ar,

Onde nos re

Viremos,

Convenientemente 

2023/12/18

Compras desnecessárias

 


Mas e depois do mar,

E ao fim de uma conversa pegajosa,

Derretida,

Que deixe mãos e consciência atados de embaraço,

E depois de sulcos deixados na pele dos incautos,

De onde escorre a mentira, 

 e sexo simulado com um odor fétido,.. 


Depois disso se chover,

E apesar de tudo for um dia calmo,

 de compras desnecessárias,

Com pernas por cima de mãos,

E vontade esmagada contra a parede em urros animalescos,

E depois de terminar de falar em vazio contigo,....


Se esta dor continuar?,

O que faremos

2023/12/17

...03h42,a qualidade já foi bem melhor por aqui


 

Fendas de aviso

 


Uma noite,

As pessoas abeiraram-se do final do mundo,

E espreitaram para uma doença que pairava,

Abstrusa e sem recortes fisicos,

No ar do entardecer,...


Uma música sem dor e de compreensão dificil ouvia-se,

E havia quem lesse,

Desdobrasse histórias ao sabor do vento,

Pedindo mais lonjura da desilusão,

Só mais uns minutos em terra firme,...


E a terra abriu fendas de aviso,

Pequenos desníveis que fizeram tremer a multidão,

Mas não ditou o fim,

Fez com que tudo continuasse

2023/12/16

Lua timida de inverno

Havia de ser para sempre. Ia apertar-lhe a mão com tanta força, que com certeza conseguiria demonstrar que não iria a lado nenhum. Ia ficar ali, desencontrado da realidade como sempre. Com uma visão desfocada, mãos trémulas e incapazes para tudo. Roupas ataviadas, e de cores desencontradas com a época e o contexto em que se vivia. De jornal na mão, e capaz de habilidades com o mesmo que não vinham nos livros. A fixação na água fria dos canos, que a vantagem de viver na encosta de uma serra dava. Tudo o que fosse imaginário. Ele iria continuar na presença dela, pelo tempo que fosse preciso .

Até porque não tinha mais para onde ir. O mundo escanhoava-se para ele, como uma barba mal feita. Era feito de socalcos, elevações denunciadas, e sons estranhos, dificeis de definir. Com ela é que estava bem. Com o sorriso semi pronunciado, como uma lua tímida de inverno,...

Que só ela sabia fazer.

2023/12/15

Café a escaldar

 Deveria ser diferente,

As histórias,

O café a escaldar,

As mãos em súplica não declarada,.. 


Várias coisas de memória de escritor,

Que tornassem a situação oposta ao que tradicionalmente era uma vitória,

Dos intervenientes,

Das ideias resolutas,...


Para que quando reentrasses neste mundo,

Não notasses assim tanta diferença,

Após tempo indeterminado 

de ausência 

                                                                         Tirado daqui

Clément-Chapillon
Les rochers fauves

Verão amarelo

 


quando o Verão nasceu
amarelo,
as palavras sem cor,
os alimentos decresciam
entre as mãos dos desesperados,
e o ar ardia,...

tanto mas tant,
 que a realidade pintou-se
de morte,
o esconderijo descobriu-se em vida,...

e as pessoas,
o que restou da humanidade,
esperaram que o outono normal
eventualmente ressurgisse,
ferido,
amputado,
mas normal,
trazendo a preparação
para que as almas arrefecessem,
e o Verão deixasse,
para sempre de ser amarelo

2023/12/14

eu em ti




eu em ti,
a novidade,
o passo certo,
no terreno errado,...

eu em ti,
fruta proibida,
na boca ilegal,
e sorrisos,
tudo o que de bom
uma virtude traz,
e o escuro retira,...

eu em ti,
conta,
contar a luz,
os reflexos que pintam o
vácuo,...

eu em ti,
e acabou,
podendo retomar

2023/12/13

...fundo numa gaveta

 


A guardar-me,

A preservar o que já fui,

O que nunca quis ser,

As dúvidas dos passos que falhei,

A luz fosca dos meus olhos que falham,...


A guardar-me fundo numa gaveta,

Onde o incómodo seja minimo,

E lá longe quem possa ser acordado,

Não o seja com a chiadeira da minha voz,

A ilusão tosca do que sempre prometi,

Deixem-me longe da vista

2023/12/12

...ser andrajoso e sem nome

 


E mesmo por aí. A largueza. Os desafios que um assobio do topo da rua representava. Eram duas e picos,
e como eu gostava de dizer as horas assim!! O dia tinha-se espreguiçado para mim. Ultimamente, punha os pés na rua sempre da mesma forma. À larga. Independente de pressões. Com roupa velha, rasgada. Um par de ténis de Xadrez, que foram de alguém que já não cabe na minha memória. A passada larga, tremida, levava-me a sítios diferentes em cada dia que passava. Era o desnorteado, desorientado, pessoa sem destino, que assustava pelo cheiro, cativava pelas ideias. Um dia inocentei um assassino. Expliquei-lhe que a culpa que sentia, ao chorar desalmadamente junto de um homem a quem o sangue brotava, em golfadas, do peito, era sempre relativa. Se havia uma faca, teria havido uma provocação. Se havia arrependimento, o mesmo cabe sempre no bolso de trás de quaisquer calças. E seguia caminho, inocente para mim mesmo. Culpado aos olhos dos que me viam escapar, impunemente. Sem me querer apresentar, sou fruto das minhas próprias circunstâncias. Fui filho da aventura e do queixume. Nasci presente, e cresci passado. O meu tempo cabe agora nas ruas onde me esconde. Nos becos da náusea, do vómito. E quando regresso ao meu espaço, onde me escondo talvez, de mim próprio, não há nada que caiba na inexistência do meu sorriso. E mais não escrevo. O sol já se põe, esquadrinhado pelos intervalos da prisão de casas que me tem, por enquanto, alma desorientada e sem idade….


2023/12/11

Além das banalidades

 


Uma encruzilhada,

Era necessário explicar o que se tratava,

E ir alem das banalidades,...


Seria uma decisão violenta,

Que implicava a modelação e o melhoramento do tempo,

Deixar pessoas para trás,

Vir à praça Pública creditar o medo,

A privação de sonhos e de ilusões,

Como causadora disto,

Uma encruzilhada,...


Havia muita gente receosa do futuro,

E das ilusões do presente

2023/12/10

latitude do amor e do medo

 


porque o sorriso te traz ondas,
um desassossego pintado
e escrutinado,…

há uma razão porventura
inútil,
o bater das ondas no
teu sorriso à distancia,…

largas dadas à loucura,
a uma mesa farta de sangue esboroado,…

é como se a latitude do amor,
fosse a mesma do medo
 

2023/12/09

são desvantagens apenas

 


agora está tão longe,
o café arrefeceu,
sobram migalhas da
torrada de todos os dias,
a porta da rua encravou,
e sinto com os olhos
a vantagem de um erro inaudito,....

se chove,
é porque o sol o
permite,
se me lês,
não o sinto,...

uma receita de Valium
era agora,
aqui,
precisa como o ar
que me escalda os cílios,...

são desvantagens apenas,
e um dente de leão conforta-me

2023/12/08

....a ponto de a dor me pedir sexo

 


Depois da derrota,
de quando em vez a verdade,
vermute e água como garantes do frio,
de uma qualquer manhã,….

Repouso de mão estendida na escuridão,
enquanto a parede se recolhe em parcelas,
deitada aos meus pés como um cão dócil,…

Deixo que a transformação do real,
seja díspar de um sonho assim traduzido,…

E eu reclino o corpo,
a ponto de a dor me pedir sexo


2023/12/07

...próximo pesadelo

Escrito ontem,
no que ontem traduziu em branco,
era ao contrário,
uma toalha de estendal a crepitar ao vento,
a volúpia,
bolsos cheios do que quer que seja que isso era,….

Um carro que arranca desesperado,
e ela,
perdida na bruma da madrugada,
num sítio onde o som não chega,
porque se calhar não existe,….

Reparado e reescrito,
o ato de fechar um livro,
para que o próximo pesadelo surja outra vez


2023/12/06

....()....*_*....().......

 

No crepúsculo, olhei pela janela do quarto de hotel. A cidade parecia arrastar-se, dolosa, a pedir desculpa a cada centímetro de ruína… Ao longe, um carro tosse golfadas de escape preto, que sorrateiramente acasalavam com a cacimba própria do início de inverno. Penso em oportunidades perdidas. Na resistência que tive, e deixei nos acasos do meu contentamento. Nas virtudes de um bom livro que se deixa por ler, em desfavor de um beijo. Somadas ilusões. Percebidas sonolências que aquela hora ainda envolviam o mundo que a visão abraçava, recolho as cortinas do que o real me oferecia. Sentia azedume. Vontade de voltar a um sono de comiseração. Optei por me vestir, abrir a porta, descer as escadas, e sair…. Chovia o suficiente para limpar o caminho que se me oferecia

2023/12/05

Ele desejado

 


Todas na verdade estavam despojadas de vontade defronte dele,

Queriam-no num misto carnal,

De sexo aos saltos e lábio inferior em sangue cedido ao desejo,

E de inconsciência sentimental,...


Aqueles momentos vitorianos que não se explicam,

E nos levam à penumbra que vem depois de um nascer do sol radioso,...


Ele desenhava as suas próprias presenças,

Inspirava saber estar,

E expirava tempo porque só de tempo viviam criaturas de limites indefinidos,

Como ele era,...


As coisas mudaram um dia,

O verbo ficou reflexivo,

A imprecisão da espera fê-lo decidir mudar,

E mais ninguém viu o sonho que ele até aí tinha sido,

Sucederam-se golpes e golpes sem sentido de violência,

Em olhos que até aí o tinham admirado

2023/12/04

Era o poeta a querer ser Deus

 

Chegou,
Cerrou os punhos,
Os olhos enevoados feridos pelo sol da manhã,...

E foi um sonho espraiado em qualquer sítio que não o seu,....

Deixou-se voar,
E pareceu estender um tapete de relva sem fim,
Cobria sorrisos,
Choros,
Histórias de amor e ruas,
De luz e escuridão,...

Sentia-se o dono da criação,
Para que quando reabrisse os olhos marejados de lágrimas,
Tudo azulasse de novidade,....

Era o poeta a querer ser Deus

2023/12/03

Arroz empacotado

 


O desejo,

Como um quilo de arroz empacotado,

A forma de o dizer explicita o devaneio,

Mas deixa por explicar os contornos do corpo,

A imposição de linguas,

A voz ou os gemidos universais que cravam sangue na alma,...


O desejo,

O desmando de sexo projetado que ele traz,

Consegue escrever-se,

Fazer poesia mediocre com ele,

Mas não se entende,

Por todas as sombras de uma sexualidade mal resolvida,

Nunca se entende

2023/12/02

Olhares

 


Os teus olhares estavam dispostos sobre a mesa,

O frio,

A noção arbitrária de calor,

A falar vencia-se o silêncio,

E perpetuava-se a finalidade de refeição,

Que este momento surreal queria dizer,...


Achava mais que a dor deste tempo engolido,

Envelhecido,

Virado para dentro como gostavas,...


Mas era de olhares que falávamos,

E eles sobreviviam,

Espalhados pela mesa

2023/12/01

Dezembrando a 11 de julho

 


Forma um pequeno barco com a base das mãos,

Os olhos têm de estar fechados,
Não se navega com a percepção, sim com a ilusão,...

Há princípios morais em causa ao fazer a vida,
Correr desta forma,
A responsabilidade esvazia como um balão que perde a forma,
Deixamos a vontade e passamos a depender do sonho,...

Mas vai,
Espero-te do outro lado,
Com os braços abertos

2023/11/30

...sol de volta aos seus olhos

 


Sabia estar no fim da vida,

O tempo passava com a vagareza que nunca tinha conhecido,

O corpo encolhia como uma esponja que se torce,

E havia cada vez mais espaço entre as palavras e os sussurros que libertava,

Mas ainda assim recusou a subjugação,...


Recebeu forças da memória,

Da casa que já foi cheia e agora a amedronta de solidão,

Do amor vitorioso de todos os dias da sua vida,

E gritou,

Avisou o mundo,

Os ainda vivos e os que a tinham amado e já só a viam por trás do silêncio,

Que era ainda uma pessoa,

Merecia respeito,

E queria sol de volta aos seus olhos

2023/11/29

Aliviar o choro

 


Ninguém lhe perguntava se era feliz,

Tinha-se limitado a regressar ao sítio onde o tempo era pesado,

Em que os sorrisos pareciam coisas dos filmes americanos,

De que toda a gente desconfiava,...


E as pessoas se confirmavam a elas próprias,

Sem espaço para recursos de sentimentos,

Ou frases feitas de amor,...


Parecia-lhe bem que assim acontecesse,

Ao menos conseguia todos os dias aliviar o choro,

Que trazia apertado na garganta,

E ao faze-lo de noite,

Quando só a espera dos velhos pela morte se ouvia,

Deixava-o conformado,

Expectante do novo e colorido amanhecer 

2023/11/28

Silenciavam o sentir

 


Ela foi a mais nova impressão de sonho que por ali passou,

Os seus cabelos eram simples,

Brilhavam incandescentes ao sol,

E recolhiam-se em casulo ao entardecer,

Tinha um sorriso naturalista,

Repleto de cores e ao mesmo tempo opaco e sensivel,...


As pessoas silenciavam o sentir perante ela,

Mas mostravam ilusão no olhar,

Um conforto amoroso quase,...


Ela fazia por ignorar a felicidade racionalista de perceber tudo isso,

Mas guardava-o por dentro de si,

Contra as paredes de si mesma

2023/11/27

Exercício de envelhecimento

 

Terminal de autocarros de Ljubiliana, Eslovénia 
26-6-2023

Cheguei a velho, e ninguém me tinha ensinado a lidar com isso. Eram manhãs diferentes, com uma diferença insinuante, que batia à porta quase como se quisesse entregar uma encomenda de um familiar distante, e depois nos entrava pelos poros, numa dor excruciante e que humilhava. As frases saíam a medo. O cérebro dava mostras de desligar muito devagar, e afogueava todos os sentidos, numa clara sensação de não retorno.  Eu consigo ainda perceber quando essa noção clara de fatalidade chegou.  Tenho 62 anos conformados. O meu corpo falha, mas falha subtilmente.  Mostrando que é ele quem manda, e que eu nunca poderei fazer nada para evitar essa fatalidade.  A minha vista esmiuça-se como bagos de arroz. O som da vida chega-me por um túnel que se vai estreitando cada vez mais, a ponto de acordar sem me reconhecer a mim próprio.  A memória, bem, essa sinto-a como um caleidoscópio sem sentido, e com cores que nem sequer consigo dominar. Era um inicio de manhã de Inverno, e procurava sapatos decentes para calçar. A minha casa tem uma divisão única para estes acessórios, e cada par tinha até aqui uma história diferente para contar. Tinha apreendida a data, o contexto, a verdade com que tinha comprado cada um deles. E, de repente, isso parece ter sido a primeira coisa que deixei de controlar. Depois veio a necessidade de cumprir horários.  Considerava-me um fanático da rotina, com horas meticulosamente definidas para cada parte do dia. E esse desejo esvaiu-se a seguir. Passei a arrastar-me da cama de manhã. Não tinha objetivos porque escolhia deixar de os ter.  A uma solidão auto assumida, tinha aprendido a responder com designios fortes de vida.  Perceber o mundo em que vivia, dominando assuntos que eu próprio escolhia.  Fazer-me ver junto dos edifícios dos órgãos de soberania que tinha aprendido a respeitar. E principalmente, acima de qualquer outra coisa, não ser mais um na maré de anulação que matizava os dias. E agora escrevo a forma como isso me está a ser retirado.  De uma forma vil e metafórica. Não ter já quem nos salve de uma fatalidade como esta, é mais doloroso que inacreditável. 

2023/11/26

17 anos:-(

Inatingiveis 2023: 16 anos:  Acocorado, Uma palavra que gosto, E assim estou à espera que do dia, Nasçam pequenas diferenças no jogo da evolução,... Imagino filhos de u...

Sangrar

 


....deixei de ser eu quando o tempo saltou por cima de mim, relinchou como se fosse um boi na tourada mais próxima, e nunca mais ninguém o viu. Lembro-me dos desejos de miúdo por fazer, com espírito de trazer por casa. O mesmo que se divertia a tocar a campainhas, era o que agora pensava por onde tinha. Por onde queria ir. Por onde teria de deixar de caminhar, para que o zé, o manel, o não sei quantos, o cara cagada, e os outros que já cá não andavam, se pudessem, quem sabe, orgulhar de mim. Eu cheguei a dar nas vistas. Era um miúdo que se pode dizer dotado. Punha os pontos nos is, acabava as frases com entoação, e achava na música o que sabia que a maioria não era capaz de encontrar. Mas depois perdi-me,
o tempo passou-me por cima, e agora não sei onde anda. Sou o mesmo de sempre, mas aparado nas pontas. Não me consigo reparar...

2023/11/25

Saco cheio de desejo

 


Era pouca coisa,

Um saco cheio de desejo,

Umas calças andrajosas, de cor inofensiva, desatualizadas,

A vontade despropositada de mudar,

E ainda lápis quase gastos,

Vários de tamanhos diferentes,

Espalhados irregularmente por sobre a mesa de todos os dias,....


Não sabia o que fazer com o que me havia sido oferecido,

E estava sentado,

De cotovelos ligeiramente apoiados,

E o queixo disposto em postura reflexiva,...


Era mais um beco sem saída na minha vida

2023/11/24

Ouço esta música e sinto-me com cinco anos de novo....

 


a priori,...lugar

 


vou chamar lugar,
o que subtrai,
soma sem refletir,
as circunstâncias de um erro,
o sorriso sem preço
de um amor que sempre será,.....

tudo é lugar,
desde que não exista,
não tenha preço,
não custe mais que uma virtude,
um elogio fora do lugar,
não custe sem gestos desligados e desvirtuados,....

chamo de lugar,
com letra irregular,
trémula,
própria de uma pessoa com defeitos,...

e que no final do tempo,
inche tanto,
tanto,
que se saiba que rebentará,...

quando já estivermos,
onde possamos chamar outra vez,
lugar

2023/11/23

Canção sem forma e cor

 


A ferida envolve-me o braço,

Num percurso irregular e profundo,

Que me devassa a pele,...


Percorro a distância entre a sanidade e o desejo,

E acumulo um rasto irregular de sangue,...


Lá de fora um cheiro infinito a vontade,

Invade o meu mundo,

Com gritos lancinantes de pássaros,

Ainda a resistir ao silêncio envolvente da noite,

Que vai a chegar,

Numa canção sem forma e cor

2023/11/22

Atemorizada pelo desprezo


 Era interessada por natureza,

Esforçava-se por rir, ouvir, perceber,...
Retorquir quando preciso,
Adotar o silêncio quando o bom senso mandava,
Ansiosa e mutante,
Adaptava-se ao meio,
Mais do que o inverso,...

Isso saia-lhe da pele,
Como um réptil que pratica o mimetismo,...

E assim continuava,
Receosa do tempo,
Inimiga da morte,
Atemorizada pelo desprezo

2023/11/21

Um dia gostava de saber escrever assim

 

Mary Jo Bang

poetisa norte-americana

Hipotálamo



 Sentia a memória fechada,

Com quatro barulhos secos e violentos,
Semelhantes à ativação de uma fechadura,
Que jurou ter ouvido a polvilhar o hipotálamo,...

Era certo que a vida mudaria,
Os sentidos adaptar-se-iam,
Os membros deixariam de responder à rotina,
Até o onirico ganharia novas formas,...

Viesse o que viesse,
Seria bem vindo,
Era uma fase da vida por descobrir 

2023/11/20

Citava filósofos

                                                                            Tirado daqui
Obra original de Frank Zappa


Foi da presença de um estranho,
Recordo-me que citava filosofos,
E genericamente dizia-se feliz por haver uma alegoria da caverna,
Foi dele que se sobrepôs a razão,
Em vez da virtude,....

Não me recordo da sua aparência,
Mas também não conta para o momento,
Só sei que reforcei a construção que já tinha do determinismo,...

Tudo para mim,
Até a forma exponencial como o corpo me dói,
Depende do ângulo raso que o sol faz ao nascer

2023/11/19

Linguagem não verbal

 


Sentou-se junto à avó enquanto ela tricotava. Era um hábito antigo, do qual não estava disposto a abdicar. É que gostava tanto daquela criatura, de uma forma intrinseca, sincera, até devota, que tinha conseguido desenvolver um sistema de comunicação não verbal com ela. Um sim era o que todos sabem, um menear de cabeça. Um não, abanar o pescoço servia. Polvilhar aqueles minutos pardacentos e que passavam devagar com muitos amo-te, era conseguido com abrires e fechares de olhos. Até conselhos se conseguiam pedir sem falar.  Quando ele estava mal de amores, a avó percebia. Era hábito sentar-se no chão, de pernas cruzadas, a olhar para o chão com o queixo apoiado nos nós dos dedos, que fechava como se rezasse. A avó punha-lhe a mão na cabeça se achasse que era hora de mudar, seguir em frente. Se continuasse a dar pontos atrás de pontos, sem sequer reparar nele, é porque a rutura ainda não era para chegar.  Ele achava que a pessoa mais importante da sua vida, que tinha ali junto de si, tinha desistido de falar. Mas não desistido da vida.  As agulhas de tricot eram como os ramos de árvore a que ela se agarrava, com toda a força, recusando desligar-se da vida. E isso alegrava-o. Fazia-o sentir completo, recusando-se por enquanto a pensar no dia em que chegaria aquela casa que era a casa do seu ser, do seu coração, para ver que aquele ser frágil, mas não derrotado, tinha desistido de fazer tudo aquilo. No dia em que isso viesse, a sua vida mudaria. Até lá, era aquilo.  Um doce e pachorrento convívio com o tempo, e deslindar de amor

2023/11/18

Boa (e húmida) tarde


 

Espirrar sangue

 


Não te dou fruta,

Antes de mim terás carne,

Encarniçada e a espirrar sangue,

Uma pulsão de vida e nunca,

Em momento algum,

Um sinal adulterado de pecado,

Que consigo sempre ler como um livro,...


De mim terás o que sou,

Isto que te disse,

E não um assombro falso de mediania

2023/11/17

Sonho grego



 O som da rebética afunilou-se pela minha cabeça dentro,

Estávamos com a acropole ao lado,

Os dois enevoados pelo calor da velha Atenas,...


O tempo custava a passar,

Culpa da música inconsequente que nos rodeava,

Por entre os espaços que os insetos deixavam,...


Achou-se a bissetriz do silêncio,

Apesar de tudo,

E pude dizer-te o que queria,

Um amor de mãos sujas com açúcar,

E medo sufocante de ausência 

2023/11/16

A vulso

vamos descobrir-nos,
há um montinho de desejo em pó,
espalhado pela casa,...

passos certos,
sem rumo,
deixam-no capaz de ganhar
corpo,
andar,
e deitar-se entre os
nossos corpos apagados


                                                                                Tirado daqui

Terras longínquas

 


Sim eles quase descobriram o amor,

O horizonte é limitado,

A virtude já não estava em cima da mesa como até aqui,

Os miúdos só conseguiam pontapear bolas cor de carne,

Em silêncio,

Enquanto os adultos rodeavam uma praça envelhecida de centro de cidade,

A falar sobre tudo e coisa nenhuma,...


Tinha-se chegado a nomear terras longínquas,

Onde a virtude existia,

E as pessoas até davam as mãos para deixar escorrer sentimentos entre elas,

Mas nunca chegou,

O amor parecia ter passado ao largo daquele sítio 


2023/11/15

Loucura coartada

 


Fez-me mal ler um livro de memórias,

Tão sangrento,

Visceral até,

Uma escrita da carne e para a carne,

Alongada no tempo mas recolhida no espaço,...


Foram de transpirar notivagas dissertações do autor sobre a luz,

A loucura coartada em raios esporadicos de vingança,

Que invadiam uma pequena casa, 

Por todas as entradas possíveis,...


Um livro de memórias delicioso,

Mas nocivo

Escrevia fados

 


O meu tio fazia isso de escrever fados,

Era uma segurança e um escape para ele,

Um pequeno bloco servia,

Já envelhecido,...


Com uma caligrafia de esmero,

O homem refugiava-se em amores impossíveis,

Histórias de devoção com muito mar pelo meio,

Desenhava na frugalidade da imaginação homens de trabalho,

De espírito tosco mas respeito à tradição,...


O meu tio nunca me mostrou o seu bloco dos fados,

Agora já não o tenho para confirmar o que sempre supus 

2023/11/14

Paredes das ruas

 


Nestas primeiras horas a vista ainda me pesa,

Os braços como que apodrecem,

Corrompidos pela digestão errada do que a cidade nos faz ä memória,...


Soluções para tudo não existem,

É o que me ocorre ao lambuzar-me pelas paredes das ruas,

E virtudes retiradas de autores que nunca lemos,

Também não,...


Vou fazer o qus sempre faço,

Quando estou indeciso,

Afasto-me do contador das lágrimas,

Fazendo questão que tudo o que faça e diga,

Cesse de alguma vez ter sentido

2023/11/13

Ditava desgraças

 


Sonho com as estrelas e elas rejeitam-me,

Falam de um cisma religioso contra mim,

E esbracejam,

Anulam anátemas,

Desfazem ilusões,

Tudo está perdido e ninguém poderá resolver o que se perde,...


O homem ditava desgraças,

Tomava nota de datas,

Sentado na mesa de canto do café,

Olhava nos olhos quem passava,

E marcava para breve o fim do mundo,...


As pessoas teriam de se salvar, 

Confiando-lhe os desejos,

Sem retorno possível 

2023/11/12

Submeter-me

 


se terminar,
as palavras seduzir-me-ão,
haverá luz suficiente para novos dias,
novas folhas descontroladas de
razão,....

a verdade virá em colheres
de prata,
sons dourados,
velas tremeluzentes que morrem
com elas próprias,...

 se teminar,
a virtude será minha,
e uma passagem da Bíblia,
Novo Testamento,
porá termo ao tempo conforme o conhecemos

2023/11/11

Insubmissão do dia

 

Imagina um homem sentado na brancura de um pátio,

Escorre luz pelas paredes,

Ele admira a insubmissao do dia,

Aproveita o espaço para dispor prioridades,...


O homem sente-se como um braço de rio,

Que se perde anónimo pela insignificância do espaço,

Uma pedra de sol acaba o impasse

2023/11/10

Num prédio



A subida faz-se morosa. As escadas tremem aos pés de um padre sem confiança. Pára em frente à porta de casa, tira chaves que tilintam com os tremores nervosos, e entra. Chove. Uma irresponsável entra no prédio, visivelmente afetada pelo súbito mau tempo. Bate os pés várias vezes, enquanto maldiz a sorte, o que lhe resta do dia, não ter correspondência nos devaneios amorosos que experimenta diariamente,...
Numa mão segura dois sacos com compras, na outra uma flor desmaiada que não se lembra como ali foi parar. Entra em casa, parecendo-lhe ouvir uma música que não percebe de onde vem.
No último andar um menino sai de casa. Vem alegre, pois transporta uma caixa redonda com pedras luzidias e raras, que jurou guardar até ser adulto e começar a trabalhar como geologo. Desce as escadas sorridente, sem reparar que quase vai chocar de frente com a moradora mais velha daquele prédio, que ele nem sequer conhece. 

2023/11/09

Pombas de más virtudes

 


Trazes noticias,

O teu caminho de onde eu nunca estive foi direto,

Sem pombas de más virtudes, ....


Trazes notícias de frases soltas,

Por quem esperas assim,

De cabelo solto,

Passos incertos e remendados no chão,...


Pensa em epiciclos,

As noticias que trazes, 

Caberão na curva da noite,

Que se precipita no torpor do dia 

2023/11/08

Viagem imaginada

 


À partida este seria um caminho fácil de percorrer. Um tosco retângulo de terreno com mais ou menos um quilómetro de diâmetro, e uma estrada ziguezagueante, aos altos e baixos, mas em relativo bom estado, que a atravessava na diagonal. Há praias no inicio, e penso que no fim também haverá. A ideia é parar lá, debaixo dos tamarindos velhos mas frondosos, e ganhar balanço para chegarmos ao outro lado. Acho que no inicio e fim da viagem as paisagens serão parecidas. Curtas extensões de areia, que deixam os pés a vermelhar de salsugem, por entre o tímido impeto de ondas que chegam para nos lamber os pés, e depois regressam prontas a voltar e fazer o mesmo a quem se atrever a passar depois de nós. 

Pressinto o teu hábito de apreciar experiências destas de forma indolente, escolhendo locais ao acaso para te deitares, se possivel nua, amantizada com o bater do coração da terra por baixo do teu corpo insinuante. Pressinto e desejo. Gosto de locais excessivos, para que o excessivo do que temos sobressaia

2023/11/07

A despedida foi dolorosa

 


Tinha um relógio 

De corda. Dos antigos, que me tinha custado qualquer coisa que já nem me lembro.

E ele tinha o hábito curioso de parar sempre que te encontrava.

Punha músicas diferentes a tocar no rádio do carro. Dava à manivela para cima e para baixo para que, pelo menos num sentido figurado,

Te pudesse prender, e às tuas hesitações, e aos teus desejos perdidos, de forma a que o relógio,

Pudesse funcionar normalmente.

Mas ele insistia em parar sempre quando tu estavas perto.

Fomos dormindo pela cidade,

Em espaços que não vinham no mapa, repletos de sons pequeninos, e de sonos que apreciavamos muito,

Mas o problema continuava igual. A ponto de perdermos ambos a noção de tempo. E a solução encontrada foi única,

E comum.

Íamos emigrar um do outro. Pegar nos nossos corpos, nos parcos haveres que havíamos juntado neste epicurismo puro que tínhamos vivido,

E partir.

A despedida foi dolorosa. O teu corpo fechou-se ao meu toque. E soube que nunca mais irias ser minha da mesma forma

2023/11/06

Um dia gostava de saber escrever assim

 Não darei o teu nome


“ Não darei o teu nome à minha sede
de possuir os céus azuis sem fim,
Nem à vertigem súbita em que morro
Quando o vento da noite me atravessa.

Não darei o teu nome à limpidez
De certas horas puras que perdi,
Nem às imagens de oiro que imagino,
Nem a nenhuma coisa que sonhei.

Pois tudo isso é só a minha vida,
Exalação da terra, flor da terra,
Fruto pesado, leite e sabor.

Mesmo no azul extremo da distância,
Lá onde as cores todas se dissolvem,
O que me chama é só a minha vida.”

David M. Ferreira

E os dedos doem-me

 

Tudo o que for apresentado,

A loiça,

O desejo de partir,

Roupa de um passado enublado e que envergonha,

Tudo será queimado,

E as cinzas espalhadas no caminho ímpio da falta de virtude,...


Tudo o que for apresentado,

Está neste poema,

E os dedos doem-me,

Porque a verdade não é esta,

É outra que não conheço 

2023/11/05

Traduzido e arrependido

 


Como devem ser os que guardam ossos,

Quem ao relento deixa a pele retalhar ao vento,

Como devem ser os desesperados,

Quem se arrepia debaixo do sol solitário,...


Como deve ser o dinheiro que paga a partida para longe,

Para a família exposta ao suor,

Às desilusões,...


Como devem ser os poucos pontos,

De um conto que ainda tenho por acabar,...


Como deve ser o prazer,

Traduzido e arrependido,

Na tua pele

2023/11/04

Papelinho gasto e inocente

 


Vivemos distantes de nós!,

O fingimento assim não se esconde,

Vai-se adiando como aquele amor que se vê ao longe,

Muito ao longe num horizonte de madrugada,

E se sabe que vai acabar por nos tocar,...


Parecia premonição a forma como te escreveste,

Toscamente,

Num papelinho gasto e inocente,...


E depois saíste para qualquer lugar sem nome,

Parecia premonição para as palavras que agora,

Me estão travadas acintosamente na boca

2023/11/03

O dia mais feliz da minha vida

 


3,4 pingos de saliva

 


Ela escondia-se por trás de olhos apagados,

E dava erros ortográficos propositados,

Escrevia amor com 3, 4 pingos de saliva,

E morte com uma desonra de sangue que precipitava da impressão digital,...


Por vezes ela nem nome sentia ter,

Idade sim,

Muita,

Apesar de ser ainda a acólita do próprio corpo,

Numa Eucaristia de toques onanistas,...


Ela era assim,

Nitidamente desapegada

2023/11/02

Em repeat

 


Gosto acre

 


Era um gosto acre,

Apodrecido até,

Que nem um contorno demorado pelos braços,

Com uma paragem em seios pequenos mas firmes,

Parecia atenuar,....


Um gosto de carne,

Apagada da vida,

Que queimava à vista coletiva,

E desiludia,...


Mais do que um rosto ensanguentado,

Uma moratória sobre a morte,

Servia até para assustar,...


Apetecia esgotar o receio do novo,

E esperar que do ar surgissem novos desafios

2023/11/01

Novembrando a 10 de junho

 


Escritores russos em barda,

Um desejo interminável de literatura de estepes,

Enquanto o chão rangia,

A água para o chá ganhava vida e corpo próprios,

O trânsito na rádio se imiscuia pelas paredes,...



As mães desesperadas de tolstoi,

O medo preso de soljenitsine,

Tanto verbo gasto por ribakov,

Escritores russos juntos abrem a porta de casa,

E apontam a vida lá fora

2023/10/31

Aperto de mão firme

 


Ele entrou então na sala,

O senhor do seu destino,

Das suas escolhas,

Escolheu ao acaso quem cumprimentar,

E calhou ser um perfeito anónimo,

Sem qualquer elemento identificador específico,

Um total desconhecido,...


Usou o que usava para se afirmar,

Aperto de mão firme,

Polegar a sentir os ossos frágeis do homem que nunca vira,

Mas com a defesa de não trocar olhares artificiais,...


Seguiu depois caminho para repetir o processo,

Com quem calhasse e de forma aleatória 

2023/10/30

Cama de esteiros

 


O escuro era a casa que ambos tinham acordado,

Com cama de esteiros,

Uma janela aberta de par em par para o mundo,

E sinais de vento pelas paredes,...


Sentiam-se parte do desejo naquele mundo,

E nada,

Nem corpos trocados,

Nem sexos provisórios,

Serviria para improviso de separação,...


Nada

2023/10/29

Foco de incertezas

 


hoje,
muito bem,
a vontade,
o desejo,
um copo ou dois de
desorientação,
e tanto desnorte,
desnorte do puro,
com gritos na noite,
agressões sem sentido
que cobrem corpos,....

e para mais,
aliás de menos,
a idade das vontades,
e tudo isto,
esquece-se,
com bocas de flores,
braços de água,
e muito medo,
de mais esperança
em novas madrugadas

2023/10/28

Lupen da sociedade

 


Seguia o que Vladimir ilych pugnava,

E gritava a plenos pulmões,

Era preciso expurgar o lupen da sociedade,

A vitória surgiria assim,

Mas teria de se construir,

Uma nota no bolso,

Desejos recônditos de felicidade,

Atenuados pelo trabalho,...


E leitura,

Muito trabalho mental,

A sociedade perfeita não se construía só na teoria 

2023/10/27

Paredes invisiveis



 Não há a política,

O desejo certo para fazer o bem,

A vontade dedicada de um sonho,

Não há a ilusão de um devoto sem nome,...


Tudo se escreve com vários tons de invisível,

Para que um dia,

Se possa voltar atrás,

E dizer como pode a manhã se repetir durante tantos desânimos,

E a madrugada ser egoísta,...


Até a luz de pouco conta,

Empurrada assim contra paredes invisíveis 

2023/10/26

Fio de Maria Callas

 


Eu podia ser já agora sabes,

Feliz,

E depois vinha a primavera,

Com um fio de Maria Callas no Scala de Milão pelo ar,

Podia ser uma nova pele,

Menos agressiva,...


E depois inevitável que se contasse o desejo,

Disposto sem regra pelo chão inútil das flores,

Doía-me o corpo e os olhos,

Mas tudo seria bom,...


Assim haja vento,

E eu possa ser feliz

2023/10/25

O futuro que não surge

 


Os dentes tão cravados uns nos outros,

A ponto de os olhos saltarem das órbitas,...


A raiva que passa para as unhas,

Cravadas na pele das palmas a ponto de o sangue vir,...


O passado,

O presente,

O futuro que não surge,

Concentrado numa cara que rebenta,...


Houve tempo para evitar esta vergonha

2023/10/24

Mundo defeituoso

 


Guarda tu como quiseres,

A minha pele apodrecida,

Os braços que de quando em vez se soltam,

E me deixam endeusado,

Mas incompleto, ...


A verdade vem depois,

Eu estive aqui submetido à dor,

Conformei-me sempre achando que a revolta,

Eram passos certos para o abismo que fica na sombra do sucesso,

E por isso quis uma outra marca,

Um mundo defeituoso,

Mas à beira das mãos,....


E falhei,

Ainda falho quando me limito a uma linguagem de olhares,

Com a tua presença inquisidora

2023/10/23

Brilho polido

 


De acordo com as circunstâncias,

Este era um contexto de brilho,

Dos olhos, das mãos, dos dentes,

Do caminho de saída após um dia de confronto,...


Brilho polido,

Destroçado,

Com animais perto como se de um idilio se tratasse,... 


Brilho que te ofereci,

Sem esperar nada em troca,

Enquanto o meu corpo se deteriorava em fole,

Perdendo ar

2023/10/22

Epifania

 


o problema de não saber o que é o amor;
estar a observar uma estrada vazia,
com carros que se cruzam,
ocasionalmente,
por entre a bruma da noite
que faz desenhos no ocaso,...

 não saber se a solidão,
o que nos diz aos ossos que é inverno,
e estaríamos melhor deitados algures
num canto do mundo,
com um corpo a exalar calor ao nosso lado...

não saber se a vontade nos tira de
um quadro incompleto,...

se amanhã valerá a pena repetir o
que agora se quer matar,...

não saber se o amor é o som de um
cão enlouquecido que se agarra à vida sem descrição,....
e haver a terra que nos abraça,
encarecidamente como a vontade de mudar 

2023/10/21

Garante possível do conforto

 


A luz mudou,

Observa-se a frase esperada,

Que parece pairar invisível por uma sala já escurecida,

Os olhos habituados a um breu ainda insignificante,

São o que resiste de dois corpos imóveis,....


Aparenta já ser manhã,

Mas as janelas trancadas em cruz impedem a percepção,

As mãos recrudescem do imobilismo,

E procuram-se uma à outra,

Como garante possível de conforto 

2023/10/20

Finalidade de estar bela

 


Uma mão lava a outra,

Soi bem dizerem-se palavras gastas pelo tempo,

Para ela já não,

Um suspiro lavava a angústia do desespero,

A finalidade de estar bela,

Desejável e desejada,

Naquele recanto de mundo de todos os dias,

Agora escapava-lhe,...


Assim como não entendia o som sincopante do mar,

Que parecia estar a vir pé ante pé,

Para a arrastar ao vazio,

Uma mão parecia só servir para acentuar o medo


2023/10/19

Eu em diálogo com a tempestade 'Aline'

 Carregue depois de ler o que está em baixo. Vale a pena.

Tentei abrir a porta. Havia um refúgio de dor aos pés de quem por ali passava. O chão parecia pesado. O ar irrespirável. Adoeciam as expetativas de sonho, só porque a entrada naquele mundo insistia em ser proibida. Avisaram-me. Releram-me resenhas de pessoas sem nome, sem decisões, que por ali passaram e perpetuaram o anonimato. A razão infundada de estarem vivos. E, aos poucos, de forma indolor mas rasurada, foram perdendo a vida. Insistia ir ali. Admito. Falei-te, num entardecer que já recordo mal, que adivinhava um mundo importante, incorpóreo talvez, para lá daquela porta. Com pobres ensurdecidos, pessoas sérias e com histórias para contar, sentadas de olhos vazios, mas ainda assim alegres, em bancos de outros tempos, feitos a madeira esculpida. E desejava que estivesses comigo. Íamos de certeza arranjar forma de contornar barreiras linguísticas, e entrar noutros mundos de mão dada. Mas a porta não abria. Caminhei sem destino, e ainda dentro daquele prédio espreitei por uma janela. Na rua, um pregador que não conseguia escutar acenava, empoleirado e em bicos de pés, para os confins do céu acinzentado. Ninguém parecia reparar nele….


Pequenas flores

 


E quando acabar, o que vai haver?

Interrogava-se a sério sobre isso,
Desenhando pequenas flores desmaiadas nos cantos da folha branca,
Renovada,
Resignada um pouco ao desejo insipido da solidão de todos os dias,....

Pensava que quando acabasse,
Ia haver mais um pequeno curso de água,
Onde mesmo sem o calor do corpo de mais alguém,
Poderia pensar em flores,
E madrugadas a espreitar o rosto bonito do mundo

2023/10/18

Adoração de um corpo exposto

 


Se tinha acedido a levar a beleza para dentro do seu mundo,

O compromisso era admirá-la,

Observar de longe sem tomar parte,

Deixar que a noite passasse,

E a insinuação fosse quase erótica,

De adoração de um corpo exposto,

Ao de leve, 

Indefeso,...


Entregou-se a ponto de adormecer,

Sentir o corpo a libertar-se,

À medida que o tempo passava,

E a certeza física de amor,

Deixar de ser um mistério,

Para passar a estar ali,

Entre ele e ela

2023/10/17

Chamar a noite

 


A noite tira daqui,

Põe ali,

A noite faz o que quer com a vontade,

Não está para compromissos,...


A noite está sozinha aos pés da torre eiffel,

À espera de luz,

E despe-se para que reparemos nela,

Leio-lhe nos olhos o desejo,

A intenção de se espalhar numa cama,

E de lá não sair até que sejamos dela,...


À noite chamo de madrugada,

E ela responde com um beijo tosco,

E inexperiente,

Porque me quer enganar

2023/10/16

Olhos encovados

o mais amedrontado,
 razão de ser para a água,
cigarros um atrás do outro,
e um entardecer anotado,
desenhado irregularmente,
por mãos trémulas,
envelhecidas,....

a lógica por trás do erro,
com o medo que aumenta,
desprotege o corpo,
prepara-te para a despedida,
e lamentos,
tanto lamento,
empacotado,
e choroso

                                                                                        
                          Tirado daqui

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