E mesmo por aí. A largueza. Os desafios que um assobio do
topo da rua representava. Eram duas e picos,
e como eu gostava de dizer as horas assim!! O dia tinha-se espreguiçado para
mim. Ultimamente, punha os pés na rua sempre da mesma forma. À larga.
Independente de pressões. Com roupa velha, rasgada. Um par de ténis de Xadrez,
que foram de alguém que já não cabe na minha memória. A passada larga, tremida,
levava-me a sítios diferentes em cada dia que passava. Era o desnorteado,
desorientado, pessoa sem destino, que assustava pelo cheiro, cativava pelas
ideias. Um dia inocentei um assassino. Expliquei-lhe que a culpa que sentia, ao
chorar desalmadamente junto de um homem a quem o sangue brotava, em golfadas,
do peito, era sempre relativa. Se havia uma faca, teria havido uma provocação.
Se havia arrependimento, o mesmo cabe sempre no bolso de trás de quaisquer
calças. E seguia caminho, inocente para mim mesmo. Culpado aos olhos dos que me
viam escapar, impunemente. Sem me querer apresentar, sou fruto das minhas
próprias circunstâncias. Fui filho da aventura e do queixume. Nasci presente, e
cresci passado. O meu tempo cabe agora nas ruas onde me esconde. Nos becos da
náusea, do vómito. E quando regresso ao meu espaço, onde me escondo talvez, de
mim próprio, não há nada que caiba na inexistência do meu sorriso. E mais não
escrevo. O sol já se põe, esquadrinhado pelos intervalos da prisão de casas que
me tem, por enquanto, alma desorientada e sem idade….
Pois é meu caro, sempre seguimos adiante, todos nós. Cordialmente abraço. CSamma
ResponderEliminarHa quem nao consiga seguir em frente
EliminarBem vindo ao blog
Profunda reflexion. Te mando un beso.
ResponderEliminarUn beso tanbien
EliminarTexto visceral. Obrigado por compartilhar.
ResponderEliminarBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Comentário fantástico.
EliminarObrigado Emerson