2023/05/31

Bater de asas

O pássaro pousa no que resta da minha mão,

Observa em redor com olhos encovados,

Encarando-me por momentos,

Enquanto busca uma escapatória,...


A minha vida resume-se a uma fuga semelhante,

Enquanto o bater de asas poeirento,

Me acorda para a chuva azulada que ilumina a rua

                                                                          Tirado daqui

2023/05/30

Homem que ardia

sei que não me lembro mais,
resisto,
a perseverança é escassa,...

há um miradouro de ilusão que,
faltando a esperança,
faz prosseguir o que é belo,...

um pássaro esquecido pousa-me
nas mãos,
e fala-me de um homem que ardeu,
já não arde,
apenas resiste de pé

2023/05/29

Acasos com sentido

 


Conheceram-se por mero acaso. Ela apanhava a medo, e o mais rápido que conseguia, as moedas que tinha perdido ao deixar escapar o balanço à saída de um café. Ele passava apressado, tentando chegar a tempo a uma consulta médica. Não queria, mas tinha de parar e ajudar. Primeiro distraído, e sem nada dizer, foi tentando usar o polegar e o indicador como pinça, para apanhar as moedas. Só depois, ao fim de alguns segundos, olhou para ela que, assustada, também tentava que tudo acabasse rapidamente. Algo criou uma mudança no balanço das coisas. Ele perdeu a concentração no que fazia, e perguntou-lhe o nome. Ela a custo respondeu. A consulta médica ficou esquecida, e ela estava de volta ao café de onde tinha acabado de sair. Conversaram em crescendo, conhecendo cada bocadinho de uma juventude que partilhavam, e que tem sempre prazo de validade. Separaram-se com o sentimento de que aquilo não podia ficar por ali. No dia a seguir cruzaram-se exatamente no mesmo local. Voltaram à mesma conversa de descoberta mútua, que terminou já com os contactos trocados. O tempo voou, e depois do sexo exploratório, veio a ideia de viverem juntos. Mais tempo passou, e ela um dia disse que uma criança vinha a caminho. Ele sentiu-se a renascer, mas o trabalho tirava-lhe cada vez mais tempo de qualidade. Ou seja, um projeto de família, se calhar, não era bem o que tinha em mente naquele momento. Ela voltava sempre ao mesmo café, e um dia tornou a perder o balanço. Só que a barriga crescida já a impedia de apanhar as moedas da malvada carteira envelhecida. O cavalheirismo existe, e em dois momentos alguém a ajudava a corrigir o percalço. Era um homem. De olhos húmidos. Chorava. Ela perguntou porquê, se podia ajudar. Ele respondeu que tinha perdido o amor da sua vida. Ela sentiu-se compelida a regressar ao café, e fazer o melhor para ajudar. Percebeu que tão depressa como acaba, um outro projeto de vida pode começar. E pegou no telefone. O pai do rebento que carregava estava do outro lado. E as coisas acabaram entre ambos. Para ela, iam recomeçar

2023/05/28

Escrito no dia de Natal de 2022

esta era uma desilusão
que vinha de mais poemas,
de uma resiliência fechada
em livros poeirentos,
e que as pessoas anulavam
com conversas sobre o passado,
em que os mais velhos tranquilizavam
embaraços,
com a ideia de que o retorno
é um lugar seguro,
isento de gumes
que cortem a amargura do adeus,...

mas era uma desilusão
enfeudada no mar,
quando na tempestade
que vai e vem,
e tem voz de mulher,
ficava um sentir de
uma comunidade,
que não desistia em lágrimas

2023/05/27

Escrever para a imagem (adoro tudo neste pedaço de loucura ficcional)

 aqui sobre o vício,
a delícia de corpos
abandonados e em abandono,
aqui sobre o desrespeito
pelos limites do corpo,
por sombras que nos desonram,…

aqui onde se insulta
a filosofia do desânimo,
e se reforça o primado do toque,….

aqui sobre o vício,
e fugimos,
não olhamos para trás,
com os olhos a reprovar
o aprovável,
a escolher o censurável,
e nós de mãos apertadas,
confiantes no segundo
que vem,
mas não no dia que desce
a cortina,
e no outro que fecha
a tampa,
e no outro que nos
tirará a comida,
e no outro ainda,….

aí logo se verá,…

aqui sobre o vício,
não interessa,
só a estrada

...-....

 


os lábios pesavam
como chuva de inverno,
os olhos acomodavam-se
na escuridão,
era num corpo pervertido,
em reversão de costumes
e de moral,
que procurava refúgio,....

havia um tempo de cores
mortiças,
que procurava ilusão
nas tardes de aprendizagem,
numa janela ampla
e que mantinha a
altivez,
a observar o mundo 

a desaprender,....

pessoas de
cada matiz,
presentes anulados,
e passados esbatidos
no basalto da calçada,...

para ela,
valia a noção,
iludida e desiludida,
de filosofar com urros
que só a escuridão percebia

2023/05/26

Todas as vezes

 


era uma vez,
e todas as vezes,
um velho que se desprende
do amor,
o menino que aprende a
amar de forma errada,...

todas as notas musicais
concentradas num bolso,
e que faziam sobrar o desespero,....

era uma vez,
e todas as vezes certas,
de forma errada,
à partida 

2023/05/25

Mais um que podia continuar,...mas não vai

 


Há pouco parecia que a Igreja conseguia cantar. O vento arremessava-se de forma estranha contra as paredes deformadas e cheias de musgo, e era capaz de jurar que delas saía um lamento estranho. Um conformismo musical. Achei que estava em delírios inconsequentes, como acontece com frequência, e optei por seguir caminho. Subi a rua C, como lhe chamava por ser a terceira que encontrava no meu monótono percurso diário para o trabalho. No topo da rua parei, para um breve relance ao que tinha deixado para trás. Era uma vista bonita, com um rio que se suicidava literalmente contra o contorno da cidade. Pequenos recantos, com manchas negras de gente, davam um ar 'kitsch' aquele quadro.

Ao fim de breves minutos seguia caminho. Apanhava sempre no limite do tempo o mesmo autocarro azulado, que servia para acentuar o conformismo das pessoas. Parecia esquecer tudo o que tinha visto e sentido, para amanhã se repetir...


2023/05/24

E, outra vez, só porque sim


 

Dores malvindas



Tão antes disto,
Das palavras com erros,
Do medo do escuro,
Das dores malvindas por todo o corpo,
Começarem a fazer-te pensar duas vezes,
Ja ai salvava o que o meu pai me dizia,...

Os conselhos,
A força do apelo de uma vida,
A voz que ia e vinha como um fantasma gótico,
Tudo me ressurgia,
E a porta batia com força,
Sentia-o pigarrear por mais uma passa,
Um copo que abrisse caminho a outro,...

E agora o silêncio traz brinde,
Como o bolo rei dos pobres,
Como o neu pai dizia,...

Agora tudo está a voltar 

2023/05/23

como Al Berto a rever o amor engaiolado

 


a sensação de prurido
antes de se fazer amor,
a lonjura de uma desculpa,
todas as noites as mesmas cartas
resumiam a decepção,
e os olhos que as não liam,...

todas as noites chamava
com uma garganta muda,
como Al Berto a rever o amor
engaiolado,
e todas as noites esperava
sem fim que respondesses,....

havia cartas,
pensava nas cartas que
havia a provar que,
se a espera fosse a certa,
tu serias incompleta,
como uma mão cheia de ar
que engilha,
e outra de fogo que se despede de um sorriso

2023/05/22

Escrito em Sevilha



 Juan propunha-se a falhar em qualquer poema,

Não obstante o que escrevesse,
A distância entre o que queria realizar,
E o mal que um simples verso conseguia fazer,
Era sempre enorme,...

Por isso refugiava-se na forma iludida como um fósforo agoniza,
mais do que propriamente vive,
E nisso até o amor dava para comparar,
Enquanto lá fora faltava cada vez menos para um novo dia

2023/05/21

Dos sem vida

 


Saber que os meus olhos,

Repousam esquecidos na lama suja do passado,
Saber que caminho cego por ruas que afogo no meu silêncio,
E isso caber tanto no meu passado, como o que tu foste de lealdade,...

E há mais,
Há mais razão para que o que não faz sentido,
Possa agora falar pela alegria que aqui não existe,...

Poder dizer isto,
Sabendo que és tu quem ouves,
Obriga a mais tantos anos em que a voz seja um grito de dor,
Dos sem vida

2023/05/20

A noite e o cinema italiano

 


Acomodado como sempre mas resistente como nunca,

Perguntei à noite por memórias de cinema italiano,

Quis saber,

Com os olhos ja dolorosamente acomodados,

Quantos minutos de pasolini,

E moedas da fontana di trevi,

Iriam servir de manto para me ajudar a atravessar a escuridão displicente,...


A noite respondeu-me como lhe aproveu,

Disse inocências,

E ficámos a conversar inesperadamente até a madrugada

2023/05/19

E só porque sim,...de novo


 

Enquanto o tempo o permitisse

 


Por trazer um poema incompleto, e uma vontade deslocada de fazer crochet, sim, sentia-me estranho. Sentado à altura dos teus olhos, fui sincero enquanto rendilhava os gestos fora do teu mirar. Não me sentia dali. Tu sim, eras da cor das árvores. Tinhas olhos de nuvens, e a vontade de fazer mais com um suspiro sem idade nem corpo. Enleado em lã, rendilhava, tricotava, evitava pronunciar-me.  Talvez se te falasse das minhas coisas, à medida que o mundo se erguia imperturbável como castelo, em nosso redor... Talvez assim a força indolente de qualquer coisa bonita, bonita para nós, surgisse...

2023/05/18

Poesia oferecida

 


ofereço-te este poema,
não tem arestas,
aliás odeio polígonos,...

é um poema assombrado,
com roupas rasgadas e
restos de insetos decompostos,....

ofereço-te pela calada
da noite,
e haja esperança que
adentrada a madrugada,
se proporcione o amor,
em pequenos e toscos triângulos de queijo,....

um poema assim,
inocenta o desejo,
e virtualiza a beleza de
um quadro recordado

2023/05/17

história de um personagem que caiu de um livro

 


arregaçou as mangas
e sentou o corpo
no etéreo do fundo do mar,
refletia, 
pensava em anotações,
e mais anotações,
o seu próprio epitáfio feito
antes de tempo,
e a justiça,
sempre a justiça
com roupas inocentes,...

e quando o sol se pôs,
sentiu o friso da noite
a desenhar-lhe as imperfeições,
e levantou-se,
com os artelhos enregelados,
as mãos imperfeitas,
mas os pés capazes de regressar,
ao limite do livro de onde tinha caído

2023/05/16

Procura de uma luz

 


Afastámo-nos da Praça Central, de braço dado. O passo cada vez mais desenvolto. Lembro-me que tentávamos evitar os desníveis do caminho. E havia vento. O suficiente para obrigar as pessoas a recolherem-se, encasularem-se. De olhos semicerrados, e palavras que se desvaneciam. Fizemos o mesmo. Era um final de tarde que parecia ser diferente dos habituais. A vontade pesava mais que o alheamento. Reparei nos contornos das tuas pernas. As tuas pernas que me traziam cativo, e eu agora parecia desconhecer. Oferecias-me olhares fugidios, como que a pedir que chegássemos ao destino rapidamente. 

Era uma casa sem nome, numa rua que minimamente constava no nosso roteiro. Procurávamos uma luz que estaria guardada numa pequena caixa de casquinha, ao que nos falaram. Tudo era velho. Uma porta que se abriu com dificuldade, e um pavimento de madeira apodrecida. Sem outros artigos de interesse, obrigava-nos a partilhar a vontade de mudança que ali nos tinha levado.

Tinha de ser em silêncio, para que resultasse.

2023/05/15

Auto-conhecimento

 


Repito de cada vez.

Pausadamente,
a forma certa de me cativar,...


Eu sou o mar,

Tenho cabeça de rochedo escarpado por aventureiros mortos,

E corpo ativo como o sangue escaldante da Terra,...


A conheceres-me,

A frase certa é o silêncio,

E o amor rima assexuada de silêncio 

2023/05/14

Salteado de versos normais

é porque existe a
plenitude,
o respirar tranquilo
e desenvolto,
que só o amor desvenda,...

é porque há escrever,
devolver em dobro,
há flores que nos
enovelam os dedos,
quer namoremos um papel,
quer cansemos as órbitas num ecrã,...

é porque há nenhum dinheiro,
que pague a sobriedade
da crença no tempo pleno, ...

que moro perto,
do
único céu que conheço  



2023/05/13

Mid-afternoon statement

Alice's adventures in Wonderland
(1910)
Tirado daqui

 

A memória pesa como a loucura,

É igual,

Assim o dita a voz das dores,

que descrevemos na noite

mãos

havia mãos,
mãos definidas,
sem imperfeições,
que contornavam os arbustos
rasteiros de uma casa sem idade,...

mãos dos derrotados,
dos ausentes de desejo,
mãos que renasciam nas mortes
todas imaginadas,...

escreveu-se sobre mãos,
e obliterou-se o prefácio,...

um menino ainda
por existir,
apoderou-se do vento que
agora sopra de Norte

2023/05/12

Porque mudei

 


Terei eu mudado com a luz, de

Tudo o que se nos pediu, nada ficou

Ao topo desta mesa, só o vento arrasta

Complacente,

O que a sorte nos deixou traduzido no pouco pó,

E restos do pão com que atravessámos a

Pobreza, e o que de mim resta,....


Um animal sem alma, politico o suficiente,

Que te afastou, e agora lamenta, o que elétrico,

Alumia a frase que restou, e que não entendo,

Porque mudei

2023/05/11

Só porque sim

                                         Menina com uma cabra, Benton County, Arkansas. 1901

                                                                             Tirado daqui

pétalas

 


as pétalas que lentamente
 se desprendem,
dos olhos,
dos olhares anulados,
as pétalas que caem
no regaço inocente,
as flores que
incluem memória,
atos condenáveis,
remorsos,
um livro transcrito,
 e molhado com choro de passado,...

as pétalas recolhidas,
e guardadas longe de
olhares,
as pétalas que
fazem história,
e na ínclita razão do tempo,
guardam vontade,
desejo,
e um corpo
escondido,
e pleno de paixão

2023/05/10

Fins de fim de semana

 


ninguém aposta nos
domingos de manhã,
no descanso dos repousos
iludidos,
enlameados por chuvas perfumadas,...

e torta vai a
previsão de amor,
que se escreve sozinha
por entre paredes vazias,
esvaziadas,
aludindo ao som dos corpos sem nome,...

e haverá a força de lei,
haverá no ribombar do
relógio central da terra,
que afunila o vento,
o final do tempo como recomeço

2023/05/09

Enseada da razão



A possibilidade de ter sido criado em ti,
A vontade,
Um carro esgotado e desiludido que passa,
Rente,
À casa onde nos despedimos,...

As janelas abertas que,
Sincopadas batem ao som do vento assuao das não noticias,....

Duas luas,
Assim sinto olhos que perdi,
Desaprovados de brilho,
De pedra de toque,
De ti,...

Mas cresce uma desajeitada noção de profundidade,
Que trago como sombra na segunda vida sem nome,
Agora que me separei do que me atiravas de amor,
Para as linhas da nossa enseada da razão 

2023/05/08

Papel seguro da concórdia

 


Começou uma guerra,

Troncos de sândalo espalhados pela planicie,

Avôs de alguém que desalinham o fantasmagorico da paisagem,

Com um odor acre a sangue inventado,

E sonhos,

Sonhos por aqui e por ali,

Usados para dar espadeiradas em vigorosos inimigos invisíveis,...


E pela mesma sombra possível da memória,

Caminha uma catraia de vestido doce,

Alumiada em fel,

A procurar o papel seguro da concórdia 

2023/05/07

O desanuviar

 


Tempestade,

Fazias perguntas estranhas e eu respondia com prosa oculta,

Poesia receosa como eu gostava de lhe chamar,...


Frases sem rumo,

Ideias estranhas e deformadas,

Confissões em cima da mesa,

E as janelas num baque constante,

A dançar ao compasso da fúria descompassada,

Do vento e da chuva,...


Lá mais longe,

O desanuviar caminhava tranquilo,

Sabendo que nos ia encontrar atenuados,

E expectantes de que o normal regressaria

Principio de qualquer coisa que está por vir

guarda-me,
como única camisa mal
dobrada,
a peça de roupa perdida
das últimas alegrias,...

aconchega-me no
canto escuro do móvel único,
de onde ressurges para o dia,
onde te decompões ao ocaso,....

contente ficarei em sentir
um odor conhecido,
reforçado,
permanente por entre a escuridão
admissível,...

e assim estarei na tua
pele,
onde a música aloura a
permissão de desejo



2023/05/06

Sábado (muito) de manhã

 

https://creanavt.tumblr.com/archive

Nódoa de sal

 


o meu coração,
a nódoa de sal vista do avesso
da nudez,
há música,
resiliência em forma de
beijos,
abraços por
distribuir,
uma vontade iludida
de perseguir um nome,
um lugar,
a vertigem do desejo,...

por mim perco a lonjura,
desiludo-me com a
moral,
e friso,
sublinho sempre,
que a pertença
tem idade certa,....

o desapego é que não,
nem roupa para tapar
a vergonha

2023/05/05

dia idóneo, e ficcional

 


dizes que és bem vindo
de volta,
passou tanto tempo,
e a água parou
mesmo debaixo da ponte,...

subiram-se escadas,
desceram-se estores
quebrados e bolorentos,
a casa continua na mesma,
com livros rasgados e
roídos por vício,
cinzeiros dispostos
com luxúria,
e parcialmente cheios de ar,....

serás bem vindo,
depois de a vontade
assim o ditar,
e com conversa própria de ilusão,...

antes disso não creio,
até porque já desponta
um dia idóneo,
e ficcional

2023/05/04

Michael Corleone's dance


 

Plagio cohen

 


Há um amante na minha história,

Plagio um pouco cohen para acentuar a claustrofobia da noite,

Numa casa vazia,

Com a saudade a tapar dois corpos inertes,

E o lamento,

Sempre o desejo de que se anule a raiva,...


Para que se insinue o sol,

Sempre que for necessário,

E sempre que nos distanciarmos da loucura

2023/05/03

Lilaz pendente das árvores

 Não fazia mal,
estava abrigado debaixo daquele céu
sem fim,
a chuvada disforme e renascida esgravatava
a terra,
quase como lhe estivesse a dar vida,...

as roupas velhas agarravam-se ao corpo,
havia um som de silêncio musicado no ar,
olhava em volta e nos olhos dos arrependidos,
via medo,
medo arredondado,
dotado de formas e consequência,...

registava e captava o possível,
o resto servia para perceber
que o devir tem um tempo,
e o que resta,
cravado na pele,
são as memórias ocasionais,
em forma de lilaz pendente das árvores


2023/05/02

Verdade de onde vem


a verdade,
a luz inofensiva
da verdade,
duas luvas de
fogo que incineram mãos desgastadas,
tanta água,
que afoga silêncios,
inocenta tanto
anonimato escondido,...

a verdade,
a vontade de nunca
a acusar,
comida solta pela
sala escura,...

a verdade esventrada,
com cheiro a bebé condenado,
a velho desiludido,
a namorados falsos,...

a verdade que pesa,
enquanto se ouve o dedilhar
pelas cordas,
da guitarra dos desiludidos

2023/05/01

Maiando

 Hoje acordo com desprezo para a poesia,

Vês estas unhas,

Irrepetíveis e repetidas do lupen dos dias escondidos,?,

Considera escondidos os versos banais e desnecessários,

Por entre a sujidade enlameada,

E os restos de pele encastrada e a professar o abandono,...


Sim,

Não quero saber da escrita,

Nem de mim nem da soma de mim e de ti,

De nada,

Porque o nada é o mar



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