2024/02/29

Portadora do racional

 Arriscava entrar todos os dias com um vestido agarrado ao corpo,

Sabendo que o corpo se moldava ao ar e não o contrário,...


Com passos ainda assim defensivos como versos,

E a leitura múltipla de quem não a conhecia nem desejava,...


Apenas achava que ela podia ser a portadora do racional,

Do desastre do homem como exemplo de moral,

E da mulher como ilustração da plenitude,...


Achava qualquer coisa,

Já não interessava,

Iria deslizar como um rio para a nascente,

Ou seja plasmando diferenças 

2024/02/28

...faliveis

 


Depois que nos mentiste 

O sorriso nunca mais foi o mesmo,,...


Mas era medo,

Pura e total virtude dos inocentes,

Dos faliveis,...


De quem sabe que traz a vontade,

A ilusão,

E uma bolsa com pertences no dia a dia,

Pouco mais,...


Mentir tornou-se tentativa 

Em vez de segurança,

E assistimos apreensivos,

À tua degradação física e moral,

De mão no desejo gasto

2024/02/27

Sol assoberbado

 


A vontade de começar algo diferente,

Que fosse conciso,

Onde não se desejasse o que não se pode ter,...


E tudo fluisse naturalmente,

Com os erros próprios da condição humana,... 


Era preciso bom tempo,

Um sol assoberbado e desejoso do amor,

Convinha sorrisos,

Muita restrição a silêncios indesejados,.. 


E de tudo talvez saisse um livro,

O que chamam de romance tímido,

De pouca qualidade e com personagens nada credíveis,....


Mas seria um começo,

E depois as luzes apagavam-se,

E seria noite,

com a habitual respiração tropega e sofrida

2024/02/26

Auto-análise



 É talvez por isso mesmo,

A parede onde se percebe um coração ao acordar,

O andar mais trôpego que na véspera,

Perceber que não há nada para abraçar lá fora,

E que amanhã será igual,...


Duas vezes esta percepção,

Gravada nas mãos,

No peito,

E a crescer no vento que fecunda as paredes velhas da casa,...


Tudo se amedronta,

Quando o impositivo do tempo,

Mais uma vez vence


2024/02/25

Morte das formas

 


Para os que me procuram achando,

Que o escuro é o meu sangue,

Que o meu corpo se remenda a vazio,...


Não farei barulho,

Os meus olhos acostumam-se à dor da morte das formas,

Do esvaziamento doloroso das cores,

Com este mundo bidimensional,

Impossivel de ser abraçado por um verso,.. .


Não tenho feito de mim lonjura,

Porque refeito na proximidade,

Acho-me reinventado,

Reassumido,

Com a fraqueza da imperfeição,

Aninhada na loucura esconsa de viver numa casa fechada

2024/02/24

Olhos costurados

 


Os que me aparecem,

De olhos costurados,

Pés desnutridos de lama,.  


Os que me aparecem,

E só repito porque tenho medo,...


A minha pele mostra-o,

Encovada e deslustrosa,

Com frases de paragem de autocarro perdidas,

Espalhadas por aqui e por ali,.. 


Só me aparecem,

Porque já existo apenas no vento

2024/02/23

O amor das coisas poucas

 Está a chegar,

O amor das coisas poucas,

As hesitações ratadas pelo abandono das casas vazias,

O cheiro inflexivel da lonjura,...


Está a chegar nada ter que escrever,

Ter os olhos costurados de impulsividade,

Nada fazer para nada obter,...


Está a chegar,

Abre a porta,

Põe a mesa,

E obtém o sentido polifónico do que de lá vier

2024/02/22

Tempo de universo

 


Esperei tanto pelo nome,

Tempo de universo,

Forma de andar,

Música de retorno à sanidade,

Qualquer coisa que me fizesse retomar o hábito de escrever cartas,...


Tudo o que coubesse em papéis,

E fosse direto ao sol,

E assim fizesse a garantia de que irias ler,...


Lá ao longe,

Naquele sitio onde nos cresciam pérolas no coração,

E éramos felizes,...


E depois um botão fantasmagorico 

Como no tempo em que as famílias eram felizes,

Rodava-se para um dos lados,

E tudo acabava 


2024/02/21

Saco cheio de ar

 


Nem a confusão era certa,

Os sitios para pôr as mãos,

Corpos ansiosos e lúgubres que virtualmente não desejam a luz do dia,

Nada afinava a música do passar do tempo,...


Não se viam parcelas de vitória,

Ou sequer o ensejo da derrota,

Era uma porção de espaço impossivel de qualificar,...


Tinha um saco cheio de ar,

Como garantia de defesa e alumiar de um novo caminho

2024/02/20

Paragens de autocarro

 


Tinha medo de perder as tirinhas do Sam,

Os dias passavam iguais,

E ainda bem,

Só porque era feliz a ler últimas paginas de jornais,...


Agarrava o papel com tanta força,

Que me sentia bem de mãos mascarradas,

E depois via-me sozinho,...


Nas paragens de autocarro

em fins de tarde chuvosos,

A ansiar pelo medo,

Pelos nós na barriga que ele dá,

Ficava a conhecer a vontade,...


O desejo já não sei explicar

2024/02/19

o teu amor (redux)

 

o teu amor,
a suspeita habitual
que verte água,
e seca a potência de todos os sons mudos,...

o teu amor reverberado,
e nós sentados ao sol,
em dias sem crepúsculo,
e música obsoleta
que rasteja por entre pernas
dos amedrontados e desesperados,...

o teu amor,
garrafas de leite às
portas de casas onde nunca estivémos,
e a morte de um rei celebrada
como revolução,....

o teu amor
 é a ave canora que sei que és,
e o predador sem rosto que me tornei,....

porque o teu amor já é incorpóreo

2024/02/18

Confronto de olhares

 Era um confronto de olhares. O lopes, o homem sério, abnegado, que era sempre pontual, não se esticava com a censura alheia. E o gumercindo. Um homem diferente dos outros. Formal, mas jovem. Conservador às escondidas, para esconder as noites esporádicas com os homens que passavam pela aldeia, e lhe abriam os corações femininos. Tratavam-se de esgares diferentes. O lopes com os olhos amendoados, como um cão que pede perdão por tudo e mais alguma coisa. E o gumercindo. Só muito perto dava para perceber pestanas tratadas com algum esmero, sobrancelhas alinhadas que quando confrontado dizia ser herança da falecida mãe mas que lhe custavam muita manhã de sábado no lusco fusco do quarto onde vivia. E assim se encontravam os dois, no jardim público da aldeia, a medir desconfianças, sozinhos só com uma observação rara de quem passava à sua vida...

2024/02/17

Carmina Burana

 


alguém pergunta,
o desejo está onde,
a boca sofre,
os olhos esperam,
a religião perdoa substituições
forçadas de amor,....

e fá-lo porque atrás
de nós,
dos que acreditam,
estão sempre os que
acabam o tempo,
e fazem dele a água que corre,...

 nos sítios onde o espaço pode
nem haver,
porque nunca ninguém lá esteve

2024/02/16

A revolta

 Quando aquela revolta chegou à cidade,

Não haveria de ser uma chuva descolorada e pequena,

A alterar o benfazer das pessoas,...


Os que mandavam mais não saiam das casas,

Inocentes de tão 

aterrorizados com a mudança,...


Os que mandavam de menos assoberbavam-se,

Pintavam quadros

 e aos gritos projetavam-se em grande,

Na água que caía sobre a cidade,....


E a maioria,

Os chamados insensíveis,

Desenhavam e escreviam,

Rostos e versos a granel,

E esperavam que desta vez a terra se pudesse inclinar a seu favor 

2024/02/15

atores do improvável

 


estou baralhado com o
facto de termos ilusões,
músicas mal soletradas,
devaneios até nos bolsos
de toda a roupa,...

a que se encolhe por
ação do tempo,
e até a que expandida
pela ausência,
nos traz o passado
como nota de insucesso,....

e essas ilusões,
ou nessas faltas de sensibilidade,
escondemo-nos como
atores do improvável

2024/02/14

Erudito do silêncio

 


Destruo uma casa,

Uma razão de ser,

Duas invisiveis porções da luz,...


Destruo a reconstrução,

Sem livros que me valham,

Em mãos feitas de puz,

E a desilusão sentada à mesa,

Pé ante Pé antes da noite vir,...


Como erudito do silêncio,

E aposta na vontade,

Destruir ilude-me,

Assim me queiram como subtil marca de um caminho

2024/02/13

Beija-me

 


Beija-me, 

Faz do labirinto escusado do meu corpo,

A pergunta sem respostas do teu desejo eventual,...


Beija-me,

como se faz nas noticias escondidas,

Enquanto chove,

os meus lábios serão um país em guerra de feridas abertas,

Com sangue inocente,...


O meu corpo renegará a paz,

A luz consentida do retorno,

Para que em beijos inventivos,

Te infiltres em mim,..


Como um estado permanente,

 e de violência extrema 

de dependência 


2024/02/12

Teia invisível

 


Fazia do sexo dele um joguete na sua boca. Silenciosa, sem esforço para sorrir. Nem vontade. Bastava-lhe a certeza de que ele queria, desejava, contava em regressão pelo tempo em que ali, num quarto fechado, escuro, iluminado apenas por uma nesga de sol que rompia as rendas de cortinas velhas e amarelecidas, conseguia estar em todos os sítios do mundo pelos quais ansiava. A sofreguidão de alguém como ela, sombria, mas dedicada. Com uma devoção sem cores, nem idade, era o suficiente para ele. Ela sabia o suficiente para prendê-lo numa teia invisível. Ele recusava sair dela.


2024/02/11

Sítios familiares

 


Sítios familiares, digamos assim. Casas de paredes amarelecidas, com fios quilométricos de heras a envolver, dando um ar proverbial e literário. 

 Homens solitários vestidos de tweed, a caminhar para direções diferentes por entre aquela humidade excessiva fora de época que vinha abraçando as manhãs. 

 Sítios dificeis de perceber, e que mesmo assim apareciam, a pulular, na cabeça de um criador sem idade e destino de provocação. Supunha-se mal, bem, tudo parecia fora de sítio, de tempo ou de lugar nesta ideia. 

Mas era quase uma inevitabilidade pensar em ambientes românticos, repletos de um idílico futurismo, quando se começava a criar. E não havia preço, se depois a fluência fosse a desejada. Assim como a simetria de personagens e de desafios que ainda pudesse vir a surgir...

2024/02/10

E o spam a lembrar o inatingiveis quando até esteve bem

Inatingiveis 2024: Era o poeta a querer ser Deus:   Chegou, Cerrou os punhos, Os olhos enevoados feridos pelo sol da manhã,... E foi um sonho espraiado em qualquer sítio que não o seu,......

Time of day

 

-que horas são?

Era uma rotina como outra qualquer. Acordar, fazer a pergunta, olhar para o lado e vê-la ainda envolta nos últimos estágios de sono, e depois levantar-se para começar a fazer nada que se aproveitasse. Normalmente, de indicador em riste, ia desenhando formas indefinidas na parede. Os olhos dela permaneciam fechados, e o rasgar de um sorriso tímido, mas sincero, pedia-lhe que se apressasse. Nunca queria que ela presenciasse aquele aparente acesso de loucura. Todos os dias era o mesmo:

Sentir que estava satisfeito um conceito sem corpo, e de cores variadas, que lhe parecia querer rasgar as entranhas com esta vontade sem sentido e desordenada. Assim que ela se espreguiçava, esticando primeiro os braços, depois as pernas, até revelar o corpo irrepreensivelmente alvo em cima da cama, terminava aquela desordenança de desenhos irrefletidos, sem cor e sem padrão que lhe inundavam a mente a cada noite.


2024/02/09

...corpo do desespero



engolia o corpo do
desespero,
os gritos,
os sublinhados do medo,...

tanto quarto vazio,
com copos tombados,
tudo impossível de explicar
esta voragem,...

e fazia-o por ser,
dos únicos,
o único capaz de o fazer,....

enquanto o som persistisse,
e o silêncio saísse derrotado,
continuaria a insistir

2024/02/08

O Grande Líder

 

                                                                             Tirada daqui

“Sophia de Mello Breyner Andresen”,
curta-metragem documental de João César Monteiro, 1969

O discurso do secretário-geral era preparado vagarosamente. Pequenas xícaras de chá, de louça chinesa florida, estavam dispostas na mesa. Um assessor redigia afanosamente as palavras do líder. Duas janelas semi-abertas faziam os cortinados de seda dançar de forma insinuada, num final de manhã morno de Maio. Lá fora só o silêncio. A sede do Governo estava situada a uma distância considerável da estrada movimentada mais concorrida. Dois carros, modelos cénicos, do pós-guerra, estavam estacionados em frente à porta de entrada do palácio governamental. Dois soldados garbosamente fardados, em tons de caqui, com botas engraxadas até aos joelhos, chapéus militares enterrados até às pestanas. O queixo imóvel, amparado por presilhas apertadas. O secretário-geral refletia, como sempre, sobre prioridades. Sentia um país estagnado, mas fiel. As pessoas, quanto muito, recorriam à reserva da intimidade para conspirar eventuais mudanças. Em público não o faziam. Acreditava que por recato e respeito. Era uma pátria disposta em cruz, como gostava de acreditar. As pessoas aos pés de um local de adoração, e um líder comprometido. Compromisso, gritou em tom médio. O assessor redigiu várias vezes a mesma palavra, como lhe foi pedido. Segurava com tanta força uma caneta de aparo, que não conteve uma gota de suor que intrepidamente caiu, como uma gota de chuva, em cima do papel. Um canto já redigido ficou parcialmente borrado, deixando o assessor com receio de ser repreendido. O grande líder estava alheado, e pareceu não se ter perturbado com algo em que nem reparou. Pousava lentamente a mão direita no peito, amparando a gravata de seda azul. Era um homem de meia idade. Mas de aparência mais velha. Tinha nascido no meio do povo. O pai era pastor, nas montanhas isoladas do Norte. Morreu jovem, deixando-o com a mãe costureira que, em dificuldades de sustento, se viu obrigada a voltar para casa dos pais. Lembrava-se por isso, com muito mais intensidade e devoção, do que tinha recebido dos avós. Carinho, mas uma distância que, sempre considerou, o favoreceu como ser humano. E o que achava uma tendência inata para a liderança que, pensa, sempre ter tido. Alheou-se um pouco nestes pensamentos, antes de perceber que estava a fazer esperar o assessor. Pedia um discurso cativante, para a próxima fase do país… Por isso voltou à realidade.

Pequenas e periclitantes ideias

 


Sei muito bem o meu lugar. O que perdi, há tanto tempo que já nem se me cola à pele. Sei que sou de outra época. Fui de um tempo em que as mesas eram firmes, as cadeiras de pau seguravam homens e mulheres de espinha reta. Com amores desmultiplicados, discretos, mas reativos. Fui desse tempo, mas algures na presença de um espírito. Das confusas explicações de ideias, de políticas que me eram estranhas mas que mesmo assim insisti em agitar ao vento. Sou agora de quem me bate à porta. Dos que me buscam por aquilo que já fui, misturado na perspetiva errada do que sou. Do que tento ser.
E é debruçado sobre mim mesmo. Quando o corpo me dói a meio da madrugada, e eu cerro tanto os olhos que a dor física ultrapassa a espiritual. Que me reencontro. Se calhar sou o sofrimento do prazer, do pouco prazer que encontrei ao virar das esquinas quezilentas da vida. E incapaz de desligar um cérebro condenado ao esvanecimento, puxo folhas semi-rasgadas. Inconsequentes, onde rabiscos esperam pelo clarear da inconsequência. E volto a demonstrar isso mesmo: inconsequência. Aos rodos. A ponto de o não retorno ser o sítio onde melhor me consigo sentir


2024/02/07

Som do silêncio

estava a olhar para Central Park,
com uma ligeira chuva
a que resistia,...

e um café fechava portas,
com um homem de olhos
vazios que,
em todo o lado menos ali,
fazia o seu trabalho
para seguir com qualquer coisa de diferente,....

um fruto proibido,
um verso,
dois anátemas,
uma poesia qualquer,
surgiu-me então pelos
bordos do cérebro,....

não deixei,
que me tomasse como refém

                                                                           Tirado daqui

Yasuo Kuniyoshu
Self Portrait as a Photographer, 1924.
Pintura a óleo

2024/02/06

17 anos

 A palavra,

Os restos de pó desordenados que dizias que a garganta sentia,...

E as prioridades dispostas pelo chão,
Como se do chão se esperasse revolta,
Só revolta como o som de ossos a raspar em tudo,...

A palavra mediunica,
E gritos Imprevisiveis de medo,
Contigo uma jovem,
Que me recuso a conhecer,
A procurar fuga,
Destas grades de escrita que desenho

2024/02/05

A virtude

A virtude,
Saiu comigo a virtude
de vestido debruado,...

Chovia miudinho e as árvores diziam quase que obrigadas,
Estar tristes e macambuzias só porque sim,...

A virtude saltou pocinhas,
Pés pequenos e cor de leite,
O cabelo a perder a luta com a água que o céu chorava,
E desalinhado em fios escorridos e cor de entardecer,...

A virtude sussurrava pequenos versos sem sentido,
E eu limitava-me a senti-la,
Desordenada,...

Capaz de estar noutro sitio,
Noutro tempo,
Mas sempre com ela,
A virtude














2024/02/04

....e há um rádio antigo

 


tenho deposto a minha culpa,
em pequenas caixas de rapé,
dispostas sem qualquer
ordem em especial,....

em sentido figurado,
santifico-me em contemplação,
o tempo que for
necessário,
e assim a existência
passa inofensiva,
sem que as ruas
sequer se modifiquem,....

e há um rádio antigo,
ainda ligado à corrente

2024/02/03

Dissenção sobre uma mulher

 


A mulher que reside nos subrepticios buracos onde a luz entra naquele mundo, nunca sai à rua. Conta o tempo em bagos de arroz, e o espaço com a percepção de cheiro que lhe invade o mundo em cada manhã.

Chama-se qualquer coisa. Depende do tempo que faz lá fora, e dos olhos se adaptarem à escuridão que por vezes lhe vem dizer bom dia.

É uma mulher doce quando a amargura nada custa, azeda na maior parte das vezes, e que sempre quis ser perfume. Não importa ter os dentes desalinhados com o corpo, a roupa alinhada com a moral que ainda traz consigo de quando era menina. E um sexo empedernido. Duro como toda a rocha que namora com o mar com que sempre sonha. Está lá, mas não o sente. Uma mulher de uso longinquo, e ao mesmo tempo renovado. Faz de si o ar que respira, mas mais ninguém ousa transformá-la em água que se beba. Porque ela não deixa...


2024/02/02

...mãos forjadas na ferrugem

 


O passo entristece-nos,

A maioria do sol esconde-se na pele,

E há um poema inocente,

Sem que o amor o matize de pecado,

A despontar razoável,

Inofensivo,...


A luta não conta,

Ja que o mundo não a quer,

E assim afastam-nos,

Obrigados,

Desalojados,

Até de mãos forjadas na ferrugem 

2024/02/01

traição,....e efeitos

 


Escrever uma traição,
tradição destes tempos e de outros
que possam ainda vir,…

Será colorida,
deslocada de pareceres,
leis por provar,
até do amor que se faz
às escondidas do ódio,…

terá loucura que chegue,
e pequena o suficiente para caber
em bolsos do comum inocente,…

uma traição longínqua,
que não tem pessoa nem função
de linguagem,
apenas poderá matar


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