Digo-te, Alice, que podes acordar
e beliscar o coelho de cartola,
o musaranho, a rainha, o gato,
podes jogar croquet.
Mas depois adormece lentamente
e sente a minha mão sob a saia de folhos.
Porque Alice, eu não sou normal,
O mundo tratou-me de muitas formas,
E em todas gozou comigo,
Sinto necessidade de me dissolver,
Apanhar a nuvem quando parece,
Que a vida vai acabar,
E fazer dela uma almofada podre,....
Já me ri hoje, Alice,
Vi-te como um troféu,
Ganhei a corrida do nunca voltarás,
Mas fiz batota,
Contornei a esquina de cristal,
Desci a rua dos intocáveis,
Onde as pessoas são pedaços de
vidro retalhado,
Tortura encabelada e mal penteada,
Em surdina voei,
Continuei o descontínuo do vento,
E desci dos céus porque me cheiraste bem....
Disseram-me que era de maravilhas o país,
Que seria feliz naquela casa de campo,
Onde o profeta morreu tranquilo,
Em que mil virgens se entregaram ao ocaso,...
Vi-te na bruma,
Desconcertei,
Estrangulei desejos que nunca conheci,
Lutei à espadeirada,
Demónios caíram a meus pés,...
Mas perdi,...
Alice, o perder começa na minha mão,
O ganhar é teu,
Se a perdida principal for a minha,...
Mas descansa uma,
A tua alma que pende,
Que descansa na seiva da tarde,
Ensandecida,
Sorvendo rumores,
Com períodos menstruais de dor,...
Sangues diferentes,
Perfídia nos meus olhos, Alice,...
Engano-te como quem
Perde um milhão,
Ganha dois milhões,
E depois morre,....
Por isso,
Por causa disso,
E em vez do mal que é fixo,...
Sente a minha mão sob a tua saia de folhos,....
Prometo que depois me esvairei em palhas de suores....
P.S.: Poema usado em concurso do site http://www.escreva.com
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