Não me importo de esperar uns segundos depois de a lâmina entrar. Dá-me gozo, confesso. É dificil de explicar. Mas acho que se recorrer à minha recém-adquirida capacidade de poeta das emoções, consigo descrever a sensação como um 'flash'. Desde o primeiro milésimo de segundo, até que a última gota de sangue toca no chão, uma pessoa deixa de responder por ela. Não é que não se saiba o que se está a fazer. Sabe-se perfeitamente. Mas quem já me ouviu falar sobre isto, sabe perfeitamente o que eu quero dizer. Não pensem que eu tenho problemas em falar sobre aquilo que faço na vida. Se me tivessem que prender, já me tinham apanhado. Por isso, agora ando descontraído. Restam-me as memórias. Eu lembro-me da primeira vez que 'apaguei' um gajo. Foi para pagar uma dívida de jogo. Disseram-me que teria de ser rápido, mas de preferência com bastante dor. Eu não fazia ideia do que estava a fazer. Dás um punhal de fuzileiro a um miudo de 16 anos, e pedes-lhe para ele cortar o pescoço a um homem feito. As possibilidades de sair asneira são grandes. Mas eu safei-me. Lembro-me foi de ter deixado um rio de sangue atrás de mim. O tipo era gordo, e eu rasguei-lhe as duas carótidas para aí com uns quatro golpes. Ganhei uma pipa de massa. Hoje já não ganho pipas de massa. Digamos antes que ando a fazer o meu plano poupança reformado. A última contribuição depositei-a ontem no banco. Espetei uma lâmina minuscula, mas mortal, nos rins de uma senhora. O marido não suportava o peso que tinha na testa.
2008/06/21
Memórias....
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