A décima quinta fila de derrotados da vida foi encerrada. A cova já estava aberta, e a urna desce à terra. Começa a chover. Terá semelhanças com a Cavalaria Rusticana, o barulho das gotas de água a bater em jardins de mármore. Alguém pede a palavra num tímido aceno de mão.
- Quem desce à terra, é uma alma de desvarios.
Trinado de sereia. Nasceu uma mulher que não é mulher. É o que se lê das palavras escritas a tinta invisível na parede dos fundos onde se deu à luz uma criança que não chora. O pássaro voou. A menina desfalece. Não morreu, mas será deixada para esse fim no berço onde ainda, timidamente, esperneia.
O último torrão é assente. Pára de chover. Terão sido poucos os que estiveram, e ainda menos os que sentiram. O raio de sol mais inesperado da história desponta no horizonte. Anoitece, e se houve desvarios, evaporaram.
2008/03/18
Evaporar (fim)
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