Não era culpa minha que as desilusões tivessem de ser deixadas à porta neste dia. Cheguei sozinho. A roupa estava apertada, desconfortável de uma forma quase medieval. O frio afagava-me o rosto, em intervalos curtos, psicoticos. Disseram-me que aquele sitio estaria cheio de gente, e que eu seria só mais um anónimo, capaz de deixar o tal de natal à porta, e confundir-me no meio de mais uma multidão, como as tantas em que ultimamente me achei imiscuido. Mas não. Era um edifício alto, imponente. Com arcos medievais, e onde as únicas formas de vida pendiam dos voos difusos de pássaros que, como eu, se incomodavam com a crueldade dos elementos. Anoitecia. Olhei para trás, e o sol já era um com a linha do horizonte. Pensei nos outros sítios todos onde poderia estar. A ouvir o barulho infernal de bairros iluminados por reuniões anónimas de amor e familiaridade, que se repetiam em loop, ano após ano. Ou sozinho em casa, a olhar para um prato de comida. A desenhar círculos intermináveis com os meus olhos. Mas estava ali. A fazer não sei o quê....
2024/12/25
2024/12/24
2023/12/25
....um abraço, iria servir
tinha prometido voltar,
não faria mal o amarelo das paredes,
os olhos descolorados pela ausência de esperança,...
até escrever sem alma,
a pior desonra de um ser humano,...
estava de regresso,
ao sítio onde a felicidade tinha tido
mais significado,
onde nela tinham cabido mais pessoas,...
e tudo seria como dantes,
normal,
não excecional porque isso é ficcional,...
e um abraço,
iria servir
2023/12/24
2022/12/25
Continuando a sua tradição...
Bom Natal a todos e a todas!!!💥💥💥
2022/12/24
era pela festa
era onde uma festa nunca tinha fim,
em mãos sujas,
em sorrisos dignos mas escondidos,
em casas que se escondiam dentro de casas,
pelo meio de bairros anónimos
e escritos a transparente,...
era por aqui,
que o tempo passava apertado,
e a chuva caía fria,
por cima de outra chuva já morta,
por cima de um chão reconstruído
pelos pés do anonimato,...
era pela festa,
que se esperava o dealbar
de um novo dia,
que perdera o nome e a idade
2021/12/25
O Inatingível reserva-se o direito de...
2020/12/25
O Inatingivel oferece uma prenda de Natal alienante....
«Temos frequentemente a sensação de que será perigoso olhar, e por isso há uma tendência para desviarmos os olhos, ou mesmo para os fechar. Por causa disso, é fácil ficarmos confusos, não termos a certeza de que estamos realmente a ver a coisa que pensamos estar a ver. Pode dar-se o caso de estarmos a imaginá-la, ou a confundi-la com outra coisa qualquer, ou a lembrar-nos de qualquer coisa que vimos antes -- ou, quem sabe, que talvez tenhamos imaginado antes. (...) Não basta olharmos e dizermos para nós mesmos: «estou a olhar para aquela coisa». Porque uma coisa é dizermos isso quando o objecto que temos à nossa frente é, por exemplo, um lápis, ou um bocado de pão. Mas o que é que acontece quando damos por nós a olhar para uma criança morta, ou para uma menina que jaz toda nua no passeio, a cabeça esmagada e coberta de sangue? O que é que uma pessoa diz para si mesma num caso desses? Tenta perceber: não é assim tão simples declarar de uma forma categórica, inequívoca: «Estou a olhar para uma criança morta». A nossa mente parece negar-se a alinhar as palavras; de algum modo, não conseguimos forçar-nos a fazê-lo. Porque a coisa que temos à nossa frente não é algo que possamos separar facilmente de nós mesmos. (...)
2019/12/25
2018/12/25
2018/12/23
um bem querer que não vai
não estar lá com o mar,
pedindo que nem as montanhas
invisíveis das lágrimas,
fossem mais alguma vez o
mês de todos os anos,
os tempos do multiverso em que não
nos conhecendo,
arrastámos para lá do amor,
a simples
necessidade de fazer parte,
do sangue um do outro,...
aprendamos agora a pulsão
de qualquer coisa a sós,
ouvindo ao longe a música
que as pessoas fazem a invejar
um bem querer que não vai,
acabar