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2025/01/28

...como sumidades de sombra

 Entregou-me ao sol,

Já não tinha corpo,

Estava escrito nas paredes como sumidades de sombra,

Voláteis como um sentimento desesperado,....


Não me conhecia,

Por isso é provável que me tenha querido iluminado,

Deixado ao abandono,

Para que o seu caminho se separasse de restias de consciência,

E seguisse vestido de egoísmo,.....


No meio de passos milhares de passos,

Penso tê-lo perdoado,

Teria de me reencontrar para me entender melhor 

                                                                              Tirado daqui

"Tennis, Oranges"-Curta Metragem de 'stop-motion'

2022/11/29

Riso descendente

é muito possível
que a qualquer momento,
por entre a forma
e o conteúdo,
haja um riso descendente,
que por entre ramos
quebradiços de árvores,
húmus consolidado
em troncos milenares,
fecunde um chão desarticulado,
com palavras em vez
de raízes,
e gritos aprisionados
em anos infundados de perdição,...

e será desse riso,
o que sobrar dos passos
inocentes do mesmo,
que nascerá a relíquia,
que dentro guardará a
postura errada do tempo,
até à explosão final






2022/05/08

Lamento ciclópico

descontente com tudo,
com a lanterna do momento perdido,
com a solidão que come connosco à mesa,
com a roupa perdida para o vício,
a raiva que se devora e depois cospe,
ficando a escorrer pelos cantos da boca,...

tanto sinal de autocracia,
e os autores de respostas fáceis que
somos,
à procura de lugar,
neste lamento ciclópico,
que não tem fim,
e se auto-renova até se esgotar


2022/03/14

Untar

 


Untar,

Bem a boca,

Untar e besuntar,

Tens um corpo para alguma coisa,

Untar o passado e o presente que doa,

Recoletar momentos,

E besuntá-los na pele,

Porque há sempre rasto e rasgo para mais qualquer coisa,

Numa ardósia,

E no chão,...


Se ainda houver amor para untar,

Fá-lo afrontando,

A autoridade esteve comigo ontem de madrugada,

E disse-me para te rires,

E depois guardares no bolso,

Untado 

2022/01/21

Strand of Oaks I

de modo diferente,
com um frio que impregna
a pele,
e desconecta os ossos,
as pessoas estendiam-se
como lençóis enegrecidos,
nos varais de décadas sumidas,...

havia a resolução certa de
 um amor por cumprir,
duas batidas na mesma
porta de sempre,
que já nada tinha no ébrio da escuridão,....

e porventura a loucura,
vestida de noiva a passear-se
por ruas sem nome,
mas com data de funeral sumido,
a pulsar debaixo de cada passo,...

e como acaba este livro,
ninguém saberá,
mas os montes de seios
fartos no horizonte,
poderão adivinhar

2021/09/21

Daqui a minutos voltamos à nossa grelha normal

 Um vento,

Uma só perversão,

O que me concedeste nos bolsos deste Inverno,

Sabendo que debruçado sobre um desenho de tragédia,

Não sobra qualquer abstração estrangeira,

Que se consiga legendar a tempo de ser uma manhã,

Que possamos desejar chamar de novo nossa,...


Não é mais que um trecho embriagado de reconversão poética,

O que aqui te deixo de soslaio,

Nesta bandeja tosca,... 


Melhor não sei fazer,

A não ser que haja outono nos recônditos miúdos que saem da velhice,

Daquilo que já tivemos de devoção contida 

2021/08/26

Amuletos azulados

 


Foge-me o prazer para a monstruosidade,

Pequenos pormenores,

Traços irregulares,

Velhices que segui e se despenharam de uma altura considerável,

À medida que o hediondo soava a normal,...


Hoje,

Há amuletos azulados debaixo de cada pedra,

De cada onda rasa de um rio sujo,

E somos nós,

Os mesmos de sempre,

Reduzidos ao lado negro do meu medo pela mudança 

2019/09/09

Já não há

já não há peste,
nem cidades que morrem metamorfoseadas
em nuvens negras,
já não há sol com sabor de vento,
nem brisas fétidas de lá longe,....

não sobram restos de tecido
de velhos anódinos,
a fazer de toalhas em mesas
sem pão,...

sobrarão luzes reunidas em bola,
no leito sujo das crianças pobres,
a fazerem de esperança,
enquanto lá fora toda a merda se revolta
em surdina,
fazendo de mim,
de ti,
sem que hajam nós prontos
a contestar,....

já não há nada,
só vultos de fantasmas
sem nome a falar


2018/12/09

As portas da percepção

se couber dentro das 
portas da minha 
percepção,
as manhãs 
vão abrir-se até a 
boca rebentar 
pelas costuras,
e de não sei 
quê que as velhas 
ficarem a dizer,
nascer um 
novo tempo,
as mesmas somas 
de olhares para 
dentro do vazio,...

por isso pai,
eu quero matar-me,
não de deixar os miolos 
espalhados por onde os vejas,
mas para cuspir 
novas coisas pelas paredes, 
saber filosofar até 
onde o meu respirar permitir,...

e quando vierem 
as contas de ar para pagar,
eu já estarei numa 
dimensão diferente,
como o teu mijo 
que todas as noites 
parece querer ganhar vida