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2025/04/18

I dreamt (something in a foreign language)

i dreamt about you,
making fun of all
my choices,...

of my aging point
of view,...

 i dreamt so many
times,
my soul caught fire,
and i weakened
the sense of persistence,
the desire to go further
 than the doubt,
further than the tears i lost,....

i woke up,
being told to carry
on,
by an unknown voice,
of an unknown destiny,....

i now think,
you never left all along

                                                                 Tirado daqui

2024/10/16

e o desenho...

e o desenho,
o contorno cristão do
sorriso,
as virtudes,
os desejos,
a lista interminável
de versos,
que vergastam o corpo,
coíbem o prazer,....

onde está a interminável
doçura dos teus olhos,
mulher de quadros,
de vidro decorada,
esculpida,...

e o desenho,
pergunto pelo que eram
os teus passos de encontro,
o teu caminho azulado
do prazer,
que se perdeu nas bainhas do
tempo,
onde repousam agora
os pós inocentes do amanhecer,
que representam a tua herança 

                                                                                Tirado daqui

2024/08/29

Jovem num passado

 Ainda só é 1983. Chove tanto. As minhas mãos agarram o nada. Observo dois homens que se observam, cruzando caminhos, apressados para fugir ao temporal. A verdade não é minha, é de toda a gente, dos desesperados, da vontade súbita de mudança. Sirvo o chá abrasante, enquanto um fio de som abafado me entra, sorrateiramente, nos canais auditivos. São as notícias do dia, servidas em pleno de confusão e desprezo por minha parte.
Passo os dedos pelo jornal do dia, com um gato a insinuar-se no calor extremo e instável que o meu corpo liberta. Sou jovem, gosto de nuvens de pombos a voarem na praça central da minha terra. Um corpo de mulher vale o mesmo que o respirar para mim. O amor é um jogo do galo apressado, feito nas costas das mãos suadas de uma tarde de Verão. Sou ninguém, e mais qualquer pessoa por conta das hesitações que pratico. Sou o mestre do etéreo, dos poemas que não completo. De querer escrever mais, sempre mais, melhor, de forma cativante, inovadora, mas que não sai nunca do tempo fútil do desejo. E chove cada vez mais. Não sei se me quero recordar de há quanto tempo nasci. Da presença inócua do tempo na minha vida. E faço por percorrer a larga amplitude da divisão fechada em que me encontro, com passos curtos. Sou sozinho, não estou tomado por nada. A presunção cabe numa caixa mínima de rapé, em cima da televisão desligada e a ganhar pó. O exterior prende-me de novo a atenção. O vento verga à subjugação as árvores velhas, e faz o real dançar num turbilhão de filme-catástrofe. Sinto um torpor, e depois uma lágrima, e outra, a rolarem-me, perdidas, pelas faces. O refúgio são os bolsos das calças. Se tivesse a alegria como prato do dia, sorrisos enleantes e desafiadores que comigo dançassem, seria tudo tão diferente. Olho para trás. Um gato observa-me. Uma voz abafada anuncia que um avião caiu algures. A mortandade foi total. Sou jovem. Não me importo. A vida é uma plenitude fechada, conforme a vejo.



2024/03/14

We don´t care about us

 


o meu amor tem dois
lados,
a vergonha é uma
cara,
o desespero a outra,....

o meu amor pesa arrobas,
tem o mundo todo
dentro do sorriso,
e o desejo esgotado pelo fogo,...

o meu amor
está na chama
que desvanece,
foge da chuva,
tem pés de alento,
e corpo de incúria,...

o meu amor somos nós,
eu e tu como balões,
que só param onde
este mundo acabar,
e aí num raio de luz,
faremos de nós
um amor que foi,
e talvez continue,
para sempre a ser

2024/02/09

...corpo do desespero



engolia o corpo do
desespero,
os gritos,
os sublinhados do medo,...

tanto quarto vazio,
com copos tombados,
tudo impossível de explicar
esta voragem,...

e fazia-o por ser,
dos únicos,
o único capaz de o fazer,....

enquanto o som persistisse,
e o silêncio saísse derrotado,
continuaria a insistir