2024/02/03

Dissenção sobre uma mulher

 


A mulher que reside nos subrepticios buracos onde a luz entra naquele mundo, nunca sai à rua. Conta o tempo em bagos de arroz, e o espaço com a percepção de cheiro que lhe invade o mundo em cada manhã.

Chama-se qualquer coisa. Depende do tempo que faz lá fora, e dos olhos se adaptarem à escuridão que por vezes lhe vem dizer bom dia.

É uma mulher doce quando a amargura nada custa, azeda na maior parte das vezes, e que sempre quis ser perfume. Não importa ter os dentes desalinhados com o corpo, a roupa alinhada com a moral que ainda traz consigo de quando era menina. E um sexo empedernido. Duro como toda a rocha que namora com o mar com que sempre sonha. Está lá, mas não o sente. Uma mulher de uso longinquo, e ao mesmo tempo renovado. Faz de si o ar que respira, mas mais ninguém ousa transformá-la em água que se beba. Porque ela não deixa...


6 comentários:

Acha disto que....