2024/02/12

Teia invisível

 


Fazia do sexo dele um joguete na sua boca. Silenciosa, sem esforço para sorrir. Nem vontade. Bastava-lhe a certeza de que ele queria, desejava, contava em regressão pelo tempo em que ali, num quarto fechado, escuro, iluminado apenas por uma nesga de sol que rompia as rendas de cortinas velhas e amarelecidas, conseguia estar em todos os sítios do mundo pelos quais ansiava. A sofreguidão de alguém como ela, sombria, mas dedicada. Com uma devoção sem cores, nem idade, era o suficiente para ele. Ela sabia o suficiente para prendê-lo numa teia invisível. Ele recusava sair dela.


6 comentários:

  1. As teias são assim, prendem os mais incautos.
    Magnífico texto, gostei de ler.
    Boa semana caro amigo Miguel.
    Um abraço.

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  2. Oh, such imagery and memories we carry forever a lonesome and more. Good writing. So well seasoned!

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  3. Essas teias invisíveis são as piores... ou melhores, consoante a perspectiva!

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Acha disto que....