Sei muito bem o meu lugar. O que perdi, há tanto tempo que
já nem se me cola à pele. Sei que sou de outra época. Fui de um tempo em que as
mesas eram firmes, as cadeiras de pau seguravam homens e mulheres de espinha
reta. Com amores desmultiplicados, discretos, mas reativos. Fui desse tempo,
mas algures na presença de um espírito. Das confusas explicações de ideias, de
políticas que me eram estranhas mas que mesmo assim insisti em agitar ao vento.
Sou agora de quem me bate à porta. Dos que me buscam por aquilo que já fui,
misturado na perspetiva errada do que sou. Do que tento ser.
E é debruçado sobre mim mesmo. Quando o corpo me dói a meio da madrugada, e eu
cerro tanto os olhos que a dor física ultrapassa a espiritual. Que me
reencontro. Se calhar sou o sofrimento do prazer, do pouco prazer que encontrei
ao virar das esquinas quezilentas da vida. E incapaz de desligar um cérebro
condenado ao esvanecimento, puxo folhas semi-rasgadas. Inconsequentes, onde
rabiscos esperam pelo clarear da inconsequência. E volto a demonstrar isso
mesmo: inconsequência. Aos rodos. A ponto de o não retorno ser o sítio onde
melhor me consigo sentir
Very enlightening. I think it is something we all have to deal with. It is harder and harder to move forward for various reasons. Here's to good times ahead. Lovely prose. All the best to your creativity.
ResponderEliminarthank you Ivy.
EliminarGreat to have you around
Um belo naco de prosa! :)
ResponderEliminarObrigado 🙂
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