2024/01/31

O pecado e ela

 


O pecado rendilhava-se. Sorrateiramente, por trás de uma sombra que, travessa, brincava com a porta daquele palácio perdido no tempo. Ela era a virtude falsa. O desejo sublimado em desníveis de razão. E ela recompunha-se, à medida que fugia da luz, e entrava na escuridão controlada daquele sítio onde nunca tinha estado. Mas do qual aprendia já a gostar. Fixou, durante algum tempo, o olhar num trilho empedrado, que a poderia conduzir a uma nova porta. O rumor de que aquele local estava mergulhado em histórias feias, sem dono e sem idade, parecia atraí-la a coisas que não sabia descrever. Mas que queria experimentar. Até agora, tudo era silêncio. Tinha-se despedido do som, com ligeiros rumores de pássaros que pareciam engendrar um plano para continuar a observá-la. Esperar o que aquela aventura poderia vir a dar. Ela despediu-se das horas. E depois dos minutos, dos segundos, e ao transpor uma nova porta, foi a mulher que sempre quis. Disseminada por todo o lado, e sem estar em lado nenhum. Isso fê-la querer pecar, mesmo sem ter ninguém ali com quem o fazer. Fazer coisas erradas, que não viessem nos livros nem fossem solução para nada. Mas não tinha ainda vivido para transformar-se num ser de caleidoscópio. Por isso sentou-se, no escuro. Sem olhos que usar, cruzou as pernas, apoiou o queixo nos nós dos dedos. E pensou. Pensou tanto, que sentiu a cabeça a esvaziar-se. Seria a melhor parcela de si, enquanto ali aguentasse estar….


4 comentários:

  1. Interesting music, song, and video. Success for your blog ok

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  2. Relato interessante com várias interpretações,
    gostei de ler.
    Estou com dificuldade na configuração dos comentários.
    Obrigada pela visita lá na casademadeira.
    Boa entrada de mês de fevereiro.
    janicce.

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Acha disto que....