2024/01/15

Caleidoscópio

 A cozinha parecia preparar-se para uma manhã alegre. O sol matizava-se num caleidoscópio de cores insinuantes, filtrando se pelos vidros das janelas amplas e alegres. O cheiro dos condimentos espalhados em peças de loiça tradicional espalhadas por vários cantos, pedia mantimentos fartos. Eram odores acres, misturados com o tradicionalismo das virtudes portuguesas na cozinha. E passamos agora a descrever quem se responsabilizava por este circo de alegria. Deolinda era uma mulher neutra. No seu âmago achava-se assim. A primavera da vida já lhe tinha escapado, e com ela a voragem do tempo tido como um obstáculo, e não como era agora:um simples e escorreito copo do mais puro dos vinhos. Jogava bem os sinais do envelhecer, com a necessidade de nadar no lago revolto da condição feminina.

6 comentários:

  1. Este texto poderia ser o início de um texto de muitas páginas, já que se nota fôlego para o romance.
    Gostei muito.
    Boa semana, caro amigo Miguel.
    Um abraço.

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  2. Bem escrito, gostei dessa Deolinda! Boa semana!

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Acha disto que....