2023/05/25

Mais um que podia continuar,...mas não vai

 


Há pouco parecia que a Igreja conseguia cantar. O vento arremessava-se de forma estranha contra as paredes deformadas e cheias de musgo, e era capaz de jurar que delas saía um lamento estranho. Um conformismo musical. Achei que estava em delírios inconsequentes, como acontece com frequência, e optei por seguir caminho. Subi a rua C, como lhe chamava por ser a terceira que encontrava no meu monótono percurso diário para o trabalho. No topo da rua parei, para um breve relance ao que tinha deixado para trás. Era uma vista bonita, com um rio que se suicidava literalmente contra o contorno da cidade. Pequenos recantos, com manchas negras de gente, davam um ar 'kitsch' aquele quadro.

Ao fim de breves minutos seguia caminho. Apanhava sempre no limite do tempo o mesmo autocarro azulado, que servia para acentuar o conformismo das pessoas. Parecia esquecer tudo o que tinha visto e sentido, para amanhã se repetir...


6 comentários:

  1. Genial relato. Hay veces que la rutina nos mata. Te mando un beso.

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  2. Os dias sucedem-se.
    E vamos sobrevivendo nesta mistura de selva e de jardim à beira-mar plantado.
    Gostei do texto, muito interessante.
    Tal como da banda dos cavalos, que não conhecia.
    Continuação de boa semana.
    Um abraço.

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  3. ...não vai, mas deveria mais além.
    Tem pernas para andar. O que o impede de continuar?

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Acha disto que....