2022/09/02

Vidros baços

 


Ninguém gritou no Verão,
De janelas abertas,
Tantas palavras pareciam sufocar,
enquanto a carne entrava em processo de recolha,...

Embora lenta;
esta era uma desolação que,
enquanto vento,
atormentava mais a arte
de estarmos connosco próprios,...

Por isso nada adiantava 
encerrar o ser atrás de vidros baços,
Sem cor,
Que atenuasse o amor sentido desta forma,
Mas sem apagar a dor dos músculos
e tendões que sentíamos esventrados,..
.

Estamos vivos,
mas eis a prova de já nada nos acompanhar,
Longe da pequenez e da perfidia dos homens,
Formamos agora uma pasta impura 
e tacanha de sangue e entranhas,
Com este chão que já nada mais pare 
do que lamentos

10 comentários:

  1. Profundo poema , la vida es la forma en la veamos. Te mando un beso.

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  2. "a arte
    de estarmos connosco próprios,..."

    Esta é a grande prova da nossa capacidade de resistir como homens lúcidos. Quem chegou a este deserto, uns fazem poemas, outros choram, outros suicidam-se.

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  3. Um bonito vídeo que você trouxe pra nós, achei linda a música abraços.

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  4. Muito bom!
    "Ninguém gritou", mas todos gritamos para dentro, e os corpos e as vidas mostram-nos isso...

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Acha disto que....