“Já dei para esse peditório”.
Treme a ovelha número dois milhões do rebanho mais recôndito da Nova Zelândia. O sujeito de uma afirmação classista, esforça-se por manter compostura. Do alto, um falcão zarolho observa o tremor de um carácter esquivo.
“Nunca dei para esse peditório”.
Morreu o cão mais feroz de Timbuctu. O presidente da corruptonação decretou 10 dias de luto nacional. O animal custou 100 milhões de folhas de papel higiénico (será mais ou menos 10 cêntimos de Euro ao câmbio actual). O criador, com nome feito no mercado, incorre num processo judicial que poderá culminar em lapidação. Sua excelência ficou com a percepção de que o animal iria durar até que o país produzisse o primeiro televisor a cores de modelo próprio. Pereceu quando ainda nem sequer foi registado o modelo do transístor nacional.
“Espero vir a dar para esse peditório”.
Chamo-me Alcino, e tenho cara de mau. Gosto do tampo da secretária onde, seis horas por dia, amparo os antebraços. O meu trabalho tem tanto de inevitável, como de ‘odorento’. Adoro perscrutar os sentimentos de quem tenta invadir o meu domínio. Monta guarda a dois lavabos. As portas são castanhas escuras. Hoje já espantei, com o meu olhar desconfiado, para cima de vários pares de atrevidos.Sou do Clube Oriental de Lisboa, e todos os dias vou a pé para casa.
“Jamais darei para esse peditório”.
O vizinho do 3.º esquerdo é necrófilo. Pelo menos é o que se fala. Nem os 10 frascos de Old Spice que compra diariamente no quiosque do preto Vladimir fazem desaparecer o odor a pecado. A porteira do prédio tem ficha na Polícia Judiciária. Esta desaparecida vai para um mês. Ninguém sabe onde está.
“O que é o peditório?”
Simplesmente,....respeito.
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