José gostava de laura. Ensinava-lhe os nomes das árvores, dos animais, das pequenas imperfeições que as pessoas lutavam por esconder. Saía depois na paragem de autocarro. Ela seguia. José sentia-se bem a caminhar. Gostava de sentir que chovia em todos os seres vivos, incluindo em si próprio. E pensava em laura. Nunca fora bom em ciências naturais. Nem no estudo do concreto, através de ideias irracionais que outros tenham tido. Só queria pensar nela. No pouco que faltava para o próximo encontro. Nas formas mais simples e diretas de aglutinar palavras, e assim deixar com que poemas, pequenas esferas poéticas como lhes chamava, fazendo concessão ao irracional, lhe caissem no regaço exatamente antes do momento em que eles se separavam. Era feliz assim, porque não sabia ser feliz de mais nenhuma forma. E antes de adormecer, refugiado no pequeno retalho de mundo que ninguém alguma vez iria saber ser o seu, pensava nas pessoas que eram diferentes de si. Nos tristes, nos opacos, nos falsamente felizes, na sua própria versão do passado que matara no momento em que conhecera laura. E desenhava na boca um sorriso. Falso. O autor não terá nunca coragem de lhe dizer isso...
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Buscamos nos outros o encontro connosco próprios.
ResponderEliminarPode ser essa a porta de saída.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes
Resumiu muito bem juvenal. Abraço
Eliminarnice post.... love it.
ResponderEliminarThanks🙂
EliminarAs I recall, some of my best conversations were on the bus. But I was young and so was he. Oddly, it was as if we took on a different character when we met, but once I left I was somebody else.
ResponderEliminarIts great to see that the experiences are useful to all of us
EliminarLovely prose and oh so intriguing how love, science and dialogue play a role in what changes us..at least for a moment or two.
ResponderEliminarI agree
EliminarThanks🙂
Olá Miguel. A forma como José encontra felicidade nas coisas simples e na presença de Laura é tocante. A maneira como ele se refugia em sua própria versão de felicidade, mesmo sabendo que é passageira, é comovente. Vejo muita profundidade neste texto. Abraços 🤗
ResponderEliminarObrigado olavo
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