2025/09/02

Deseja-se tanto a obliquidade,....

 

               Tirado daqui

Gráfico de Egon Schiele

É difícil ser plano, certo?,

Dores enviezadas no peito,

Estragar olhares com horizontes distorcidos,....


E falar,

Falar muito como se os problemas do mundo se solucionassem,

Perto da água e debaixo do futuro,...


Deseja-se tanto a obliquidade,

A perspetiva errada dos assuntos certos,

E desdenhar,

Desdenhar sempre,

Até a espinha entortar,....


E um beijo,

Ainda que fugidio e despido de sentimento,

Resolva a parcela que falta 

2025/09/01

Setembrando a 1 de maio

 -anda para aqui
O amor moldava-lhe as palavras, a ponto de a desilusão se sobrepor à vontade de partilha. De conforto. Ele era agora uma pessoa adaptada ao que a vida lhe trazia. Os cheiros das novidades. A falta de expetativa de dias sempre iguais. Mas naquele momento, enquanto de soslaio olhava para o ponteiro dos segundos a acabar de dar mais uma volta completa, queria-a junto de si. Acomodada, sem que as palavras servissem para empatar o que fosse. Apenas ali. E ele iria encarregar-se de adaptar o seu corpo à situação. Escrever-lhe palavras de amor invisíveis, com a certeza de que seriam lidas pelos olhos pequeninos de quem ali estava. Pedir ao tempo que fugisse daquele cenário idílico, e deixasse que fosse o espaço, as contingências de odor, de cor, a dominar o que advisse daqueles momentos inexplicáveis por si só. Com a certeza de que agora, dedilhava desta forma numa folha branca, por só saber escrever sobre amor, sobre desilusões de amor, sobre a cor do amor. Mas queria-a ali. E voltou-lhe a pedir que se aproximasse....

Foto de Kin Chan Coedel
                                                                 Tirado daqui