Não é meu. Nunca foi. Talvez se tenha falado, em tempos, dos seus contornos. Das cores garridas que tinha, invocadoras do prazer e da descoberta sensorial. Mas eu nunca o tive. Escrevi sobre ele. Situei-o no outro lado do mundo, num dia anormalmente frio de Verão. Descrevi-o a andar de mão em mão. Junto a uma fogueira de sentidos, com pessoas boas e más a discutirem a viabilização da luz como garante do bem estar e da saúde mental de uma sociedade. Mas agora, recuso-me a falar sobre ele. Sei que está fechado num museu algures. É trabalho para conservadores sisudos, de roupa formal, que trabalham com o silêncio como companheiro, e quase sempre com chuva imaginária a bater em vidraças de gabinetes escuros e proscritos. Se me pedires uma posição sentimental sobre ele, talvez ta dê. Há a verdade, o respaldo das mentiras, e a ilusão de que fazemos bem ao continuar a iludirmo-nos com a desilusão provocada, e a dor desnecessária. É isso. Não te vou falar dele. Não vale a pena. Sei que está bem. Que faz sol no sítio onde agora está. Não me parece que queira regressar. Já perdi as esperanças....
Tirado daqui2025/09/23
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