Não há novidades. O café fechou. As horas não contam. Esquece-as. Só um homem em passo acelerado, a fugir da chuva que inconvenientemente aumenta de intensidade. A verdade não conta, em momentos como este. O tempo também não. A constante matemática que reflete a vagareza do tempo, no aumento da velocidade, talvez se aplique aqui. E nós dois debruçados numa sacada velha, a observar do topo uma fatia irregular do real. Dizemos só olhares um ao outro. Tinha-se tornado no ideal de linguagem preferido destes momentos. Eu refletido nas tuas pupilas, a minha córnea a servir-te de espelho. Sorrisos faziam de palavras de conveniência. A doçura de um toque, a ganhar terreno sobre a velha força do argumento. Amanhece. Somos talvez notas de rodapé disto que gosto de ver como obstáculo à imortalidade. Do lado de lá, lá na rua ao lado provavelmente, onde já estarão outros mais experientes, com um corpo adequado à história que já levam, e um bem-estar espiritual que se estende pela rua fora, estaríamos melhor. Mas por enquanto, não saímos daqui. E talvez tudo venha por bem
Otto Künzli, Ring für Zwei , 1980
Profundo poema. Te mando un beso.
ResponderEliminarUn beso tanbien
EliminarReally fantastic text!
ResponderEliminarDensely written and with many meanings.
Even a word becomes a different image for each of us,
depending on our experiences!!
Thank you!!
Not really, but thanks anyway🙂
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