2024/06/28

A desilusão

 Era sempre no verão que a desilusão vinha mais cedo. Com dias intempestivos, vestidos de roupas desprezadas e desprezíveis. O ar pesava mais que a solidão perdida nas pedras da calçada. E soltavam-se aves que as casas tinham prendido desde há muito tempo. Éramos filhos das mesmas noites soltas, que esperavam vez para entrar em livros que ainda estavam por escrever.

 E o calor resolvia os problemas com soluções provisórias. As pessoas percebiam isso, e olhavam-se desconfiadas. A desilusão passeava entre elas, deixando marcas que se agarravam à pele sem que a dor fosse para ali chamada. 

O Verão ia passando, deslizando lentamente, e com isso regressavam as conversas possíveis. O desejo do convívio colorido e preenchido. Os dias ficavam mais pequenos, e a rua afastava as pessoas de si. Para mundos diversos, de cores naturais, outras artificiais, mas que sempre abriam caminho para o cinzentismo do Inverno interminável. Era uma história que se contava sempre da mesma forma, porque o mundo só tinha esta forma de falar de si próprio. Desassombrado, repetitivo, e a convidar as pessoas a histórias que nem elas próprias conheciam...


                                Tirado daqui

12 comentários:

  1. Genial poema. Me gusto. Te mando un beso.

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  2. Oh, such a passionate piece. You really know how Summer Gets to Me prose. Happy Friday!

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  3. The things I learn when I read you! Thanks so much. Awesome Friday post!

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  4. Summer drama like a pop up shower in the midst humidity. You know how to make it happen (✿◡‿◡)

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  5. Oh, the drama on a hot summer night. Love it!

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    1. The translation gives just remarkable senses to the textes:-)

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  6. Boa tarde e bom final de semana, com muita paz e saúde. Meu querido amigo, não tivemos outono e por enquanto nem inverno, aqui no Atlântico Sul. Grande abraço carioca.

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