2019/03/16

Carta à solidão


Caríssima solidão, aqui me tens porventura calmo. De certeza insuficiente nas agruras que cada dia se esforça em ter, para passar diferente do anterior, e o mais parecido possível com o que virá no fim de tudo isto. Estou vestido de transparências, a minha pele já nem no lamento protege. Acima das minhas expectativas, estarão as minhas decepções. Abaixo do que me dói, está o que consigo perceber no silêncio falante de cada segundo das noites em que me afundo numa loucura indesejada. Aqui me tens inteiro. Apercebendo-me do que não infiro nas palavras de todos os dias de todos os que quem nem consigo estar.
Magoa-me que desprezes o que te escrevi, em verso real.  Talvez em todas as prosas infindas do que sabemos existir, me entendas o suficiente para de mim fazeres o juízo que nunca fizeste. Por enquanto, despeço-me com a ingratidão que me devotas. Nada mais sei dizer-te, que lugares comuns desfeitos e irreais. Por isso, até quando queiras. Eu por cá continuarei, lamentavelmente insonoro. E infindamente sem lamentos.
Escuridão, fim dos tempos.



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