Caríssima solidão, aqui me tens porventura calmo. De certeza
insuficiente nas agruras que cada dia se esforça em ter, para passar diferente
do anterior, e o mais parecido possível com o que virá no fim de tudo isto. Estou
vestido de transparências, a minha pele já nem no lamento protege. Acima das
minhas expectativas, estarão as minhas decepções. Abaixo do que me dói, está o
que consigo perceber no silêncio falante de cada segundo das noites em que me
afundo numa loucura indesejada. Aqui me tens inteiro. Apercebendo-me do que não
infiro nas palavras de todos os dias de todos os que quem nem consigo estar.
Magoa-me que desprezes o que te escrevi, em verso real. Talvez em todas as prosas infindas do que
sabemos existir, me entendas o suficiente para de mim fazeres o juízo que nunca
fizeste. Por enquanto, despeço-me com a ingratidão que me devotas. Nada mais
sei dizer-te, que lugares comuns desfeitos e irreais. Por isso, até quando
queiras. Eu por cá continuarei, lamentavelmente insonoro. E infindamente sem
lamentos.
Escuridão, fim dos tempos.
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