2009/02/12

Menina perfeita à chuva X

Já esperava que a terra a envolvesse como num pedido de socorro que estava escrito algures na plêiade do tempo que já se gastou, e adivinhado no que ainda falta até, um dia, o planeta dar o suspiro definitivo do adeus. Soaram tambores de descontentamento. Menina Sol tentava não romper o saco lacrimal do desespero que sempre se tinha habituado a carregar. O fogo levantava-se do chão, e lambia-lhe as gotas de medo que timidamente lhe rompiam na fonte. Os passos da timidez sufocante a que chamava companheira de vida, deixavam marca na terra que, a microns de segundo, derretia o caminho que já havia percorrido.
O horizonte já se fazia em uno com a 'careca' do planeta. O tempo parecia ser só um factor mais na confusão de sinais que ter medo, significava naquele instante do tempo que assustava. Era o vento quem o dizia. E do ar escuro, com cheiro a mortes consecutivas, começaram a surgir os seres da dúvida. Pequenos híbridos desconfiados, de cabelos cor de nada, e olhos que diziam tudo. Às dezenas, às centenas, desdiziam o amor. Deixavam-na sentir mal, para que do mal nascesse a certeza de que o bem não vale a pena. Chorou por fim. Mas era um choro-riso. O descontentamento dos risos contidos, porque não tinham lugar por onde sair.

#I, #II, #III, #IV, #V, #VI, #VII, #VIII, #IX

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