2008/11/20

Menina perfeita à chuva IX

Quando descontar os segundos de uma existência assustadora parecia querer significar o fim,....afagava-se. Escarafunchava o peito à procura de dois planos para contentamento alternativo. Esperava pela curva certa da rotação assassina, e jogava-se para dentro de si própria. Andou mais depressa. Sentia a terra a entrar pelos poros da pele, como que se quisesse fazer dela o húmus que devora a vida, e depois a vomita. Menina Sol não tinha destino. Só se lembrou de quando aprendeu a falar certo, em momentos errados. Dizia só, quando o mais que muito significava desprezo de que quem queria que a amasse. Dizia mais, quando queria que o menos a aconchegasse à noite, e lhe certificasse que a vida chegaria ao fim antes que a tristeza fosse um real pintado de certeza.
O vento cresceu. Rebentou os diques do suportável, alienou o que incapacita o racional dos homens e das mulheres. O céu pintou-se, e pintou a terra de cinza crosta. Deu novos feitos ao que as pessoas insistem em querer ignorar como postura própria para a magnanimidade.
Já se via a sombra do fim do mundo, naquilo que uma sombra tem de aconchegante e acolhedor. Pé ante pé, a solidão feita mulher caminhava para o que não sabia poder fazer dela ainda mais menina.

#I, #II, #III, #IV, #V, #VI, #VII, #VIII

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