-As cartas do teu pai, eram reais?
Atingiu-me como uma pedrada, daquelas diretas à cabeça. Que nos derrubam, e o sangue sem pedir para sair em partes do corpo que nem sabias ter.
Ela mirava-me. Eu não sabia o que responder. Olhava para o chão. As respostas tardam, quando mais se precisa delas.
-Eram reais ou não?
A questão é que nunca soube. Fingi, numa determinada parte da vida. Copo de álcool na mão, insulto fácil. Desrespeito por todos, porque cá dentro o medo lidava comigo como um jornal atrasado. Desprezava-me. Ele tinha ido embora, simplesmente. Nunca se dera a conhecer, e partiu. Um dia olhou para mim, as lágrimas não me pediam licença para correr. Abriu a porta, e pronto. Esfumava-se o homem que não precisava de falar comigo, de me incentivar. De ser pai. Olhava-me. E, a partir daquele momento, comecei a criar um mundo que o trazia de volta para mim. Num mar atabalhoado de letras.
E não lhe respondi, se isso alguma vez tinha sido verdade...
Tirado daqui
Que romántico , te mando un beso.
ResponderEliminarUn beso tanbien
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