2022/07/20

Dia de festa

 


O plano é descendente,  e apresenta-nos um rio de pessoas que parece desaguar para uma foz. À frente o lider, vestido de forma comprometida, ladeado por quem lhe oferece vitória. Uma música marcial, apresenta os atores de segundo plano. Homens de roupa formal, rostos envelhecidos e um andar inconstante. Atrás, como parece ainda regra, as mulheres de olhos no chão, com a despreocupação das crianças pela mão.  Parece ser radioso o futuro deste sitio, se é que este sitio teve passado.  Entre risos, confissoes de vicios privados, a entrada num salao amplo, com o palanque preparado para os discursos do dia de festa.

E ai assim pensamos que poderá ser através do tempo que a razão deste sitio se imponha. Que se deixem para trás ficções desnecessárias, e se procure dispor toda esta gente de uma forma eficaz, que faça sentido. Mas de alguma forma, o caos parece aproximar-se deste retrato surreal. Depois de um olho ansioso, de uma orelha que escuta tudo menos o desnecessário daqueles minutos que passam rápido, vem a constatação da hora. Meio do dia, já falta tanto para todos ficarem mais velhos, como passou de tempo de um passado que vai ficar lá atras, sepultado. Aqui no meio há meninas que ja se fizeram mulheres, há homens que deixam em casa a redação dos vícios privados que não confessam,... e a voz e os olhos que regem todo este cenário, vão afastando o plano até tudo se tornar num ponto imperceptível. Quase como a guerra se tenha tornado naquela casa improvisada, onde a câmara não pára de rolar. Cena dois, com um carro que se aproxima por entre uma voz projetada que insta as mulheres daquela terra à revolta.

6 comentários:

  1. Não devemos descrer na acção das massas, há vários lugares no mundo onde o desejo é a necessidade de mudança está vivo, a indignação toma conta de nós.

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  2. Boa reflexão. Gostei muito!

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar com muitos posts e novidades! Não deixe de conferir!

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    Até mais, Emerson Garcia

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