Sebastião José de Carvalho e Mellos morrera como tinha nascido. Sozinho. O corpo tinha acabado de ser encontrado estendido num terreiro, salpicado de sal. A melena encaracolada, grisalha, penteada sem enlevo, encontrava-se espalhada pelo chão. Parecia sem tom. A pele ficava baça, como os jornais velhos que se guardam em casa. Junto aos olhos ganhava um tom de amora, que se acentuava à medida que o tempo passava, e as pessoas do bairro se entrecostavam em redor do corpo, lamentando o passamento de uma pessoa tão boa, que até tinha ganho fama durante anos como a alma mais caridosa para os animaizinhos do concelho.
Sebastião morrera de morte ainda não explicada. Não chegara a velho. Tinha feito planos para se mudar, quando percebeu que ia acabar os dias sozinho. A coisa tardou, porque no banco atrasavam-se a desbloquear as poupanças que a mãe lhe tinha deixado, antes de partir. Era coisa pouca. Uns cinco mil contos, ainda pela moeda antiga, e dois documentos de posse de terrenos por limpar, nos limites do concelho.....(Continua)
Tirado daqui
Sebastião morrera de morte ainda não explicada. Não chegara a velho. Tinha feito planos para se mudar, quando percebeu que ia acabar os dias sozinho. A coisa tardou, porque no banco atrasavam-se a desbloquear as poupanças que a mãe lhe tinha deixado, antes de partir. Era coisa pouca. Uns cinco mil contos, ainda pela moeda antiga, e dois documentos de posse de terrenos por limpar, nos limites do concelho.....(Continua)
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