2019/05/11

Não nos tomem como a razão

Era a nós, reserva moral daquele grupo de homens, que nos vinham fazer sempre as mesmas perguntas. Se as caras dos políticos mudassem, nós tínhamos de considerar se naquele local esquecido, onde até à luz entrava à vez porque se perdia nas contracurvas das ruas sem nome, ainda poderiam nascer mais crianças. Todos se achavam esquecidos. As mulheres, em grupo, resolviam ir embora de tempos a tempos porque fartavam-se, simplesmente, da incapacidade dos homens em tomar iniciativa. Havia o camponês que só plantava tomates, porque achava que uma estufa preservava melhor a essência dos pais que tinham morrido havia anos num choque de carro ali mesmo ao lado e, segundo ele, se tinham evaporado pelos poros daquela terra barrenta e com cheiro de dia de primavera.  Havia o professor sem crianças para ensinar, e que passava os dias a contar os poucos tostões que lhe restavam e assim conseguir comprar pão ao padeiro. Esse trabalhava de preto pois achava que a mulher, que se tinha ido embora com o filho de pouco juízo que ambos tinham gerado, nunca mais ia voltar.


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