Um quilo de pão custava pouco mais que o suficiente, para tirar o sono a quatro pessoas. Dois quilos de carne já serviam para esgotar o orçamento. Mais o azeite, as batatas, 2 metros de tecido para fazer roupa, e três pares de alpergatas. A soma do que se comprava, mês sim, mês não, estava feita num pedaço de papel manteiga, esquecido em cima da mesa da sala. Havia uma velhota, de xaile rasgado, com a cara carcomida pelo tempo, e que se preocupava sempre em mastigar pedaços disformes de pão. Um rádio vomitava, em loop, músicas de Amália, quase como se preocupasse em abraçar tamanha incerteza descrita naquele quadro irregular de frustração.
Um pai e uma mãe. Desiludidos. Ansiosos. Com tremores ocasionais, desapegados da realidade. Do amor por darem uma vida ao amor que tinham moldado num rancho de sorrisos nervosos, que davam a alegria possível naquele sítio...
Um pai e uma mãe. Desiludidos. Ansiosos. Com tremores ocasionais, desapegados da realidade. Do amor por darem uma vida ao amor que tinham moldado num rancho de sorrisos nervosos, que davam a alegria possível naquele sítio...
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