comi, pedi um café. olhei nos meus
próprios olhos, como se isso fosse possível. era capaz, de pálpebras coladas.
uma habilidade que vinha de criança, quando queria voar, e as paredes brancas
amarelecidas do meu quarto, que cheiravam sempre a qualquer coisa a apodrecer,
funcionavam como prisão difícil de descrever. e naquele dia, vi o meu próprio
arrependimento. desenhava corações numa areia suja. era uma praia, de um dia
qualquer de final de Verão._um vento de letras grandes soprava, e afastava os
resistentes daquele anfiteatro a céu aberto. a minha vontade, as pessoas que
tinha conhecido até aí, os choros de madrugada que ninguém ouviu mas que os que
me conheciam sempre perceberam, estavam ali. a morrer na espuma das ondas. reabri
os olhos. Um indigente, de repugnância bem desenhada na barba, admirava-me como
qualquer coisa de novo na sua rotina. Levantei-me, fui para um canto. Voltei a
olhar para os meus próprios olhos, a pesar de sentir a luz a esmorecer como uma
criatura que hiberna no inverno. e lá me encontrava. como o homem das letras
minúsculas nos inícios de cada frase.que não suportava nem ventos, nem
resplandecências mal definidas do sol que reaparece sempre por entre as nuvens
carcereiras. o café ia fechar. Paguei, levantei-me, e saí. Tinha uma conta a
pagar, antes de voltar ao reinício de tudo o que sempre me acontecia.
Tirado daqui
Gostei do texto, é excelente.
ResponderEliminarBoa semana.
Um abraço.
Obrigado caro jaime
EliminarForte abraço
Very sincere..and so much meaning on so many different levels.
ResponderEliminarThanks ivy
EliminarComo é bom amar e ser amado, não é mesmo?!
ResponderEliminarBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Sem dúvida.
EliminarApesar de nao ser essa a mensagem do texto
🙂
As contas a pagar impecilham os dias...
ResponderEliminarSem dúvida:-)
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