2024/03/29

...relógio que não parava

 No inverno as silhuetas das árvores,

Não só das árvores de todas as criaturas vivas,

Custam mais a distinguir,

Parecem não ter cor,

Arrastam-se ou dissolvem-se até em formas dificeis de descrever,...


Habituado a reescrever tudo o que tinha decorado até aí,

Fixava-me na perspetiva sonora das coisas,

No amanhecer que comparava a um adagio sinfónico,

Na força das rotinas,

Que me escapavam como o ar desperdiçado pelas pessoas,.. 


E foi assim que deixei de acreditar nas rotinas,

Os sentimentos serviam-se a desoras,

As estações do ano passavam sem concórdia,

E era eu que me jogava como uma pedra,

Em sentido figurado,

Pelo espaço disforme do relógio que não parava

                                                                              Tirado daqui

6 comentários:

  1. Oh, I so love that last line! Such truths..with the routines of life. We evolve when we lease expect it.

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  2. All is not lost! So good to read your Friday post. Such a haunting photo too! All the best to your Good Friday.

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  3. Muito bonito!
    Atiremo-nos ao que tiver de ser, ainda que o inverno nos queira assolar.

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Acha disto que....