2023/11/07

A despedida foi dolorosa

 


Tinha um relógio 

De corda. Dos antigos, que me tinha custado qualquer coisa que já nem me lembro.

E ele tinha o hábito curioso de parar sempre que te encontrava.

Punha músicas diferentes a tocar no rádio do carro. Dava à manivela para cima e para baixo para que, pelo menos num sentido figurado,

Te pudesse prender, e às tuas hesitações, e aos teus desejos perdidos, de forma a que o relógio,

Pudesse funcionar normalmente.

Mas ele insistia em parar sempre quando tu estavas perto.

Fomos dormindo pela cidade,

Em espaços que não vinham no mapa, repletos de sons pequeninos, e de sonos que apreciavamos muito,

Mas o problema continuava igual. A ponto de perdermos ambos a noção de tempo. E a solução encontrada foi única,

E comum.

Íamos emigrar um do outro. Pegar nos nossos corpos, nos parcos haveres que havíamos juntado neste epicurismo puro que tínhamos vivido,

E partir.

A despedida foi dolorosa. O teu corpo fechou-se ao meu toque. E soube que nunca mais irias ser minha da mesma forma

8 comentários:

  1. Profundo y triste relato. t emando un beso.

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  2. Miguel querido,
    Ler aqui é uma viagem
    sem pressa de voltar a
    realidade.
    Belo escrito.
    Bjins de boa nova semana.
    CatiahoAlc.

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  3. Toda despedida é dolorosa e difícil. Adorei sua poesia.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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    Até mais, Emerson Garcia

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  4. Detesto despedidas, qualquer uma. Seu texto é real.

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Acha disto que....