2023/02/03

ele acusou-os

ele acusou-os. havia uma mesa de ébano, fora do comum. estava posta para refeição, com pratos de alumínio envelhecidos, os talheres para prato de carne, e copos que pareciam ser de vinho. ele acusou-os, porque não se vergava a solidões impostas. e um livro, apenas um livro. encomendava a alma a qualquer coisa de escurecido, de cada vez que o folheava. e culpava-os. sentou-se para compor a respiração. uma dor saltitante, resumida a odor de morte, palpitava-lhe por todo o corpo. e via-os sorumbáticos, a mirá-lo com uma frieza metálica. via-os inocentes, mas tão tristemente culpados do desânimo. conseguiu repor a vontade, o desejo de caminhar sofregamente. a rua inevitavelmente pintava-se do tom metálico do céu. e ouviu-os mesmo assim a lamentarem o sol. as nuvens que desenrolam um carpir de mágoas separadas. ele acusou-os. e dormiu sobre o silêncio recebido. quando só o silêncio com ele partilhava aquele fim de mundo



6 comentários:

Acha disto que....