2020/09/21

Mitologias

Frutificar noções,
O que se chamava disto,
Daquilo,
De tantos assuntos mal resolvidos,
Questões inconsequentes que estragavam relações,
A tudo chamava Afrodite,
Deus após Deus de todas
As mitologias,
Até acertar com a reencarnação certa da luz do meio do dia,...

E ao acontecer,
Vinha para o meio das coxas de onde tinha saído,
E era a mesma noite de novo,
Chão fraco para tamanho apetite de morte 


2020/09/20

Aqui vai o gato, para quem pediu a sua presença 😉


Question mark

Tantas perguntas,
Tantas unhas com perguntas dentro,
Cortadas rente,
Indagando pelo mar,
E as pessoas que gravitam em redor do sujo das manhãs,...

Disponível para a fração de uma lenta memória,
Sem parar de questionar a importância de uma inspiração fora de tempo,
De querer criar sem a lonjura necessária,... 

Tanta pergunta, 
e o poeta sem languidez
 para mais sexo aos quadrados 




2020/09/19

Frase lida agora numa legenda, e que mexeu cá dentro

'quem constrói prisões expressa-se pior do que quem constrói a liberdade'

Proselitismo

Com as tevês antigas sintonizadas,
Enriquecido no mesmo tom,
Falava o suficiente para o abraço (naquilo que o abraço tem de convergência de ideias, aglomerar de desejos),
Pregava o proselitismo,
Defendendo as pessoas naquilo que precisavam de ser defendidas,
Atacando as injustiças como momentos inconsequentes de um mesmo desejo,...

E referia a doença como único obstáculo a este caminho,
Fazendo pouco do final que todos temem,
Até que pelo mesmo foi levado,
E dele só ficou a ideia magnanime de uma perda de tempo 


2020/09/18

Desabrido

Saía,
Ou pensava que saía,
Composta de casa,
As prioridades alinhadas naquele mesmo livro de sempre de alberoni,
O escritor do feel good desabrido,... 

Hoje era dia em que as figuras de estilo lhe saltavam na cabeça,
Como cogumelos atómicos desenfreados,
Se calhar iria,
Até certo ponto,
Apelidar as pessoas com o enlevo certo,
Sem ser ofensiva,
E depois,...

Com os mesmos três dedos de sempre,
De qualquer uma das mãos,
Sacudir qualquer coisa invisível do azul de linho da saia,
E passar ao próximo cenário,...

Até poderia ter uma evasão alugada ao minuto no parque de todos os dias,
Não se iria importar 


2020/09/17

Fábula da menina que foi buscar vinho ao pai à taberna

 Porque é tudo para sempre,

mesmo aquela indisposição de 

não nos voltarmos a encontrar,

porque é tudo para sempre 

nem sempre assim pareceu,...


havia uma taberna suja e feia,

em que uma menina indefesa e de longas pernas

magras e dessintonizadas,

percorria uma via sacra de medo 

refletido no vidro espesso

de uma garrafa vazia,...


e havia a morte em decrescendo deste,

e do que já tinha sido feliz,

e do outro que tem a mulher a morrer,...


tudo é para sempre,

se do sempre descontarmos o que ali

nunca sangrava do chão,

e dali não saía para a rua,

onde basicamente tudo era igual,

sem contar com todas as outras coisas

diferentes,...


tudo é para sempre,

porque ela sabia no regresso a casa,

ter o mais parecido com o sempre

escondido na cor

de sangue que lhe balouçava 

entre os braços






Grito preso


naquele último sentido, 
meramente aproveita, 
haveriam nódulos de sangue
na garganta,... 

um ai preso, 
gritos encaixados , 
não que nos importemos 
com a menoridade, 
sonoridades distintas 
passam nos intervalos do ar,.... 

só que soa tanto a medo 
a distância, 
o que falta para o salto, 
antes do último micron,... 

e por fim, 
num texto sem 
pontuação, 
a falha detetada, 
inconsequente, 
mas por menos que 
uma fase negativa da Lua

2020/09/16

Ao fim e ao cabo

Há quase um ribeiro,
Pé ante pé onde antes não me escondi,
Quando quase acabei,...

Ressurgi para que me visses insuficiente,
E de nós todos sobrasse só o que foi abraçado,
Anuência impura de tanto respirar,
Das frases ofegantes que nos levassem ao fim,
Porque,
Insisto,...

Não é aqui que temos de espelhar a redonda visão da morte,
Talvez onde a noite nos levar,
Não aqui 


2020/09/15

Dúvidas no chegar

Ele está a chegar,
Não gosto do que possa vir a dizer sobre a adorável ruminancia dos dias,
Acho-o trivial,
Inodoro até quando se confronta com as pessoas,
Eu que prezo o cheiro quando Anoto as fraquezas dos meus semelhantes,...

Se realmente chegar,
Tenho pensado recitar-lhe tabuchi,
Afirmar como Pereira que a reencarnação da carne é possível,
Basta só respeitarmos o próximo,
E isso eu sei que ele não fará nunca 


2020/09/14

Hesitações


Insistia em querer dizer que estava tudo bem,
E podia vir a estar ainda melhor, 
E agora, 
Socorria-se das colunas de névoa que a envolviam quando era obrigada a,
Dançar com o frio insinuante das manhãs de Inverno daquelas bandas, 
Para adorar as coisas sem nome que as pessoas lhe atiravam aos pés,
Quando fosse a maior rainha de jasmim que aquela terra alguma vez tinha visto,... 

Tímida, 
Olhava com um calor por explicar os olhos das pessoas, 
Tentando falar sem voz, 
Com as palavras recolhidas nos nós gretados dos dedos gelados, 
E queria dizer a todos como pesava a  vontade de fazer coisas, 
De alumiar com a alegria desmedida apenas um céu que nunca passava daquele cinzento gretado, 
Mas que ela queria todo refletido de histórias felizes,
De enternecer,... 

Noa sítios onde chegava a cada dia, 
A realidade voltaria a ser pesada, 
Anónima até com laivos de remoinho de amargura, 
Mas não iria fazer mal, 
Tudo cheirava bem o possível,
E amanhã tudo poderia recomeçar com novas cores 


2020/09/13

Duas mulheres


são duas mulheres, 
Anónimas, 
não me resta a procissão em que se complementaram, 
anuindo a indecisões, 
Leituras soft-core que formatam as inseguranças,... 

são duas mulheres que palmilham sem sentido, questionam com odores de carmim, 
misturado com a esterilidade, não se legitimam, 
nem com franquia se disponibilizam a orar,... 

são duas mulheres, 
perante o homem que já fui,
 e anuncio ter deixado de ser