2023/12/16

Lua timida de inverno

Havia de ser para sempre. Ia apertar-lhe a mão com tanta força, que com certeza conseguiria demonstrar que não iria a lado nenhum. Ia ficar ali, desencontrado da realidade como sempre. Com uma visão desfocada, mãos trémulas e incapazes para tudo. Roupas ataviadas, e de cores desencontradas com a época e o contexto em que se vivia. De jornal na mão, e capaz de habilidades com o mesmo que não vinham nos livros. A fixação na água fria dos canos, que a vantagem de viver na encosta de uma serra dava. Tudo o que fosse imaginário. Ele iria continuar na presença dela, pelo tempo que fosse preciso .

Até porque não tinha mais para onde ir. O mundo escanhoava-se para ele, como uma barba mal feita. Era feito de socalcos, elevações denunciadas, e sons estranhos, dificeis de definir. Com ela é que estava bem. Com o sorriso semi pronunciado, como uma lua tímida de inverno,...

Que só ela sabia fazer.

6 comentários:

Acha disto que....