Se ela descalçar um sapato, o cheiro transformar-se-á em sentimento? É mulher, está na flor da vida, e vive com um dilema: funções hormonais activas, poderão ser uma sina. Ava, não Gardner. Olhos castanhos, desmaiados. Frank Sinatra, ouviu falar. Um metro e sessenta, bem esticados. Manchas castanhas na pele, e até tem bom fígado.
E uma crença no livre arbítrio dos homens. Compra-se no bar mais negro, na curva mais distante, no ponto menos conhecido do mapa. E só custa uma porção de pele vermelha. Irritada, daquele ‘skin rash’ que sabe bem, e a conforta até à medula.
Isto caso o homem tenha genes latinos, e uma boa pilosidade de pelo menos 3 dias. Se não os tiver, a situação merece uma reflexão breve. O avanço é consumado na mesma, mas lá está... Um simples ‘alçar’ de axila. Uns meros 25 graus no termómetro. E a dissidência de interesse dispara. Ava responde sempre da mesma forma. Agarra-se à malinha de alça curta que usa como barreira à emissão de odores inoportunos, e com passinho curto segue em frente. A agilidade de sentimento, não a torna presa fácil para a solidão.
A insegurança fá-la olhar frequentes vezes para trás. Já lhe disseram, quem a vê quando ela passa apressada na rua da incerteza, que nas costas lhe pende um íman poderoso. Coisa grande, que chama a atenção. Ava já o experimentou cortar.
Pagou a um soldador para arrancar aquela coisa. Quis comprar uma barra de dinamite, e experimentar o ‘rush’ da incerteza. Tudo falhou, e os passos em falso sucederam-se depois disso.Ontem, quando menos esperava, caiu-lhe um pedaço da alma no chão. Sem saber o que fazer dobrou-se, pegou cuidadosamente naquela matéria disforme, e guardou-a num lencinho de papel. Talvez para emoldurar, talvez para meter no laboratório e saber de que se trata. Ava tem uma teoria. Ela acha que, finalmente, perdeu a malformação genética que a impediu de ser feliz. Só há uma coisa a fazer.
Ainda hoje vestir a roupa menos discreta, tomar banho no perfume mais ofensivo, e calçar os sapatos mais ‘Monte Everest’ que estiverem guardados no closet.
Se mal puser o pé na rua, lhe cair aos pés um homem que, em vez de querer saber as horas, lhe perguntar se a felicidade é algo que se compra na praça,.....então é porque se confirma o que tanto anseia.
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