Nós nunca nos calávamos. Podiamos abraçar a vida, como ela nos abraçava a nós. Era sempre do ponto mais alto da cidade, que juntos, de mão dada, espreitávamos a pôr do sol, e o tempo ficava assumidamente mais pequeno. Para nós tudo bem. Éramos um grupo grande, de bem vestidos, esforçados, os menos específicos do mundo. Esta era da minha autoria, o autor poliglota do grupo. Que levava uma série de nós pela mão até mundos coloridos, diversos, situados nas partes simultaneamente ensolaradas e escuras da vida. Não me importava que fossemos lá nus. Desde que chegassemos juntos. E perguntassemos muito. Sempre cada vez mais. Pelos mistérios insondáveis da vida. Pelas horas do dia. Tanto fazia querer saber o caminho da praia, como quanto durava a noite. Tinhamo-nos uns aos outros, e não éramos de ninguém ao mesmo tempo. Parecia-nos bem o amor como um fim a alcançar, e o ódio como um tema de conversa igual a outro qualquer. E quando os primeiros de nós decidiram partir, não houve tristeza. Acho que perdemos os sentimentos. Os nossos corpos tornaram-ee mais pequenos. Menos significativos e de significado. Até que o dia do silêncio total chegou. Demos as mãos. Já éramos poucos. Recordo-me do teu sorriso. Outrora meu. De bálsamo feito. Agora era uma sombra difícil de distinguir, que se confundia com a noite que tinha vindo para ficar. E surgiu se calhar o momento em que nos tornámos um só. E a criança velho, feita das possibilidades incumpridas do que fôramos como realidade, levantou-se e partiu para nunca mais voltar
Tirado daqui
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Me gusto el poema. Te mando un beso.
ResponderEliminarNo es Un poema.
EliminarUn beso tanbien
Muito interessante! Obrigada pela partilha!
ResponderEliminarBjxxx,
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Obrigado
EliminarYou do sum up the whirlwind of life and the after math of it. I liked the visual as well!
ResponderEliminarThanks só much
Eliminarobrigado! https://sintrabloguecintia.blogspot.com/
ResponderEliminarObrigado
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