2024/05/19

...recitei,de rajada

 Falei-te das minhas coisas. De como me desespero com o falhanço, e pareço viver bem com os espaços que existem entre os gritos de provocação. Fazias a lida da casa. Pondo a virtude aqui. O desperdício ali. O jogo de copos de cristal que te custou uma fortuna deixado sempre no fundo do armário de cima, a ganhar pó. Mas protegido.

Conformava-me com o silêncio da tua parte, porque sabia que era assim que me querias. Na dúvida. 

Incerto sobre a razão e a raiz das tuas ideias.recitei, de rajada, o mesmo poema mental de sempre. O que fala sobre uma árvore sozinha, a definhar num bairro de velhos, e que só vai tirando alegria dos momentos reservados com as memórias dos outros. Com alegrias muito próprias, que normalmente envolvem crianças que se tornaram adultos, e a certa altura partiram para nunca mais voltar. 

Era uma variável de fatores fixos este jogo que escolhia jogar contigo. Saía sempre entristecido. Mas de formas diferentes. Hoje virei-te costas no preciso momento em que ligavas o rádio de canto, para te reconfortares com o branco da religião 

    
                           Tirado daqui

Isaak Lwowitsch Asknasij

O Rabi e a sua filha

(1886)

6 comentários:

  1. Who knew how we turn on each other while all along thinking we need to stand alone. Very haunting..yet true.

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  2. You definitely know the twists and turns of relationships. Sometimes, we think we are closer yet to realize we are farther apart in the end.

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  3. People complicate their lives so much...

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Acha disto que....